
Alguns dos codinomes da trama bolsonarista para assassinar autoridades já eram conhecidos. Os envolvidos no plano Punhal Verde Amarelo se referiam a Lula como Jeca, Geraldo Alckmin era chamado de Joca e o ministro Alexandre de Moraes de “professora”. Ainda restava saber quem era o Juca, mas a reportagem da Folha de São Paulo conseguiu a resposta: o ex-ministro José Dirceu.
A apuração se deu junto a pessoas próximas ao general Mário Fernandes, o arquiteto da ação criminosa. De acordo com um oficial da reserva próximo a ele, José Dirceu entrou na mira dos golpistas identificados como ‘kids pretos’, pois acreditavam que ele seria um nome forte no próximo governo Lula, recém-eleito à época. Porém, não só Dirceu não frequenta o Planalto como está distante da articulação político-partidária.
Assim, entre a cúpula dos operadores, ‘Juca’, pelo seu passado e possível influência futura, deveria ser uma das vítimas. A Polícia Federal, no decorrer das investigações, cruzando informações e por meio de delações, confirmou os outros três codinomes citados.
A PF investigou a atribuição do codinome que faltava a outras pessoas, mas não houve confirmação.
A investigação tem como base o plano Punhal Verde Amarelo (com arquivo chamado “Fox_2017.docx”) encontrado em um HD externo de posse de Mário Fernandes e o grupo de mensagens ‘copa 2022’ no aplicativo Signal, onde as ações da trama eram organizadas.
Leia mais: Em julgamento histórico, STF torna Bolsonaro réu pela tentativa de golpe
Nas mensagens, ‘Juca’ era tratado como “iminência parda [sic] do 01 e das lideranças do futuro gov [governo]”. Tal fato faz referência à expressão do francês “eminência parda”, que sugere uma figura de destaque nos bastidores, ou seja, Dirceu era visto como alguém com lastro sobre o futuro presidente, portanto deveria ser “neutralizado”, nas palavras dos ‘kids pretos’.
Como destacado pelo jornal, o general Fernandes previa na elaboração dos assassinatos o envenenamento de Lula como forma de parecer algo natural, pelo menos inicialmente.
Já Alckmin (Joca) e Dirceu (Juca), seriam ‘neutralizados’ (mortos) e a situação não causaria grande comoção no país, no julgamento do general. As mortes de Lula e Alckmin, na visão dele, extinguiriam a chapa vencedora. Os alvos foram monitorados dois meses pelos ‘kids pretos’.
Leia mais: Bolsonaro sabia e concordou com plano para matar Lula, Alckmin e Moraes, diz PGR
O ministro do STF Alexandre de Moraes também era acompanhado. No dia 15 de dezembro de 2022, dois militares estavam nas ruas aguardando comandos da cúpula do grupo pelo “Copa 2022” no intuito de sequestrar e prender o ministro. Um deles estaria próximo à residência de Moraes, porém eles abortaram a ideia de última hora, após a sessão do STF que estava sendo realizada ser adiada.
Julgamentos
Os ‘kids pretos’ estão presos preventivamente esperando julgamento. Mário Fernandes foi preso em novembro e se tornou réu 22 de abril, quando a primeira turma do STF analisou o núcleo 2, entendidos como “gerentes” das ações golpistas.
Já os tenentes-coronéis do Exército Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima e Rodrigo Bezerra Azevedo, assim como o policial federal Wladimir Matos Soares (este se infiltrou na segurança de Lula), estão no núcleo 3 (ações táticas) com outras pessoas e aguardam para saber se também se tornarão réus pela justiça nos dias 20 e 21 de maio.
O post General bolsonarista tinha plano para matar José Dirceu apareceu primeiro em Vermelho.