Entenda por que eleições 2026 começaram mais cedo em Goiás

As eleições são como os engarrafamentos: costumavam ter um período definido, mas todos querem obter vantagem saindo mais cedo, então agora acontecem o tempo todo. Já em 27 de outubro de 2024, no dia das votações de segundo turno das eleições, essa coluna publicou: “podemos afirmar que as eleições de 2026 já começam a ser disputadas na próxima segunda-feira, 28 — um dia após a conclusão das eleições de 2024.” 

Seis meses depois, o Jornal Opção já publicou que vereadores mal iniciados no cargo anunciam a intenção de concorrer a outro cargo; partidos contratam pesquisas; postulantes dão entrevistas em tom eleitoral; partidos montam chapas com ano e meio de antecedência. O fenômeno é explicado por dois fatores: primeiro, a proximidade dos eleitores com políticos viabilizada pelas redes sociais; segundo, a antecipação da sucessão a governador de Goiás para o início do ano.

Sobre os políticos-influencers: com perfis gerenciados por marketeiros e relações públicas, políticos podem mostrar trabalho e manifestar desejo de ser reeleito ou ocupar outros espaços o ano todo. Se um político alcançar desde já o cidadão que despretensiosamente rola o feed das redes sociais, fará parecer interesseira a sua competição que surge apenas para pedir votos em setembro. 

Quanto à situação particular de Goiás: o intuito de Ronaldo Caiado (UB) de deixar a cadeira vaga para seu vice Daniel Vilela (MDB) no início do ano antecipa ainda mais as eleições. Com Vilela assumindo e tentando (com favoritismo) se reeleger em 2026, o cargo de candidato a vice-governador no ano que vem será o mais importante em jogo. O vice de Vilela, afinal, poderá concorrer (com favoritismo) a governador pela primeira vez em 2030 e ter a máquina a seu favor na reeleição de 2034. 

Parece absurdo falar de 2034 — nem sabemos se estaremos vivos. Mas tal é o jogo da política: se negocia agora as vantagens e condições favoráveis no futuro. “Em política, não existe cedo, apenas tarde”, como disse Tancredo Neves. Um cargo tão importante não se negocia de última hora. Para a vice de Daniel Vilela, são cogitados nomes como José Mário Schreiner, Pedro Sales, Gustavo Mendanha, Paulo do Vale e Pábio Mossoró. 

Com isso em mente, o UB, MDB e PL ensaiam a composição do restante da chapa, que envolve além das candidaturas a governador e vice, as duas vagas ao Senado. Dois nomes do PL despontam como favoritos para selar um acordo — Gustavo Gayer e Vitor Hugo. Enquanto Gayer é o mais popular, pode ter problemas com a Justiça. Vitor Hugo, na última semana, falou abertamente sobre o desejo de concorrer ao Senado em suas redes sociais. 

Em vídeo publicado no Instagram, Vitor Hugo afirmou: “É no Senado que se aprova o ministro do STF, embaixador, impeachment e por aí vai. Muita gente não sabe, mas o Senado tem um peso enorme no equilíbrio entre os poderes. Se conseguirmos eleger 25 senadores alinhados com a direita, e somarmos aos 16 que já estão lá, a gente fecha uma maioria de 41, número necessário para escolher o presidente do Senado e fazer as mudanças que o Brasil precisa.” É a tal tentativa de alcançar desde já o cidadão que despretensiosamente rola o feed das redes sociais, cimentando seu nome para outubro de 2026.

A outra vaga ao Senado da chapa governista é aquela que foi “reservada” com maior antecedência deste pleito (e talvez da história das eleições em Goiás desde a redemocratização). Desde 2024, a primeira-dama Gracinha Caiado (UB) é chamada de senadora aonde vai. Levantamento do Goiás Pesquisas, encomendado pelo portal Mais Goiás em fevereiro deste ano, colocou a primeira-dama na liderança com 25,72% das intenções de voto na pesquisa estimulada. 

Outros políticos seguem a mesma linha de manifestar o desejo publicamente, nas redes sociais e na imprensa. Em 3 de fevereiro deste ano, com um mês de eleito vereador por Goiânia, Igor Franco (MDB), disse em entrevista ao Jornal Opção que deseja ser deputado federal em 2026. O presidente estadual do Avante e vereador, Thialu Guiotti, garantiu nesta terça-feira, 15, que Bruno Peixoto (UB), presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), irá para o seu partido ser candidato a deputado federal. Em entrevista ao Jornal Opção, ele confirmou: “Meu trabalho agora é para deputado federal”. 

O Avante, aliás, organiza uma reforma típica de ano eleitoral. O “super Avante” incluiria o presidente da Alego, além dos populares Lucas Calil (MDB) e Zacharias Calil (União Brasil). O deputado federal Zacharias Calil diz há tempos que planeja disputar mandato de senador, mas pode acabar sendo candidato à reeleição.

Dois outros fenômenos típicos de ano eleitoral foram antecipados para este 2025: o retorno de figuras proeminentes da política do passado e a contratação de pesquisas eleitorais. Dono de uma das bancas de advocacia mais importantes de Goiás e de Brasília, Demóstenes Torres planeja ser candidato a senador. Há 13 anos longe da política, o advogado, ex-promotor de Justiça e ex-senador contratou o cientista político Antônio Lavareda para realizar uma pesquisa com intuito de averiguar a viabilidade de seu nome. 

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