Justiça dos EUA freia Trump e impede expulsão de estrangeiros de Harvard

Em um duro revés para o presidente Donald Trump, a Justiça americana suspendeu temporariamente na última sexta-feira (23) a medida que impedia a Universidade de Harvard de matricular estudantes estrangeiros. A decisão, emitida pela juíza federal Allison Burroughs, veio após a universidade mover uma ação judicial em Boston, classificando a medida como uma “violação flagrante” da lei.

“Condenamos esta ação ilegal e injustificada”, declarou Alan Garber, reitor de Harvard.

A ofensiva do governo Trump revogava a certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio (SEVP), exigindo que estudantes estrangeiros deixassem a instituição ou perdessem o status legal no país. Atualmente, estudantes internacionais representam mais de 27% do corpo estudantil de Harvard.

Entenda o caso

A crise teve início na quinta-feira (22) quando o Departamento de Segurança Interna, liderado por Kristi Noem, anunciou a revogação da autorização de Harvard para manter estudantes estrangeiros matriculados. Segundo Noem, a universidade teria falhado em cumprir exigências relacionadas ao combate ao antissemitismo e à cooperação com investigações internas sobre estudantes envolvidos em protestos no campus.

Entre as exigências do governo estavam o acesso a registros administrativos, vídeos e áudios de atividades consideradas “ilegais” ou “violentas” envolvendo alunos — inclusive americanos.

A retaliação fazia parte de uma escalada mais ampla da Casa Branca contra universidades consideradas “progressistas” por Trump. Em sua rede Truth Social, ele chegou a escrever que Harvard “é uma zombaria, ensina ódio e estupidez” e “não deveria mais receber financiamento federal”.

“Estamos totalmente comprometidos em manter a capacidade de Harvard de receber nossos estudantes e acadêmicos internacionais, que enriquecem a universidade — e esta nação — imensamente”, afirmou a universidade em comunicado.

Harvard resiste com força financeira bilionária

Com um patrimônio superior a US$ 53 bilhões — mais que o PIB de países como Bolívia ou Paraguai —, Harvard é a universidade mais rica do mundo. Essa solidez permitiu que a instituição enfrentasse o corte de US$ 2,2 bilhões em bolsas e contratos anunciado por Trump, além da ameaça de perda da isenção fiscal, que representou uma economia de US$ 158 milhões em impostos apenas em 2023.

Para Steven Bloom, do Conselho Americano de Educação, a perda da isenção representaria um grave precedente para o sistema universitário americano: “Teria um efeito inibidor para todas as universidades do país”.

Um ataque à autonomia universitária

A ofensiva do governo Trump é vista por analistas como parte de um movimento mais amplo para pressionar universidades de elite — que o presidente frequentemente acusa de promover uma agenda progressista. A exigência de mudanças nos currículos, na admissão de alunos e no conteúdo das aulas foi interpretada como tentativa de controle político sobre a produção acadêmica.

“Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar”, escreveu o reitor Alan Garber.

Ao recorrer à Justiça e conquistar uma liminar favorável, Harvard tornou-se símbolo da resistência institucional contra a ingerência do poder executivo na vida acadêmica. Com apoio financeiro, jurídico e político, a universidade mostrou que, mesmo diante de um governo hostil, a autonomia universitária segue sendo um pilar da democracia americana.

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Com agências

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