Presidente da Agrodefesa aposta que foco de gripe aviária deve acabar antes do prazo do bloqueio comercial

O presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), José Ricardo Caixeta, aposta que o foco da gripe aviária no Sul do país deve acabar antes do prazo do bloqueio comercial imposto pela China e União Europeia. Este acordo determinou que os países não vão comprar carne de frango do Brasil por 60 dias ou até a eliminação do foco. Para Caixeta, essa eliminação deve ocorrer em menos de um mês. Goiás não registrou nenhum caso.

“A nossa previsão é que, em menos de 30 dias, a Organização Mundial da Saúde declare esse foco eliminado no Rio Grande do Sul, pela agilidade do contingenciamento”, explicou ele em entrevista ao Jornal Opção

Ele usou como exemplo os casos de Doença de Newcastle observados no ano passado num aviário comercial no Rio Grande do Sul. “O protocolo é o mesmo da gripe aviária. O protocolo de contingência previa 60 dias, com 28 dias, o Brasil já tínhamos erradicado, eliminado o foco e restabelecido o fluxo comercial”, disse.

Impactos econômicos em Goiás 

Caixeta afirma que, até o momento, todos os contratos de Goiás estão sendo cumpridos e que nenhum carregamento deixou de ser entregue. Ele ainda acredita que o fluxo deve seguir normalmente. Afinal, sanitariamente, outros países também enfrentam a gripe aviária e, por logística, os importadores não teriam outra alternativa comercial para comprar tanta carne de frango.

“O Brasil é responsável por mais de um terço das exportações mundiais. É o maior exportador mundial de carne de frango. Esses países não têm onde buscar essa carne. Então, em algum momento, eles vão ter que retomar essas compras aqui do Brasil”, disse.

Em um cenário em que a eliminação não seja possível nos próximos dias, ele acredita que o impacto econômico será “tímido”. Para Caixeta, outros países – como os árabes – que aceitam o protocolo de compartimentação do Brasil importam volume de carne de frango até maior que a China, e devem compensar. São mais de 150 países compradores, portanto, o “redirecionamento dessa produção seria dinâmico”. Além disso, o próprio mercado interno consegue consumir essa carne.

“Eles [os países] deixam de comprar apenas daquela região afetada e os demais continuam o fluxo normalmente. Esse reflexo, se ele ocorrer, vai ser de forma muito tímida […] A carne de frango é, disparado, a mais consumida do Brasil. Qualquer excesso de oferta, o mercado brasileiro assimila também”, pontuou ele.

De toda forma, ele reforça que o consumo dos produtos da cadeia, como carne de frango e ovos, são seguros. “Apesar do foco lá no Rio Grande do Sul, não há o menor risco para o consumo desses produtos. Porque a cadeia, a inspeção dessa cadeia é muito rígida, a fiscalização e a rastreabilidade desses produtos”, afirmou.

Situação de emergência decretada

No momento, nenhum estado do país pode emitir certificados afirmando que o local está livre de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), por conta do estado emergencial em todo o país. Goiás, seguindo diretrizes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), também decretou situação de emergência de forma preventiva. 

Caixeta se preocupa com o foco e não descarta a possibilidade de casos em Goiás, por isso defende a situação emergencial. “Na prática, a gente vem reforçar todas as ações que já vinham sendo implementadas e o decreto preventivo ainda abre mais opções porque, no caso de um foco, vamos precisar de uma mobilização muito maior: a Defesa Civil, do Meio Ambiente, das prefeituras e principalmente dos produtores e da iniciativa privada, das agroindústrias”, afirmou. 

A maior preocupação regional seriam as galinhas caipiras, normalmente criadas em fundos de quintais. Segundo o presidente, muitos desses espaços não têm cadastro no serviço veterinário oficial e não seguem os protocolos sanitários da Agrodefesa. “Se por acaso chegar um foco de doença nesses planteis, não tem impacto comercial. O que nos preocupa é que ali pode ser um reservatório e uma fonte de disseminação para os comerciais”, explicou.

A gente tem trabalhado fortemente também a educação sanitária, a importância de manter essas aves longe do contato, nos abrigos, em locais fechados, por tela e até por lona. Quem conhece uma viagem comercial já percebeu que ali tem toda uma proteção, todo o pátio da granja é telado, tem as placas indicativas proibindo o acesso de pessoas, proibindo o acesso de veículos e também essas aves ficam abrigadas sem o risco do contato com as aves silvestres, com os animais externos ao aviário.

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