Com Tarcísio fora, Eduardo Bolsonaro deve ser a aposta de Jair para presidente da República

Jair Bolsonaro confidenciou a dois políticos do PL que sabe que não poderá ser candidato a presidente da República em 2026, daqui a um ano e sete meses. Há uma pedra imensa no meio do caminho, o Supremo Tribunal Federal. Na verdade, não é uma pedra. É uma montanha, irremovível. Depois da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, a situação piorou ainda mais.

Num primeiro momento, Jair Bolsonaro apostou todas as suas fichas — não nele próprio, que não será candidato (o que diz em público não é o mesmo que diz em privado e só incautos acreditam que poderá disputar em 2026) — no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos.

De cara, Jair Bolsonaro estranhou o fato de que Tarcísio de Freitas não quer trocar, de maneira alguma, o Republicanos pelo PL. Ou seja, não quer ficar nas mãos do ex-presidente. Depois, ficou agastado ao perceber o governador de São Paulo ouve muito mais o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, do que ele.

Tarcísio de Freitas é grato a Jair Bolsonaro e não planeja romper com ele. Mas prefere construir um caminho próprio, independente do “sistema” bolsonarista. Vai ficar na direita, compondo com o centro, mas não vai se aventurar, como o bolsonarismo, pela extrema direita.

Jair Bolsonaro havia pensado em Tarcísio de Freitas para presidente da República — porque se trata de um político “construído” por ele — e Eduardo Bolsonaro, seu filho, para governador (ou senador) de São Paulo.

Como Tarcísio de Freitas já lhe disse que vai disputar a reeleição, Jair Bolsonaro está procurando um candidato. Porém, como não confia em ninguém — o grau de paranoia em seu grupo, que está sempre a apontar possíveis “traidores”, é bem alto —, planeja bancar alguém da família para a disputa presidencial.

Michelle Bolsonaro: Jair, o marido, teme que ocupe seu espaço político nacional e, por isso, prefere Eduardo Bolsonaro como candidato a presidente da República | Foto: Reprodução

Como é popular, bonita e carismática, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro poderia ser candidata a presidente. Há duas versões a respeito dos motivos pelos quais Jair Bolsonaro “veta! a candidatura de sua mulher à Presidência.

Primeiro, para evitar uma exposição excessiva de seu nome. Numa campanha feroz, como a presidencial, Michelle Bolsonaro seria atacada de manhã, à tarde e à noite. Se não encontrarem muita coisa a respeito da jovem política, inventarão. Na política às vezes as versões soterram os fatos e, portanto, acabam sendo irrespondíveis.

Segundo, há quem postule que Jair Bolsonaro teme a ascensão de Michelle Bolsonaro, dado o fato de ser carismática. Ou seja, receia perder o “controle” da ex-primeira-dama.
Então, por receio de que Michelle Bolsonaro se torne maior do que ele e ocupe o seu espaço na política nacional, Jair Bolsonaro (e não lhe agrada a ideia de “primeiro-damo”) poderá decidir por outra opção caseira, ou seja, por seu filho Eduardo Bolsonaro, que também é carismático, embora seja menos agregador do que a ex-primeira-dama.

Eduardo Bolsonaro articula bem no entorno do americano Donald Trump — melhor do que o próprio Jair Bolsonaro. Ele conversa com frequência com um dos filhos do presidente dos Estados Unidos.

Então, Eduardo Bolsonaro pode se consolidar como “o” candidato da direita a presidente e, ao mesmo tempo, como o candidado “de” Donald Trump a gestor máximo do Brasil. Pode pegar? Não se sabe. Mas o americano certamente vai operar para ter aliados na América do Sul. Por enquanto, conta com o apoio do presidente da Argentina, Javier Milei. Entretanto, para os Estados Unidos, o Brasil, que figura entre os dez países mais ricos do mundo, é mais interessante do que a terra da prosadora Silvina Ocampo e da poeta Alfonsina Storni .

Tarcísio Freitas: o governador de São Paulo vai à reeleição | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nas conversas privadas, Jair Bolsonaro não mostra nenhum entusiasmo com Ratinho Júnior, do PSD, e Romeu Zema, do partido Novo. Inquirido por um político goiano sobre o cantor Gusttavo Lima, sem partido, e Pablo Marçal, do PRTB, optou por ficar calado. Um aliado comentou: “Gusttavo Lima é fogo de palha”. O ex-presidente riu, como se concordasse. Por Pablo Marçal, perdeu o apreço.

Sobre Ronaldo Caiado, do União Brasil, Jair Bolsonaro não disse que o apoiará, mas tem dito, nos bastidores, que é um político que tem estatura e resolveu o problema da segurança pública em Goiás.

Há a possibilidade de uma chapa com Ronaldo Caiado para presidente e Eduardo Bolsonaro na vice? Tudo é possível. Mas, no momento, Jair Bolsonaro estaria operando para lançar uma chapa familiar, quer dizer, como o deputado federal para presidente. O vice dos sonhos é o senador Ciro Nogueira, do pP. Mas o Progressistas está se aproximando, cada vez mais e “perigosamente” (para o bolsonarismo), do presidente Lula da Silva, o que assusta e irrita o bolsonarismo. (E.F.B.)

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