Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, destruiu a carreira do jornalista Oscar Paris?

Depois de uma denúncia da revista “Piauí”, a respeito de problemas na gestão de Ednaldo Rodrigues na Confederação Brasileira de Futebol, o Intercept Brasil apresentou uma segunda denúncia. O gestor máximo do futebol patropi teria “destruído” a carreira do jornalista Oscar Paris, gaúcho que opera na Bahia. Frise-se: o presidente da CBF nega que seja o responsável pelo mercado ter demitido e, depois, não mais contratar o profissional.

Ednaldo Rodrigues, via escritório de advocacia, afirma que “direito de petição não se confunde com perseguição”. A banca de advogados do presidente da CBF enfatiza: “O que existe — e existirá sempre — é o exercício legítimo do direito constitucional de acesso à Justiça, quando sua honra e dignidade são indevidamente atacadas por meio de ofensas pessoais, calúnias ou imputações falsas”.

Oscar Paris, jornalista esportivo da Bahia, revela perseguições | Foto: Divulgação

Tudo começou assim: Oscar Paris denunciou que “os direitos federativos de um craque do futebol internacional haviam sido adulterados”. Trata-se do jogador — agora ex-jogador (tem 47 anos) — Liedson (da Silva Muniz).

Os dados falsos possibilitariam ao time do Esporte Clube Poções, da Bahia, receber mais de 900 mil reais. Na época do problema, 2008, Ednaldo Rodrigues era o presidente da Federação Baiana de Futebol.

Respondendo a oito processos movidos por Ednaldo Rodrigues, por calúnia e difamação, Oscar Paris perdeu o emprego na TVE, do governo da Bahia, e no jornal “A Tarde”. Antes, era um dos jornalistas mais importantes do Estado.

O profissional praticamente “quebrou” ao pagar as custas judiciais de quase 1 milhão de reais. “Paris nunca mais foi contratado para nenhum trabalho no jornalismo. Quando pediu emprego, ouviu ‘não’”, relata o Intercept. Teve de se contentar com assessoria de imprensa.

O Superior Tribunal de Justiça (STF) absolveu Oscar Paris. O jornalista não recebeu apoio de nenhum dos veículos onde trabalhava quando divulgou a denúncia. Ele teve depressão e dois cânceres.

Liedson, hoje aposentado, brilhou no Corinthians e no Sporting de Lisboa | Foto: Divulgação

A história do caso Liedson

Intercept relata que, “pelo ‘mecanismo de solidariedade’, 5% do valor total da transferência de um jogador de futebol, a qualquer tempo, é repassado aos clubes pelos quais ele atuou dos 12 aos 23 anos, como forma de valorizar quem investe na base. Cabe a esses times, porém, identificar a negociação de um ex-atleta seu e solicitar sua porcentagem”.

O Sporting, clube de Portugal, comprou o passe de Liedson por 7 milhões de reais, em 2003, do Corinthians. Então, 300 mil reais ficaram, por assim dizer, sem dono. O atacante baiano não havia passado pelas categorias de base dos clubes tradicionais de futebol. Era jogador do Bahia, equipe de várzea de Valença, que não deve ter tem categorias de base.

Entretanto, em 2005, a Federação Baiana de Futebol, de posse de um certificado, notificou a Fifa que Liedson “havia sido registrado pelo Esporte Clube Poções em 1995, aos 15 anos, permanecendo no clube até setembro de 2000, perto de completar 23 anos”.

De acordo com o Intercept, Liedson jogou no Poções, mas quando tinha 22 anos, em 2000.

O Poções, segundo o “mecanismo de solidariedade”, teria direito a 0,3% dos 7 milhões” da venda de Liedson para o Sporting. Porém, com os dados falsos, notificando que Liedson havia jogado no time quando era menor, o clube cobrou 4% do valor da transferência. Então, teria a receber mais de 900 mil reais, quase 1 milhão.

Alertado pelo Sporting, a Fica informou à CBF “sobre as informações incorretas”. Liedson havia informado ao clube de Lisboa, por meio de uma carta, que não havia jogado no Poções até os 21 anos.

O documento que beneficiaria o Poções está assinado por Maria Balbina B. de Souza. Numa entrevista a Oscar Paris, gravada, ela disse: “Esse documento foi alterado pelo presidente [da FBF, Ednaldo Rodrigues]. Quando eu fiz, eu encaminhei para a presidência. Ele rascunhou e mandou que eu fizesse daquela forma que ele tinha colocado no papel, autorizando eu assinar”.

Dada a descoberta da fraude, apontada pelo Sporting e por Liedson, não apenas por Oscar Paris, “o valor não foi repassado pela Fifa ao Poções”, assinala o Intercept. O time, endividado, continuou no fundo do poço.;

O post Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, destruiu a carreira do jornalista Oscar Paris? apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.