Conheça os talentos goianos do Basileu que encantaram o mundo no Grand Prix

Três bailarinos da Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França conquistaram posições de destaque na final do Youth America Grand Prix (YAGP) 2025, realizada entre 20 e 27 de abril, em Tampa, na Flórida, Estados Unidos. Entre 2.500 jovens dançarinos de 35 países, a instituição pública goiana saiu vitoriosa com um 1º lugar na categoria Sênior pas de deux Contemporâneo e nomes entre os melhores colocados do mundo. O Jornal Opção visitou o Basileu, em Goiânia, e conversou com os protagonistas dessas conquistas, que são também símbolo da excelência artística da única escola pública brasileira a chegar à final.

Na disputa mais acirrada da competição, Marcus Vinícius Chagas Rufino, de 16 anos e Martina Ines Sanchez Tolaba, de 15 anos, garantiram o topo do pódio no Contemporâneo e ainda figuraram no Top 12 do Clássico, ambos na categoria Sênior pas de deux. Com apenas 11 anos, Nicolas Laitano Librais também levou o nome da escola ao pódio, ao entrar para o Top 12 Clássico Masculino na categoria Pré-Competitive (abaixo de 12 anos). A jovem Yasmin de Souza Silva ainda conquistou o Top 24 Clássico Feminino, e Martina Tolaba acumulou outro feito: estar entre as 12 melhores na categoria Sênior Feminina.

Além dos troféus, a edição de 2025 marcou um recorde para a escola: 12 alunos foram classificados para a etapa final — a maior delegação brasileira na história do evento. Dividindo espaço com outras 17 escolas, o Basileu foi a única pública entre instituições particulares de elite.

Durante a visita da reportagem à escola, os bailarinos relataram detalhes da rotina intensa, da emoção da conquista e do caminho percorrido até o palco norte-americano. “Ganhar o YAGP foi muito bom para os dois, é uma lembrança que a gente tem sobre o trabalho que a gente faz, sobre o processo, sobre o esforço. Também dividimos o palco juntos,  o que é uma coisa incrível. E é isso, muito bom”, contou Martina Tolaba.

Nascida em Córdoba, na Argentina, Martina está no Basileu há dois anos e escolheu vir para o Brasil em busca de profissionalização. “Antes fazia balé por hobby, era só um dia a dia, mas agora eu escolhi vir pra cá pra ter um futuro, uma carreira e me tornar uma coisa que me leve a algum lugar. Eu escolhi o Basileu porque, querendo ou não, pra mim é uma das melhores escolas da América Latina e é uma escola incrível. Todos os professores, as aulas, os ensaios, tudo ajuda a ser um bailarino profissional.”

Já o goiano Marcus Vinícius, ingressou no Basileu em 2019. Ele e Martina dançam juntos há dois anos, e foi justamente no YAGP do ano passado que se apresentaram como dupla pela primeira vez. Desde então, a parceria se fortaleceu. “É uma alegria sempre muito grande dançar com ela. É uma energia muito boa de se sentir”, relatou Marcus.

Bailarinos Martina Ines Sanchez Tolaba e Marcus Vinícius Chagas Rufino | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

A preparação para o festival exigiu disciplina e resiliência. Segundo Marcus, “a gente entra aqui no Basileu mais ou menos às 13h, 13h30 e sai umas 20h, 20h30 daqui. É um processo muito longo de bastante ensaio e repetições para chegar a um nível bom, que é bom para se apresentar”.

Já Martina reforça como o dia a dia muda em períodos de competição: “A gente tem uma rotina sempre, mas quando a gente fica perto de uma apresentação, o dia a dia começa a ser mais corrido, mais pesado. Mas no dia a dia a gente já tem uma rotina que é sempre o mesmo modelo que a gente está ensaiando”.

Curiosamente, a coreografia que rendeu à dupla o 1º lugar na categoria Contemporâneo foi decidida em cima da hora. “Na verdade, nossa coreografia foi mais ou menos em uma rapidez, né? Porque não era pra gente ter dançado, porque a gente ainda não estava decidido, mas aí a gente decidiu e a gente teve duas semanas de ensaio e foi assim”, revelou Martina.

Os frutos da dedicação se tornam evidentes não apenas nas premiações, mas nas oportunidades que surgem. “O YAGP foi muito bom, abriu bastante a nossa carreira e trouxe algumas gratificações boas para a gente, como bailarino e como pessoa também”, declarou Marcus.

Outro nome promissor entre os talentos revelados pelo Basileu é Nicolas Laitano Librais. Com apenas 11 anos, ele emocionou a plateia e os jurados da competição ao entrar para o Top 12 Clássico Masculino em sua faixa etária.

Em entrevista ao Jornal Opção, o jovem contou com entusiasmo: “Eu já danço balé há 8 anos e eu fui para o YAGP representando Basileu e foi muito emocionante, fiquei muito feliz, estava ansioso, nervoso, mas valeu a pena, graças a Deus, gostei muito de participar e quero participar outras vezes”.

Bailarino Nicolas Laitano Librais | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Sua preparação envolveu meses de ensaio intenso. “Eu acho que foi uns dois, três meses ensaiando todos os dias. Foi bem puxado, mas valeu a pena, graças a Deus”, lembrou. Desde fevereiro no Basileu França, ele afirma que encontrou na escola um espaço onde pode crescer como artista: “Eu acho o Basileu muito bom, gosto muito, estou amando ficar aqui. As aulas, os ensaios, é tudo ótimo”.

Mesmo com uma rotina exigente entre os estudos formais e a dança, Nicolas se esforça para manter o equilíbrio: “Eu costumo entrar aqui no Basileu às 14h e sair às 18h, mas tem dias que eu saio às 19h ou às 20h. Hoje mesmo eu vou sair às 20h. E sempre que tem um tempo sobrando eu tento estudar, fazer meus deveres, tudo. Tento sempre deixar o máximo organizado.”

Ao relembrar a experiência de estar entre jovens de várias partes do mundo, o bailarino revela um sonho que está apenas começando: “É meu sonho ser um bailarino profissional. Foi muito emocionante no YAGP, porque eram muitas pessoas que dançavam muito bem, que dançaram maravilhosamente. E é muito bom ver essas pessoas para me inspirar nelas também”.

Para a coordenadora de dança e Maítre de balé clássico da instituição, Simone Malta, a participação no YAGP é mais do que uma vitrine. “A escola participa do YAGP desde 2012, então a gente tem vindo dessa participação todo ano com diversas premiações. Mas o que é mais importante do festival e desses festivais internacionais, tanto o YAGP quanto o Prix de Lausanne, é o resultado. E o que é o resultado? São bolsas de estudo ou contratos de trabalho para grandes escolas ou grandes companhias internacionais.”

Coordenadora de dança e Maítre de balé clássico da instituição, Simone Malta | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Desde 2005, a Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França vem colhendo os frutos de um trabalho pedagógico consolidado, que une excelência técnica, visão artística e formação humana. A unidade é vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e, desde 2021, é gerida em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio do Centro de Educação, Trabalho e Tecnologia (CETT/UFG).

Durante o YAGP, os participantes vivenciam uma verdadeira imersão no universo da dança, com aulas, ensaios e performances sob avaliação de jurados de renome mundial. Os finalistas ainda concorrem a bolsas de estudo em companhias e escolas de prestígio internacional, com oportunidades em 17 cidades dos Estados Unidos e seis em outros países.

O feito da delegação goiana — majoritariamente formada por jovens de baixa renda — comprova que, mesmo com recursos públicos, é possível alcançar o mais alto nível da dança mundial.

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