Sede Vacante: o trono está vazio

Com a morte do Papa Francisco, o Vaticano se prepara para o Conclave. Após os funerais do pontífice, cardeais do mundo inteiro vão se encontrar na Capela Sistina para decidir quem será o próximo chefe da Igreja Católica Apostólica Romana. Em 20 anos, desde a morte de João Paulo II em 2005, o eleito será o quarto Papa a conduzir esta instituição milenar que passa por transformações profundas neste um quarto de século.

Neste momento, a Igreja num período conhecido como “Sede Vacante” em que um cardeal sênior assume o papado temporariamente até que um novo papa seja escolhido. O cardeal em questão é o camerlengo de origem irlandesa-americano, Kevin Farrell, que assumiu o cargo por indicação de Francisco em 2019. Ele é o único membro da alta hierarquia da Igreja Católica que continua no cargo até a eleição do próximo papa, todos os outros renunciam automaticamente aos cargos após a morte do líder da igreja.

Pela tradição, logo após a morte do papa, o camerlengo deve certificar que ele está morto com um martelinho de prata que ele bate na testa do papa por três vezes. Não havendo reação, ele fala, em alto e bom som, o nome de nascimento do papa.

Em seguida, com o mesmo martelo de prata, o camerlengo tem que destruir o “anel do pescador” para evitar imitações, já que ele é utilizado pelo santo padre como um selo para autenticar documentos papais. A destruição do anel também representa o fim do papado. Quando todos os cardeais estiverem presentes no Vaticano, deverão iniciar uma série de encontros que são conhecidos por “congregações gerais”.

Entre outros temas, eles têm que decidir a data do funeral e enterro do Papa Francisco, que deverá acontecer de 4 a 6 dias após a morte do pontífice, além de organização do período de luto que dura 9 dias, o “novemdiales”.

Todos os predecessores de Francisco estão enterrados na cripta papal que está situada no subterrâneo da Basílica de São Pedro onde encontra-se a tumba de Pedro, o fundador da Igreja Católica. Ao contrário de todos eles, o papa pediu que fosse sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore em Roma. Seguindo suas orientações, o corpo será colocado em apenas um caixão de madeira e zinco, quebrando a tradição em que o corpo de papas anteriores era colocado em três caixões, um de cipreste, outro de chumbo e mais um de madeira. Um dentro do outro como as Babushkas, as bonecas russas de vários tamanhos que se encaixam entre si.

As mudanças implementadas por Francisco no protocolo do funeral papal refletem como ele via a função do cargo que ocupava como um “pastor e discípulo de Cristo” e não “um homem poderoso deste mundo” como por diversas vezes ele mesmo explicou. O caixão com o corpo do Papa Francisco será colocado em exposição para veneração pública dentro Basílica de São Pedro, encerrando assim, o tradicional cortejo que acontecia na praça em frente à Basílica.

É durante a congregação geral que os cardeais discutem entre si qual será a melhor indicação ao trono de Pedro. Este momento, em que todos eles ficam incomunicáveis com o mundo exterior, serve também para evitar o “papabili” ou a influência de outras pessoas ou organizações na eleição papal que deverá acontecer após 15 ou 20 dias da morte do papa. Esse sistema de votação passou a valer no século XIII e os cardeais que irão participar da escolha do líder da Igreja têm que ter menos de 80 anos.

Atualmente, há 135 cardeais aptos para o Conclave, 108 foram indicados pelo Papa Francisco. Destes, 53 são europeus, 20 da América do Norte, 18 são africanos, 4 vêm da Oceania e 17 são sul americanos. Conclave deriva da palavra conclamação, que é a congregação dos cardeais que deverá indicar quem será o novo guardião da “chave de Pedro”.

Desde o século XIX, o Conclave acontece na Capela Sistina, uma joia do Renascimento que tem os afrescos do teto e parede do altar feitos por Michelangelo. Sob juramento, os cardeais se mantêm absolutamente incomunicáveis dentro da capela Sistina. Se quebrarem essa regra, eles deverão ser punidos com excomunhão e perda do cargo.

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