João Ricardo Mendes, ex-CEO do Hurb. Foto: Divulgação/Hurb Foto: Divulgação/Hurb
Em 2023, a Hurb anunciou nas suas redes sociais que chegou a emitir viagens para mais de 400 mil pessoas em um ano e que vendia uma diária de hotel a cada 5 segundos. Crise na Hurb começou na pandemia A plataforma trabalhava com um sistema de datas flexíveis e oferecia pacotes abaixo do preço de mercado: os clientes compravam as viagens, escolhiam três opções de data e, até 30 dias antes do embarque, a Hurb entrava em contato para confirmar a data e passar informações sobre passagens e hospedagem. Na pandemia de covid-19, a empresa vendeu pacotes promocionais com datas flexíveis, válidos por até dois anos. Mas, com a retomada das atividades do setor em 2022, a agência de viagens enfrentou dificuldades para honrar os acordos com os clientes e os parceiros. Nas redes sociais, os usuários classificaram as práticas da plataforma como “golpe do Hurb”. Mendes renunciou ao cargo de CEO em 2023, depois de xingar e expor dados de clientes na internet. Em um vídeo publicado pelo empresário em seu Instagram, onde ele afirmava que a Hurb era a “melhor e mais moderna opção do mercado”, um banner com reclamações contra a empresa foi utilizado como tapete de seu escritório. Na época, ele falou ao Estadão que “foi pego de surpresa” pela dificuldade de acessar o dinheiro da agência de viagens e “pela primeira vez em 14 anos, demorou a agir”. Como CEO, ele ganhava um salário anual que variava de R$ 1,04 milhão a R$ 1,3 milhão — os benefícios chegavam a R$ 113.157,56, com adicional de R$ 17.388, segundo a própria companhia.Juiz obrigou a Hurb a reembolsar clientes Em junho do ano passado, a Hurb foi intimada sobre a decisão liminar que determinou que a companhia reembolse todos os clientes que alegam ter sido lesados e solicitaram devolução de dinheiro.O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, apontou “várias ilicitudes com evidentes violações da lei com relação à esfera privada de consumidores lesados”. Estefan disse que a situação era “preocupante porquanto há uma enorme gama de consumidores afetados pelas atividades da empresa-ré, os quais já se ressentem da recomposição dos danos sofridos”. Mendes chegou a negociar um acordo com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), mas as conversas foram encerradas em abril. Ainda neste mês, o Ministério do Turismo cancelou o cadastro da empresa Hub, o que a impede de trabalhar no setor turístico. A empresa tinha 10 dias para apresentar recurso, contados a partir da publicação da decisão no Diário Oficial da União no último dia 14.Mendes foi preso por furto de obras de arte no RJDe acordo com os policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca), Mendes teria tentado fugir ao ser localizado na cobertura de uma residência de luxo também na Barra da Tijuca, onde estava grande parte das peças furtadas. As obras de arte são avaliadas em mais de R$ 23 mil. O Estadão não localizou a defesa do empresário.A investigação envolve dois furtos distintos. Um deles é de obras de arte que estavam em um hotel de luxo, enquanto o outro envolve quadros e outros pertences de um escritório de arquitetura localizado dentro de um shopping.