O maior congresso mundial de oncologia, a American Society of Clinical Oncology (ASCO) 2025, trouxe avanços expressivos no combate ao câncer, com destaque para o uso da imunoterapia em diferentes tipos de tumores. A avaliação é do médico oncologista Fernando Maluf, que participou do evento e fez um resumo dos principais destaques à revista VEJA.
“Foi um congresso gigantesco, com mais de sete mil trabalhos apresentados. Os resultados em várias frentes são impressionantes, especialmente em relação ao uso preventivo da imunoterapia”, afirmou Maluf.
Outro estudo importante abordou pacientes com câncer de cabeça e pescoço, já submetidos à cirurgia e quimiorradioterapia. A adição de imunoterapia nesse contexto também apresentou benefícios notáveis.
“A comparação entre quimiorradioterapia isolada e associada à imunoterapia foi clara: houve uma redução significativa do risco de morte e recidiva da doença. É mais um indicativo de que a imunoterapia preventiva pode mudar o curso da doença em vários tipos de câncer”, explicou.
Um dos estudos mais relevantes do evento envolveu pacientes com câncer de intestino, operados e com gânglios linfáticos comprometidos. Tradicionalmente, esse grupo é tratado com quimioterapia para reduzir o risco de metástase.
No entanto, uma nova abordagem combinando quimioterapia com a imunoterapia, utilizando a droga Atezolizumabe, mostrou resultados superiores.
“Em cerca de 20% desses pacientes, há uma alteração genética que favorece a resposta à imunoterapia. O estudo mostrou que a combinação reduziu significativamente o risco de progressão da doença e de morte”, destacou Maluf.
No câncer de ovário, os resultados também chamaram a atenção. Em um estudo com 391 mulheres com doença avançada e já resistentes a outros tratamentos, a combinação do novo medicamento relacorilante, que inibe o receptor de glicocorticoide, com quimioterapia reduziu o risco de morte em cerca de 30%.
“Essa droga torna as células tumorais mais vulneráveis ao tratamento, e os dados mostram que ela tem potencial real para pacientes em estágio avançado”, disse o oncologista.
Outro avanço relevante foi registrado no tratamento do câncer de próstata. Em um estudo com mais de 740 pacientes com doença localmente avançada, a associação de rádio-hormonioterapia com uma nova droga baseada em adenovírus — que estimula um gene letal para células tumorais quando ativado por antiviral — resultou em uma redução de 30% no risco de progressão ou morte.
“Essa droga é aplicada diretamente no tumor e estimula a morte celular. É uma abordagem inovadora, que traz um mecanismo de ação completamente novo para o tratamento prostático”, comentou Maluf.
Além disso, o estudo com a droga niraparibe, em cerca de 700 pacientes com câncer de próstata avançado e alterações moleculares específicas, apresentou resultados animadores. “A combinação com hormonioterapia reduziu o risco de progressão ou morte em 37%. E, entre pacientes com a mutação BRCA, esse índice subiu para 48%”, detalhou.
Por fim, Maluf destacou o avanço das chamadas terapias com células CAR-T, já eficazes em tumores hematológicos como leucemia, linfoma e mieloma, e agora com sinais preliminares de eficácia também em tumores cerebrais.
A ASCO é o evento mais importante do mundo quando o assunto é tratamento do câncer. Realizado em Chicago, o congresso reuniu mais de 7 mil especialistas para apresentar os mais recentes avanços em prevenção, diagnóstico precoce e novas terapias contra o câncer.
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