Por Manoel Guimarães – especial para o Blog
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), garantiu que manterá a pressão para que o projeto de lei da anistia seja colocado na pauta do Legislativo. Em entrevista para o podcast Direto de Brasília, o parlamentar defendeu a saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi, após escândalo de desvios no INSS por indicados dele, e colocou que a recusa do líder do União Brasil, deputado Pedro Lucas, em ser ministro destruiu o governo Lula. “A barca está afundando. O governo acabou”, disparou.
Essa semana foi marcada pelo escândalo que terminou na queda do presidente do INSS, após investigação sobre desvios de quase R$ 7 bilhões. Mas o ministro Lupi, que o indicou, segue no cargo. Como o senhor avalia essa situação?
Antes o PT e a esquerda roubavam milhões. Agora, não se contentaram e roubam bilhões. Segundo a Polícia Federal, foram R$ 7,3 bilhões. Este é o atual desgoverno da esquerda que aí está. E pior, estes bilhões são roubados de aposentados e pensionistas. Isso é grave. E a esquerda tem corruptos de estimação. A gente não quer saber, se tiver tido roubos de outros governos, inclusive nosso, seja lá quem tiver roubado, e roubou de aposentados, tem que ir para trás das grades.
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E o ministro Carlos Lupi, que indicou todo esse pessoal do INSS? Não teria que sair também?
No governo Bolsonaro, tivemos uma suspeita de roubo no Ministério da Educação. A primeira coisa que falei para o presidente foi que, para o bem do governo, deveria afastar o ministro e investigar tudo. Se ele não tiver culpa no cartório, volta depois. O que não dá é para manter ministro no cargo com essas suspeitas. Precisamos entender que o Brasil não pode continuar achando que corrupção é coisa comum, apesar de terem eleito o ‘descondenado’ que aí está.
Já caiu um ministro por corrupção também…
Caiu um por ser taradão, por assédio sexual, outro por corrupção, e agora vem o ministro do bilhão. Até quando ele vai ficar? São essas coisas que não adianta, o Brasil está vendo. Este desgoverno acabou.
Como tem avaliado as posições do presidente da Câmara, Hugo Motta, sobre o projeto de lei da anistia?
Fomos os primeiros aliados na sua eleição. Somos o maior partido da Câmara dos Deputados. Política se faz com palavra, e com o presidente Hugo Motta tivemos um compromisso, que era que nossas pautas andassem. Não exigimos pauta nenhuma até a instalação das comissões. Mas ele já atendeu ao governo em algumas pautas, atendeu o Poder Judiciário. Como primeiro aliado, a pergunta que reitero: quando o PL terá sua única demanda atendida? Ainda confio no presidente, mas ou ele pauta o projeto ou nós entenderemos que ele está nos desprestigiando e rompendo acordos prévios.
E qual seria a postura do PL no caso de rompimento desses acordos?
Temos todos os instrumentos regimentais para que possamos seguir nosso caminho, entre eles a obstrução. Mas temos três comissões com orçamento de quase R$ 6 bilhões. Há um acordo entre líderes e a presidência, envolvendo as emendas de comissão, que 70% ficam sob comando do presidente para atender outros partidos, e 30% ficam para o partido dividir emendas com seus parlamentares. Se ele descumpre, posso pegar esse orçamento e atender a quem assinou regime de urgência, por exemplo. Não quero fazer isso. Mas se o presidente está pressionado pelo lado de lá, então daqui a gente faz pressão também.
Mas por que o presidente Hugo Motta não pauta esse projeto da anistia?
Acho q tem medo de retaliação. Porque quando você não é aliado do STF, ele retalia. Talvez seja a boa intenção do presidente, mas ele tem um medo grande de chantagem. Porque alguns ministros são chantagistas. Alexandre de Moraes mesmo é um ministro que julga com ódio, não com a justiça, e às vezes exagera nas decisões. Tem perseguido politicamente por questões pessoais. A verdade é que precisamos falar e corrigir no Brasil.
Nessa semana, o líder do União Brasil na Câmara foi anunciado como novo ministro, mas depois desistiu. Como o senhor analisa uma situação dessas?
Não é normal, nunca vi alguém ser convidado a ministro, sendo de um partido da base, e dizer não. Isso é um alerta. A decisão do líder do União Brasil merece meu reconhecimento. Isso só tem um sinal: a barca do desgoverno está afundando. Ninguém quer subir. O governo acabou. Já está claro que em 2026 esse governo já era, não consegue passar no ano que vem. E só não tem um impeachment porque o vice é tão ruim quanto.
Qual a estratégia do PL para o Senado no ano que vem?
O presidente Bolsonaro tem se dedicado a organizar a direita. O PL deverá fazer em torno de 25 senadores. Mas temos que ter mais partidos para essa composição. No meu mapa, podemos chegar a 32 com esses aliados. E dos outros 27 senadores que não disputarão o mandato agora, 16 já são nossos. Vamos ter em torno de 50 dos 81 senadores, para eleger o presidente do Senado, fazer o enfrentamento democrático que precisamos entre os poderes.
E na Câmara?
Vamos eleger em torno de 120 deputados. Na próxima janela de troca partidária, chegaremos na casa dos 110. Vamos disputar a eleição, voltaremos com 120, pode ser mais.
Mesmo inelegível, o ex-presidente pode repercutir negativamente no resultado de 2026?
Com toda a sinceridade, entendo que se querem prender Bolsonaro pelas circunstâncias que estarão postas, a bancada iria para 150, no mínimo. E os 25 senadores iriam para 3, só no PL. Então, a história para os algozes de Bolsonaro é a velha máxima. Se correr bicho pega, se ficar bicho come.
Qual será a próxima bomba do Congresso?
Estamos articulando a coleta de assinaturas para a CPI do INSS. Vamos passar o INSS a limpo. Quem roubou de aposentado e pensionista, vai para a cadeia. Não vamos aceitar, doa a quem doer, seja quem for.
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