“Bandido bom é bandido… aliado?”

Durante anos, parlamentares bolsonaristas repetiram um mantra que virou slogan da extrema direita: “bandido bom é bandido morto” . Sempre que o tema fosse segurança pública, defenderiam penas mais duras, perduração do sistema penal e até a relativização de garantias constitucionais em nome da “ordem”. Muitos se elegeram assim: prometendo ser implacáveis ​​com quem atenta contra o patrimônio, a vida, a moral ou a Constituição.

Na última segunda-feira, 14, 13 dos 17 deputados federais de Goiás votaram a favor da urgência da PEC da Anistia – um projeto que busca perdoar os responsáveis ​​pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Aqueles que invadiram e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF. Ou seja, pessoas condenadas por tentarem subverter a ordem democrática. Gente que, em qualquer outro cenário, esses mesmos parlamentares rotulariam de “bandidos”.

Afinal, o que mudou? O que mudou é que, desta vez, os criminosos são aliados políticos. Vestiram verde e amarelo, gritaram “mito”, cantaram o hino nacional para pneus e juraram lealdade a Jair Bolsonaro. Por isso, merecem o perdão. Não importa o tamanho da violência, o desrespeito às instituições ou frente à democracia.

A incoerência é gritante – e revela o verdadeiro projeto político desses deputados: não é justiça, é vingança seletiva; não é combate ao crime, é conveniência. Para os inimigos, cadeia. Para os amigos, anistia.

O voto pela urgência da PEC escancara o duplo padrão. Entre os deputados goianos que apoiaram o projeto estão figuras como Gustavo Gayer (PL), Magda Moffato (PRD), Professor Alcides (PL) e outros que, nas redes sociais, sempre se mostraram “defensores da lei e da ordem”. Aparentemente apenas quando a lei e a ordem servem aos seus interesses.

É preciso lembrar: os ataques de 8 de janeiro não foram apenas atos de vandalismo. Foram um ensaio de golpe, um ataque direto à democracia. Anistiá-los é abrir um perigoso precedente de impunidade para futuras tentativas autoritárias.

Não se trata de vingança, mas de responsabilização. Quem tentou destruir a democracia precisa responder por seus atos – como qualquer outro criminoso. Quem pede anistia para golpistas, não está pacificando o país, está permitindo que a história se repita.

A anistia não pode ser instrumento de blindagem política e muito menos trampolim para que os parlamentares alcem novos voos.

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