No berço da soja no RS, resort de luxo quer atrair o dinheiro do agro para o turismo

A região noroeste do Rio Grande do Sul é conhecida por ser uma das principais produtoras de grãos do Estado. e, se depender do empresário Mogar Sincak, em breve será conhecida também por abrigar um dos mais sofisticados resorts do País.

Natural de Santa Rosa, neto de comerciante e filho de pequenos produtores rurais, o engenheiro civil cresceu em meio à comunidade que, há 100 anos, plantava os primeiros grãos de soja do país, trazidos pelas mãos do pastor Albert Lehenbauer. Ali, ele percebeu que a riqueza gerada no campo migrava para outros locais.

“As pessoas ganham o dinheiro com o agronegócio, mas na hora de gastar com férias e lazer, acabam viajando para outros locais distantes como Foz do Iguaçu, a Serra Gaúcha ou o litoral de Santa Catarina”, explica Sincak.

Ele atribui esse êxodo do dinheiro à falta de opções turísticas na região. “As opções mais próximas de lazer e turismo estão a quatro horas e meia de estrada daqui”, afirma.

De olho no potencial do turismo ele resolveu unir a tradição do agronegócio da região com um empreendimento de alto padrão. Se juntou aos sócios Vando Knob Hartmann e Gustavo Antonio Reis na MSK Empreendimentos Imobiliários para criar o Costana Frontier Resort.

“Mapeamos as populações de ambas as regiões em um raio de até duas horas e meia de estrada e são mais de 1,7 milhão de clientes potenciais”, calcula.

Mais do que criar uma opção de lazer para os moradores da região, o plano é ajudar a desenvolver o agroturismo. Por isso, Sincak conta que todos os insumos usados nos restaurantes do resort serão produzidos por pequenos produtores da região.

Além disso, ele planeja parceria com outras pequenas propriedades para o desenvolvimento do turismo rural, o que inclui vinícolas, queijarias e cachaçarias.

Sincak conta ainda que o projeto inclui parcerias com instituições da região para o treinamento do time de profissionais que irá trabalhar dentro do Costana. “Nossa expectativa é gerar cerca de 250 empregos. Queremos formar profissionais para contribuir com o mercado de trabalho e desenvolver a economia da região”.

Com valor geral de venda (VGV) de R$ 750 milhões, as obras de infraestrutura do terreno começaram em meados de janeiro. Desse total, Sincak calcula que R$ 400 milhões responderão pelo custo da obra.

Para a primeira etapa do projeto, os sócios já aportaram R$ 20 milhões do próprio bolso, o que inclui a aquisição das áreas. A expectativa é de que a primeira fase, com 60% da estrutura e VGV de R$ 400 milhões, fique pronta até julho de 2029.

Da área total, 8 hectares serão destinados à recomposição de mata e o restante será distribuído entre áreas de lazer e 275 unidades disponíveis entre 44 bangalôs de luxo e 231 apartamentos.

Outros oito hectares foram adquiridos recentemente para a composição de áreas verdes e ampliação de áreas de lazer. Entre as atrações previstas estão três restaurantes, adega, lojas, piscinas, praia artificial e quadras esportivas.

Detalhe das residências do projeto

Para viabilizar o financiamento dos clientes, a MSK firmou parcerias com as três principais cooperativas de crédito da região: Sicredi, Cresol e Unicred. São justamente as cooperativas mais consolidadas dentro do setor agrícola, onde estão os potenciais clientes do Costana.

Ao contrário dos resorts convencionais, localizados em locais quentes e no litoral, o Costana está numa região com clima misto, com temperaturas que podem chegar próximas de zero. Por isso, o projeto prevê estrutura e atividades para entreter os hóspedes em todas as estações.

No modelo de negócio escolhido, os compradores adquirem cotas de uso, com a opção de investir em dois produtos diferentes. O Costana Lazer é voltado para clientes que querem adquirir uma fração do imóvel para uso pessoal. Assim, é possível adquirir cotas entre 1 até 5 semanas por ano, com o valor inicial de R$ 65 mil.

Já o Costana Valor é voltado para investidores que querem usufruir da estrutura, mas também deixar o imóvel disponível para locação em outros períodos. Nessa modalidade, o cliente pode comprar frações de 6, 13, 26 semanas ou o imóvel integral, que custa R$ 6 milhões.

Os clientes terão ainda a opção de usufruir das diárias em outros 111 países. Isso porque o empreendimento é associado a rede RCI, que permite que seus clientes consumam suas diárias em qualquer resort ligado à rede.

Um empresário, cinco empresas

Sincak é um empreendedor em série. Além da MSK, ele ainda é proprietário de outras quatro empresas em diferentes áreas, que incluem locação de equipamentos para construção civil, uma fabricante de implementos agrícolas, a Imak, além de uma empresa de construção com steel frame e uma empresa de loteamento. Todas elas estão instaladas na região de Santa Rosa.

Mogar Sincak, sócio da MSK

Inicialmente, o projeto do Costana previa a construção de 30 bangalôs em um terreno pequeno. No entanto, ao visitar uma área com quase 30 hectares de pastagem em Novo Machado (RS) cidade com quase 4 mil habitantes, ele mudou de ideia. “O terreno era perfeito, mas com essa área, teríamos que desenvolver um projeto maior e mais ousado”, relembra.

A área escolhida está às margens do rio Uruguai. Na margem oposta, é possível ver a Argentina. O local foi escolhido a dedo para atrair não só moradores da região, mas também do país vizinho para um ambiente sofisticado. Sincak conta que somente em mobiliário, serão investidos cerca de R$ 40 milhões.

O projeto arquitetônico foi feito pela Unyt Arquitetura, escritório que assina empreendimentos como o Hard Rock Hotel em Fortaleza (CE) e Gramado (RS), o Gran Meliá e o Marriot Fairfield Protype, ambos no Rio de Janeiro.

Para o futuro, Sincak não destaca ir ao mercado buscar investidores para o negócio, tendo inclusive iniciado conversas com alguns interessados. Mas ele afirma não ter pressa. “Queremos manter o máximo possível os investimentos locais, para que o retorno do negócio fique na região”.

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