Negociações de paz na Ucrânia não avançam e EUA ameaçam se retirar

Autoridades dos Estados Unidos, Ucrânia e Europa realizaram reuniões em Londres, nesta quarta-feira (23) para tentar retomar as negociações de paz, mas a reunião perdeu peso político após o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, cancelar sua viagem, levantando dúvidas sobre o andamento das tratativas.

A ausência de Rubio levou ao cancelamento de uma reunião mais ampla que incluiria os chanceleres da Ucrânia, Reino Unido, França e Alemanha, evidenciando as divergências entre Washington, Kiev e seus aliados europeus sobre como encerrar o conflito.

O nítido rebaixamento das tratativas ocorre poucos dias depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, alertar que Washington poderia se retirar do processo caso não houvesse avanços em breve, o que foi reiterado nesta mesma quarta-feira pelo vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance.

Vance afirmou que a Rússia e a Ucrânia devem chegar a um acordo de paz ou Washington “vai se retirar desse processo”, o que muitos interpretam como uma ameaça de abandonar não só a negociação de paz, mas qualquer papel de apoio à Ucrânia.

Outros analistas apontam que, na verdade, o que Trump pretende deixar claro é que, concretamente, a opinião da Europa tem pouco peso na resolução do conflito, já que, sem os EUA, o Continente não poderia prolongar a guerra de forma eficaz sem sofrer uma derrota humilhante e por isso os EUA esvaziam propositalmente toda iniciativa europeia no sentido de se apresentar como um ator de peso nas negociações em curso.

Entretanto, tudo indica que de fato os estadunidenses não seguirão apoiando a Ucrânia com armas e dinheiro caso as negociações fracassem.

Tal indicativo foi reforçado por Trump quando – logo depois das declarações de Vance ameaçando abandonar as negociações –  publicou em sua rede social (Truth Social) uma crítica direta ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Zelensky, referindo-se às especulações de que Whashington, no quadro de um acordo com Moscou, poderia reconhecer o território como pertencendo à soberania russa, garantiu que a Ucrânia jamais renunciaria à Crimeia. Trump considerou a declaração do mandatário ucraniano como “inflamatória” e tripudiou: “Se ele quer a Crimeia, por que não lutaram por ela 11 anos atrás, quando foi entregue à Rússia sem que um tiro fosse disparado?”.

A declaração de Trump também foi uma confirmação tácita de que o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia foi realmente oferecido pelos EUA.

Um porta-voz do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, lutando para manter a relevância europeia, minimizou a decepção com o cancelamento abrupto de Rubio e afirmou que as reuniões envolveram “discussões técnicas substanciais entre autoridades europeias, americanas e ucranianas buscando maneiras de encerrar os combates”.

Continuamos absolutamente comprometidos com a conquista de uma paz justa e duradoura na Ucrânia, e essas conversas hoje são parte importante disso”, afirmou o porta-voz.

Enquanto isso, Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky, afirmou que a delegação de Kiev se reuniu com assessores de alto nível do Reino Unido, França e Alemanha. “Enfatizamos nosso compromisso com os esforços de paz [de Trump],” escreveu Yermak no TelegramFontes: Reuters, Folha de S. Paulo e O Globo.

Pesquisa revela descontentamento com condução econômica de Trump

“Tudo o que era para subir está caindo, e tudo o que era para cair está subindo”, mesmo assim, Trump mantem base sólida de apoio.

Os americanos elegeram o presidente Donald Trump na esperança de que ele combateria a inflação e impulsionaria a economia dos EUA, com geração de empregos. No entanto, ao se aproximar dos seus 100 primeiros dias no cargo, os eleitores estão dando notas baixas ao republicano justamente nesses temas, segundo nova pesquisa Reuters/Ipsos, divulgada pela agência Reuters nesta quarta-feira.

Apenas 37% dos entrevistados na pesquisa de seis dias encerrada na segunda-feira (21) aprovam a maneira como Trump está lidando com a economia – queda em relação aos 42% registrados logo após sua posse, em 20 de janeiro, quando prometeu impulsionar a economia e inaugurar uma “Era de Ouro da América”. Esse índice está bem abaixo de qualquer momento de seu primeiro mandato, quando variava entre 45% e 55%.

“Você tem um presidente que prometeu uma era de ouro”, disse James Pethokoukis, pesquisador sênior do American Enterprise Institute, um think tank conservador. “Mas tudo o que era para subir está caindo, e tudo o que era para cair está subindo.”

Reuters informa que ainda assim, uma parcela significativa dos americanos continua apoiando Trump, muitos deles com fervor.

Sua aprovação geral – de 42% – permanece acima da registrada por seu antecessor democrata Joe Biden durante boa parte de seu mandato, impulsionada por um número um pouco maior de americanos – 45% – que aprovam suas medidas duras contra a imigração.

O partido do presidente continua firmemente ao seu lado, com 81% dos republicanos autodeclarados aprovando sua gestão econômica, em comparação com 5% dos democratas e 28% dos independentes.

