Os membros do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) entraram em um impasse sobre a relatoria da representação movida pela deputada estadual Bia de Lima (PT) contra o colega de Plenário, Amauri Ribeiro (UB), por conduta atentatória ou incompatível com o decoro parlamentar.
O Conselho se reuniu nesta terça-feira, 27, para tratar da situação conflituosa envolvendo os parlamentares, e havia ficado decidido que o presidente do grupo, deputado Charles Bento, faria a relatoria do processo por ser, teoricamente, o “mais neutro” – também integrantes do Conselho, Virmondes Cruvinel é do mesmo partido de Amauri, e Antônio Gomide é da mesma legenda de Bia.
Contudo, após a definição, Bento se reuniu com o setor jurídico da Alego e, ao consultar o regimento da Casa, constatou que ele estava impedido de relatar a ação, cabendo ao parlamentar a competência somente de conduzir o Conselho.
Agora, a comissão voltará a se reunir para definir um novo relator até amanhã, quarta-feira, 28.
Nos bastidores, comenta-se que o mais provável é que a representação movida por Amauri contra Bia não tenha nenhum efeito e a parlamentar não sofra nenhuma sanção. Já o deputado seria penalizado com 30 dias de suspensão.
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Amauri Ribeiro, inclusive, já estaria ciente da possibilidade e levou manifestantes favoráveis a ele à galeria da Alego nesta terça-feira. Ao longo da sessão, os manifestantes gritaram palavras de ordem e seguraram faixas de apoio ao parlamentar.
Entenda o caso
O ataque de Amauri Ribeiro ocorreu durante sessão plenária na quarta-feira, 21, após entrevista de Bia de Lima a uma emissora de rádio, em que a deputada afirmou preferir se relacionar com homens mais jovens.
Amauri classificou a fala como “desrespeitosa” e, de forma ofensiva, usou expressões como “papa-anjo” e “pedófila”, alegando que o termo “novinhos” seria usado por criminosos.
“Se referir a crianças como ‘novinhos’. Papa-anjo é o termo usado por pedófilos. A senhora citou que gosta de novinhos. Acho um desrespeito”, disse o parlamentar, ao fazer insinuações pejorativas contra a deputada.
Ao fazer a representação ao Conselho de Ética, Bia de Lima reiterou que não aceitará mais ser desrespeitada e pediu um basta às agressões pessoais dentro da Assembleia.
Repercussão
Após o episódio considerado como um ataque de violência política de gênero, Bia de Lima ganhou o apoio de autoridades e entidades, como o SindJustiça, que declarou em nota “seu compromisso com a defesa dos direitos das mulheres, da liberdade de escolha e de expressão. Toda forma de misoginia precisa ser enfrentada com firmeza”.
A deputada federal Adriana Accorsi, por sua vez, disse ter ficado “triste e sem palavras”. “Porque a impunidade impera em Goiás, quando indivíduos cometem esses crimes e sequer são processados”.
“A violência política de gênero afeta a democracia, a representatividade e a participação plena das mulheres na vida política. Não vamos tolerar”, afirmou a deputada.
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