Trump ameaça deportar 1,4 milhão que entrou nos EUA de forma legal

O governo de Donald Trump deu aos agentes de imigração poder de deportar cerca de 1,4 milhão de pessoas que entraram nos EUA de forma legal ou sob autorização temporária, em programas da era Biden. Segundo memorando obtido pelo New York Times, a medida coloca em risco inclusive imigrantes que fugiram de zonas de guerra.A diretriz, assinada pelo secretário interino de Segurança Interna, Benjamine Huffman, concede aos agentes do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas (ICE, na sigla em inglês) um poder sem precedentes para agilizar as deportações, driblando os tribunais de imigração.Os principais alvos de Trump são as 940 mil pessoas que usaram o aplicativo CBP One para agendar entrevistas de asilo e as 530 mil que entraram nos EUA por um programa de proteção temporária para refugiados de Cuba, Nicarágua, Venezuela e Haiti. Alto riscoDefensores dos direitos dos imigrantes temem que o memorando se aplique também aos 77 mil afegãos e 240 mil ucranianos que chegaram aos EUA sob programas semelhantes. No caso deles, a deportação pode significar uma sentença de morte, em razão do risco que correm em seus países de origem. A Casa Branca de Trump considera esses programas ilegais.A notícia do memorando foi recebida com críticas de ativistas e ex-funcionários da Casa Branca. “Além de levantar sérias preocupações legais, submeter pessoas que seguiram as regras a um processo de deportação sumário é uma traição ultrajante”, disse Tom Jawetz, advogado do Departamento de Segurança Interna durante o governo Biden.Na quarta-feira, 22, a Sociedade Americana de Liberdades Civis (Aclu, na sigla em inglês), contestou na Justiça os poderes ampliados de deportação acelerada. A ação alega que a decisão viola a lei federal. “Expandir a remoção acelerada dá a Trump passe livre para contornar o devido processo legal e a Constituição”, disse Anand Balakrishnan, advogado da Aclu.A perseguição aos imigrantes ocorre no momento em que algumas cidades já registram impactos diretos da repressão. Em Newark, o prefeito Ras Baraka condenou uma batida policial na quinta-feira, 23, que resultou na prisão de pessoas sem documentos, mas também de cidadãos americanos, incluindo um veterano de guerra.ResistênciaO prefeito de Denver, Mike Johnston, disse que não vai cooperar com batidas policiais em hospitais, escolas e igrejas, como quer o governo federal. “As pessoas têm o direito constitucional de frequentar esses lugares”, disse.Ontem, autoridades de Chicago informaram que agentes de imigração tentaram invadir uma escola primária, mas que a equipe de funcionários seguiu o protocolo e impediu a entrada, garantindo que as aulas não fossem interrompidas. O prefeito da cidade, Brandon Johnson, e o governador de Illinois, J.B. Pritzker, ambos democratas, disseram que não pretendem cooperar com as deportações.Além do aspecto humanitário, muitos se preocupam com o impacto econômico. “A redução na oferta de mão de obra significa pressão sobre salários, o que tem impacto inflacionário, especialmente no preço dos alimentos”, disse Stephen Brown, economista da Capital Economics. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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