
Enquanto o furacão Milton avançava em direção ao Golfo da Flórida, nesta quarta (9), autoridades dos Estados Unidos somavam esforços para desmobilizar uma campanha de desinformação lançada pela extrema direita do país, encampada pelo candidato republicano às eleições de novembro, Donald Trump, e Elon Musk, lançado recentemente como cabo eleitoral da campanha trumpista.
As notícias falsas acabam dificultando a resposta federal aos desastres, de acordo com a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema, na sigla em inglês). O país esteve na rota do furacão Helene, que causou ao menos 235 mortes em seis estados na última semana, e se preparava nesta quarta para sentir o impacto do furacão Milton.
Antes de perder a força para um furacão categoria 1, nesta quinta (10), Milton chegou a ser classificado como uma tempestade de categoria 5, com ventos ferozes de até 270 km/h. Mais de 12 milhões de pessoas estão sob alerta na Costa Oeste americana e milhares foram pressionadas pelas autoridades responsáveis a deixarem suas casas.
A procuradora-geral da Flórida Ashley Moody emitiu um alerta sinistro àqueles que não puderem ou não quiserem evacuar das regiões afetadas pela tempestade.
“Você provavelmente deverá escrever seu nome e data de aniversário no braço ou perna com marcador permanente, assim os socorristas saberão quem é você quando te encontrarem”, disse Moody em entrevista coletiva.
Ao contrário da procuradora-geral do estado, o bilionário Donald Trump, candidato republicano à eleição presidencial em novembro, achou de bom tom disseminar teorias conspiratórias sobre os eventos climáticos.
Em um comício, Donald Trump usou o furacão para atacar os imigrantes e o governo Biden. Ele disse que o dinheiro para a ajuda às vítimas do furacão Helene estava sendo gasto na fronteira.
O ex-presidente fez várias declarações falsas sobre a resposta do governo Biden ao furacão, incluindo um argumento infundado de que os democratas ignoraram as vítimas em áreas republicanas na Carolina do Norte e que Biden não atendeu aos telefonemas do governador republicano da Geórgia.
Ele também tem afirmado que, embora o governo federal envie bilhões de dólares para o exterior, está oferecendo apenas US$ 750 aos americanos que perderam suas casas no furacão Helene.
A Fema explicou que US$ 750 é apenas um pagamento imediato e antecipado que os sobreviventes podem obter para cobrir necessidades básicas como comida, água, fórmula para bebês e suprimentos de emergência. As pessoas podem solicitar outra assistência, por exemplo, para reparos domésticos de até US$ 42.500.
A candidata democrata à presidência e atual vice-presidente Kamala Harris acusou nesta segunda (7) o ex-presidente de divulgar “muita desinformação” sobre a ajuda disponível para os sobreviventes de Helene. “É extraordinariamente irresponsável, é sobre ele, não é sobre você”, disse ela.
A desinformação está causando problemas para os sobreviventes do Helene, alguns dos quais estão sendo dissuadidos de procurar ajuda, disseram os líderes da Fema na terça (8).
Também está prejudicando as equipes de emergência, cujo moral foi atingido em meio a ameaças à sua segurança, acrescentaram.
De acordo com Deanne Criswell, administradora da Fema, a onda de teorias conspiratórias “é absolutamente a pior que já vi”. A agência tem uma página de controle de boatos para combater o tipo de golpes que geralmente florescem após um desastre, mas os ataques ocorridos desta vez estão ocorrendo numa proporção muito maior que o previsto, disse ela a repórteres em conversa por telefone na manhã de terça-feira.
“É realmente lamentável que [as pessoas] continuem tentando criar esse nível de medo nessas comunidades que está impedindo nossa capacidade de fazer nosso trabalho no nível necessário, mas não vamos deixar que isso nos detenha”, disse Criswell. “Continuaremos a estar nessas comunidades e a apoiá-las no que for necessário”.
A Fema e outras agências estão ajudando os moradores de estados como Flórida, Geórgia e Carolina do Norte após a passagem do Helene há quase duas semanas. Eles farão o mesmo novamente na Flórida depois da passagem Milton.
Musk também embarca na onda de mentiras
Além do ex-presidente, o empresário Elon Musk também subiu a bordo da campanha de desinformação da extrema direita do país.
O homem mais rico do mundo ampliou os rumores de que as autoridades da Carolina do Norte haviam “assumido o controle para impedir que as pessoas ajudassem” os residentes atingidos, e as acusações de que os xerifes estavam ameaçando prender a equipe da Fema “se eles impedissem o trabalho de resgate e ajuda”. A agência disse que a alegação é falsa.
“A FEMA gastou seu orçamento transportando [imigrantes] ilegais para o país em vez de salvar vidas americanas. Traição”, escreveu Musk sem provas no X, onde intercalou mensagens sobre os danos causados pelo furacão com ataques políticos aos democratas.
Recentemente, foi lançado como principal cabo eleitoral do partido republicano para as eleições de novembro. Musk é um dos principais doadores do ex-presidente Donald Trump e tem usado sua própria rede social para fazer alegações infundadas de que o presidente Joe Biden e a vice Kamala Harris estão “se esforçando para não ajudar as pessoas nas áreas republicanas”.
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