Há cerca de 100 anos, a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) era uma visão comum nos céus do Pantanal, Maranhão e Goiás. Essas aves magnificentes nidificavam principalmente na árvore Sterculia Chicha. No entanto, com o avanço da agropecuária e o consequente desmatamento, as árvores que elas utilizavam para nidificação se tornaram escassas. Atualmente, a ave está classificada como uma espécie vulnerável na Lista Vermelha da IUCN (International Union for Conservation of Nature).
Recentemente, foram descobertos apenas oito ninhos naturais de arara-azul na região. Para ajudar na conservação da espécie, Nunes D’ Acosta faz um trabalho cuidadoso na proteção dos animais. Até o momento, sozinho, ele já instalou 30 ninhos artificiais. “Essas estruturas são construídas com pedaços de madeira encontrados em lixões e outros locais, onde as aves procuram materiais para construir seus ninhos”, explica Nunes ao Jornal Opção. Ele conta que a inspiração para o trabalho veio do ornitólogo José Hidasi.
Seu fascínio inicial por pássaros o levou a capturar a beleza das aves através de suas lentes e, posteriormente, aprofundar-se no estudo dessas criaturas. Em sua jornada, D’Costa entrou em contato com o professor Hidasi, um renomado especialista em pássaros, e tornou-se um grande conhecedor das aves.
Em 1979, José Hidasi fundou o Museu de Ornitologia em Goiânia, chamando atenção para o desaparecimento das araras-azuis. Ele desenhou e desenvolveu casinhas artificiais para auxiliar na nidificação das aves.

Em Aurilândia, Nunes relata que foram observadas algumas razões para o sucesso desses ninhos artificiais, como:
Alimentação: A presença de coqueiros de guariroba, bacuri e baruzeiros, que fornecem alimento para as aves.
Proteção e Conscientização: Fazendeiros locais se conscientizaram e passaram a proteger as árvores que oferecem alimentos e locais de nidificação para as araras.
Combate ao Tráfico de Animais: A ação dos fazendeiros ajudou a reduzir o tráfico de animais na região, contribuindo para a preservação da espécie.
Atualmente, estima-se que existam entre 40 e 50 casais de araras-azuis na região. “Observa-se que, ao instalar casinhas artificiais próximas umas das outras, um ninho pode ser disputado por 5 a 6 casais de araras, o que demonstra a alta demanda por locais seguros de nidificação”, explica o conservacionista Nunes D’ Acosta.
A prefeitura local tem dado apoio a esses esforços de conservação, mas o trabalho de um homem só tem sido fundamental para a proteção e conservação das araras-azuis na região. Embora não esteja atualmente listada como “em perigo crítico” ou “extinta”, a arara-azul enfrenta ameaças significativas que incluem a perda de habitat, a captura ilegal para o comércio de animais de estimação e a fragmentação populacional. A conservação e os esforços para proteger e restaurar seu habitat natural são essenciais para a sobrevivência da espécie.
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