Milei divulga documentos que mostram que mais de 60 nazistas escaparam e moraram na Argentina

A decisão do presidente da Argentina, Javier Milei, atendeu um pedido do Senado dos Estados Unidos para que seu governo colaborasse com investigação sobre nazistas refugiados na Argentina. Adolf Eichmann (organizador do transporte para os campos de concentração e extermínio) e Joseph Mengele (o médico de Auschwitz) moraram na Argentina. O primeiro foi capturado pelo Mossad e condenado à morte em Israel. O segundo fugiu para o Brasil e morreu afogado em Bertioga. Outros nazistas que moraram no país de Juan Domingo Perón: Walter Kutsschmann, Eduard Roschmann, Erich Priebke e Dinko Sakic (croata). Mais de 60 nazistas escaparam para a Argentina, sob proteção. Alguns nem viveram com nomes falsos.

Com a abertura dos documentos secretos foram revelados não somente os nomes dos nazistas que fugiram para a Argentina após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), como também as rotas de fuga e o apoio que os criminosos de guerra receberam ao desembarcarem no país sul-americano. Até setores da Igreja Católica, como um bispo famoso, participou da organização de uma rota de fuga.

A informação foi confirmada pelo chefe de gabinete do governo Milei. “O presidente Milei ordenou que todas as informações existentes em qualquer órgão do Estado fossem liberadas, pois não há razão para manter esses dados restritos”, afirmou Guillermo Francos.

Josef Mengele morou e morreu no Brasil, em Bertioga | Foto: Reprodução

Entre os documentos, além de dados financeiros relacionados aos nazistas que se refugiaram no país, estão registros do Ministério da Defesa com informações das Forças Armadas durante os anos de ditadura militar, quando mais de 30 mil argentinos desapareceram.

Parte da liberação dos documentos de nazistas refugiados na Argentina já devia ter sido liberada, mas foi contida pelo governo da ex-presidente Cristina Kirschner. Cerca de 5 mil criminosos de guerra, entre eles Adolf Eichmann e Josef Mengele, encontraram abrigo entre os argentinos com a ajuda de rotas financiadas por regimes simpatizantes ao nazismo, como o governo de Juan Domingo Perón, que facilitou a entrada de nazistas entre 1945 e 1955, oferecendo documentos falsos e todo tipo de apoio em troca de tecnologia e capital.

A decisão de Javier Milei é um reflexo da mudança de postura do governo argentino em relação ao seu passado, e, agora, revela os abusos de governos anteriores que garantiram refúgio e permitiram que os responsáveis pelo Holocausto vivessem impunes por décadas.

Javier Milei: arquivos sobre nazistas foram liberados | Foto: Milken Institute

A Argentina foi um dos principais destinos para a fuga dos nazistas. Possivelmente, o principal, dada a simpatia de Perón pelo nazismo. Os nazistas que viviam na Argentina conviviam com as elites locais, tanto as políticas quanto as empresariais.

Embora tenha declarado guerra à Alemanha em 1945, a Argentina sempre manteve ambígua sua postura diplomática com o Reich. Apoiava, mas não declaradamente, em termos oficiais.

Adolf Eichmann, um dos grandes responsáveis pelo Holocausto, refugiou-se na Argentina, com a ajuda da Igreja Católica, em 1946. Ele viveu no país com o pseudônimo de Ricardo Klement até 1960, quando foi capturado pelo Serviço de Inteligência Israelense, o Mossad.

Eichmann foi levado para Israel, onde foi julgado e condenado à morte pela Suprema Corte do país. Hannah Arendt esteve no julgamento e escreveu o livro “Eichmann em Jerusalém — Um Relato Sobre a Banalidade do Mal”.

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