Muitos americanos compartilham da visão de Trump de que os EUA têm sido prejudicados nos assuntos globais, incluindo comércio e defesa. Quarenta e oito por cento concordaram com a afirmação de que “a maioria dos outros países, inclusive aliados tradicionais da América, se aproveita dos EUA”. Trinta e quatro por cento discordaram.

A resistência cubana e o espírito de Bandung

Nesta quinta-feira (24), às 18h30, acontecerá no 8º andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro o debate comemorativo dos 64 anos da invasão da Baía dos Porcos, com o tema “Cuba e a Resistência Anti-Imperialista na América Latina”. O evento terá a exposição inicial da professora emérita da UERJ, Maria Teresa Toríbio e deste redator. O evento é presencial e não é necessária inscrição prévia para participar.

Já no dia 29/4 (terça-feira), às 19h, ocorrerá uma importante atividade que marcará o aniversário da histórica Conferência de Bandung, que há 69 anos uniu 29 nações recém‑independentes da Ásia e da África contra o imperialismo e lançou as bases do Movimento dos Países Não‑Alinhados. O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), organizador do encontro, ressalta que o “Espírito de Bandung” – de solidariedade, amizade e cooperação – continua crucial para o Sul Global e propõe debater como transformar esse legado em ações concretas para enfrentar as desigualdades, reforçar a cooperação Sul‑Sul e moldar uma ordem internacional mais justa. O expositor será o professor da Universidade Federal do ABC e doutor em Relações Internacionais, Paris Yeros. O evento é exclusivamente online e os interessados podem se inscrever pelo link: http://bit.ly/debatecebrapaz2904.

Israel retira nota de pesar pela morte do papa Francisco

A agência alemã DW informou, nesta quarta-feira que uma conta verificada do governo israelense no X compartilhou, e depois tirou do ar, uma publicação em homenagem ao pontífice. Francisco defendeu em diversas ocasiões o povo palestino e exigiu o fim do massacre em Gaza.

A conta verificada do governo israelense no X, administrada pelo Ministério das Relações Exteriores, havia publicado uma homenagem ao papa na última segunda-feira. “Descanse em paz, papa Francisco. Que sua memória seja uma bênção“, dizia o texto posteriormente apagado, ao lado de uma imagem do pontífice visitando o Muro das Lamentações em Jerusalém.

O veículo de comunicação israelense Ynet informou que as missões diplomáticas israelenses em todo o mundo igualmente foram instruídas a excluir publicações semelhantes elogiosas ao pontífice. Os diplomatas além disso foram proibidos de assinar livros de condolências que foram colocados nas embaixadas do Vaticano em todo o mundo, segundo o veículo.

Todavia, uma manifestação de pesar do embaixador israelense na Itália, Jonathan Peled, chamando Francisco de “um líder compassivo, que promoveu incansavelmente o diálogo, a paz e a justiça“, ainda permanecia no X até esta quinta-feira.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que lidera uma coalizão de ultradireita, não comentou a morte do papa.

Entre os muitos absurdos difundidos pela extrema-direita mundial, ganhou relevância no Brasil, há alguns anos, o que tenta estabelecer equivalência entre comunismo e nazismo. Um mínimo de estudo e leitura bastaria para liquidar o assunto, pois é fato estabelecido que o anticomunismo é a gênese do nazifascismo.

Mas os argumentos da extrema-direita são estapafúrdios. Em geral alegam que o nazismo usava a cor vermelha e o partido de Hitler tinha a palavra “socialista” no nome.

Em 1925 Hitler expõe sua profissão de fé no livro “Minha Luta”. No texto ele explica, cinicamente, o porquê da cor vermelha:

A cor vermelha de nossos cartazes foi por nós escolhida, após reflexão exata e profunda, com o fito de excitar a Esquerda, de revoltá-la e induzi-la a frequentar nossas assembleias; isso tudo nem que fosse só para nos permitir entrar em contato e falar com essa gente”.

Isso revela, por tabela, a presença da palavra “socialista” no nome de seu partido, o que fica nítido em outro trecho do mesmo livro:

Só a cor vermelha dos nossos cartazes fazia com que eles afluíssem às nossas salas de reunião. A burguesia mostrava-se horrorizada por nós termos também recorrido à cor vermelha dos bolchevistas, suspeitando, atrás disso, alguma atitude ambígua. Os espíritos nacionalistas da Alemanha cochichavam uns aos outros a mesma suspeita, de que, no fundo, não éramos senão uma espécie de marxistas, talvez simplesmente mascarados marxistas ou, melhor, socialistas (…) Quantas boas gargalhadas demos à custa desses idiotas e poltrões”.

O historiador burguês Joachim Fest, relata no livro “No Bunker de Hitler”, que em abril de 1945, o líder nazista, então confinado em seu bunker, desabafava com correligionários, lamentando não ter concretizado uma aliança anglo-alemã pois tal aliança lhe permitiria perseguir totalmente “o objetivo da minha vida e a razão para a ascensão do nacional-socialismo: o extermínio do bolchevismo”.

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