O general Julio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército, negou que tenha impedido a entrada de policiais militares no Quartel-General do Exército, na noite de 8 de janeiro de 2023, após os atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O local servia como acampamento para os manifestantes.
Arruda é uma das testemunhas de defesa do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, e presta depoimento no processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. As informações são do Metrópoles.
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Ao ser indagado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre o motivo de ter impedido a tropa de policiais militares, então chefiada pelo comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto, o general salientou que não negou o ingresso dos PMs, mas queria uma entrada “coordenada” no local.
“Eu não neguei. Quando aconteceu tudo lá [o 8 de Janeiro], eu fui para o QG. Estava ali do meu lado o ministro [da Defesa] José Mucio. Lá pela noite, quando parte dos manifestantes estava voltando para a Praça dos Cristais, recebi a informação de que a polícia ia prender todo mundo. Eu mandei coordenar isso aí. Chamei o interventor [Ricardo Cappelli], e tivemos uma conversa para acertar. Quando chegou Defesa, [o ministro da Justiça, Flávio Dino] Justiça e o general Dutra, nós sentamos, acertamos o que seria feito. Foi dessa forma que foi feito”, respondeu Arruda.
O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, pegou a palavra e questionou o general, salientando que a ordem expressa à Polícia Militar para prender os manifestantes partiu do próprio magistrado. Moraes relembrou o depoimento do coronel Fábio Augusto sobre uma declaração de que o general teria dito ao ex-comandante da PMDF de que “o senhor sabe que minha tropa é maior que a sua”. Arruda disse que não se lembrava.
“Eu já respondi isso, e vou responder de novo. Minha função era acalmar. Isso tem que ser feito de forma coordenada. Foi feito com o ministro Flávio Dino, Rui Costa e José Múcio”, salientou o general Arruda.
Os advogados dos réus, além de Gonet, ouviram, nesta quinta-feira, as testemunhas de defesa indicadas por Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens indicou oito pessoas para participar do depoimento – todas são militares.
Encontro
O encontro citado por Gonet e Moraes ocorreu na noite de 8 de janeiro, no Comando Militar do Planalto. O coronel da PM afirmou à Polícia Federal (PF) que o Exército, chefiado por Arruda àquela época, havia proibido que as prisões fossem feitas.
Arruda foi demitido em 21 de janeiro de 2023. Ao ser questionado pela defesa do general Braga Netto sobre o motivo de sua demissão, respondeu: “Vou ser sincero: não sei. Tem de fazer essa pergunta a quem me nomeou e exonerou”, direcionando o motivo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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