Se o pP apoiar a reeleição de Lula, Bolsonaro apoiará Celina Leão pra governadora do DF?

Há repórteres que acreditam que uma declaração é fato… pode ser e pode não ser. A senadora Damares Alves, do Republicanos, vai realmente apoiar a vice-governadora Celina Leão para governadora do Distrito Federal. É possível. No momento, é o mais factível.

Mas Damares Alves, apesar do cargo de senadora, não manda nos seus destinos políticos. Seu chefe político é o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Como Jair Bolsonaro ainda não se definiu inteiramente a respeito da sucessão no Distrito Federal, tudo aquilo que Damares Alves disser no momento deve ser visto como provisório.

Como se sabe, Celina Leão é filiada ao partido Progressistas do senador Ciro Nogueira, do Piauí, e do deputado federal Arthur Lira, de Alagoas. São os principais próceres do pP. Se Arthur Lira se tornar ministro do governo de Lula da Silva, como está se anunciando, é provável que acabe apoiando sua reeleição, em 2026.

Se Arthur Lira apoiar a reeleição de Lula da Silva, como ficará o pP? Se Ciro Nogueira optar por compor com o bolsonarismo, o Progressistas poderá marchar dividido para a disputa de 2026, daqui a um ano e sete meses.

Mas Arthur Lira pode acabar “puxando” Ciro Nogueira, que já apoiou o PT noutras ocasiões, para as proximidades de Lula da Silva.

Como ficará Celina Leão se o pP não apoiar o candidato de Jair Bolsonaro e optar pelo petista-chefe? Há três caminhos. Primeiro, ficar em cima do muro, sem apoiar ninguém. Segundo, apoiar Lula da Silva e, se fizer isto, perderá o apoio do bolsonarismo. Terceiro, sair do pP, trocando-o por outro partido, como o PL de Valdemar Costa Neto e do bolsonarismo.

Portanto, uma declaração de Damares Alves sugerindo que “vai compor” com Celina Leão é, por assim dizer, uma carta de intenção do momento. Mas ainda não é uma decisão peremptória.

A rigor, neste momento, Jair Bolsonaro só tem uma candidata em Brasília — sua mulher, Michelle Bolsonaro, do PL, que vai disputar uma vaga no Senado.

A tendência é que Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e Damares Alves apoiem Celina Leão para governadora e o governador Ibaneis Rocha para senador. Leia de novo: tendência. Dependendo do quadro de 2026, poderá mudar tudo.

O ex-presidente da República é o “rei da desconfiança” e, como tal, confia desconfiando tanto de Ibaneis Rocha (um político de centro que está fingindo ser de direita para conquistar o poderoso chefão do PL) quanto de Celina Leão (que se apega à ideologia dominante do momento, já que não tem nenhuma, a rigor).

Jair Bolsonaro poderá apoiar Damares Alves ou Izalci Lucas para o governo do Distrito Federal. Para o Senado, a chapa poderá ter Michelle Bolsonaro e Bia Kicis. Mas, como se disse, são questões provisórias. O ex-presidente vai subordinar o jogo de Brasília ao jogo nacional, ou seja, à disputa presidencial. O resto é firula declaratória do jornalismo de transcrições. (E.F.B.)

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