A Vida em Um Dia, de Van der Heijden, ultrapassa os limites do fantástico ao abordar questões universais

Em um universo onde a vida é comprimida em um único dia — do nascimento ao amanhecer à morte na madrugada seguinte —, cada experiência é irrepetível. A narrativa acompanha Benny Wult e Gini Trades, adolescentes que vivem intensamente um amor proibido, desafiando as rígidas limitações desse mundo singular, onde até as vivências mais fundamentais, como comer ou se apaixonar, só ocorrem uma vez.

Após sua primeira e única relação, Gini engravida, e ambos percebem o rápido declínio de seus corpos. Determinados a desafiar as regras da existência e reviver sua paixão, elaboram um plano audacioso: cometer um crime para garantir um lugar no inferno, onde acreditam poder repetir o ato amoroso indefinidamente. O assassinato de um velho cego os condena à execução, separando seus destinos na eternidade. Benny vai para o inferno, onde descobre que a repetição infinita, inicialmente sedutora, é uma prisão sufocante. Gini, por sua menor culpa, é enviada ao céu, tornando definitiva a distância entre os dois.

Um livro que ultrapassa os limites do fantástico ao abordar questões universais: o desejo de permanência em um mundo transitório, o peso das escolhas e a busca por significado. Adrianus Franciscus Theodorus van der Heijden, de 73 anos, explora a fragilidade da existência humana e os limites impostos pela condição mortal, confrontando a brevidade da vida e as decisões que moldam nossos caminhos. Ao mergulhar em um universo onde cada instante é irreversível, a narrativa se transforma em um convite à introspecção, na qual até a desilusão parece ganhar um brilho que, ao mesmo tempo, fascina e sufoca.

Nota: 9

O post A Vida em Um Dia, de Van der Heijden, ultrapassa os limites do fantástico ao abordar questões universais apareceu primeiro em Jornal Opção.