Com foco em grãos e energia limpa, Suape planeja dois novos cais para ampliar operações no porto público

Após concluir a dragagem do canal externo, que agora conta com 20 metros de profundidade, o Porto de Suape deu início a uma nova etapa de expansão. A próxima fase envolve a dragagem do canal interno, que deve atingir 17 metros de profundidade, e a apresentação de um projeto para construção dos cais 6 e 7. A proposta foi entregue ao Ministério dos Transportes e prevê uma retroárea dedicada a terminais de grãos e a um novo pátio para combustíveis renováveis, como e-metanol e hidrogênio verde. As informações são do Jornal do Commercio.

A iniciativa faz parte de uma estratégia para inserir Suape no mercado de exportação de grãos produzidos fora do Nordeste, especialmente na região do Matopiba — Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A proposta é considerada inovadora: parte da produção agrícola da nova fronteira brasileira poderia ser escoada via Suape, com operações oferecidas a operadores privados. A logística visa compensar o deslocamento terrestre com a redução do tempo de espera nos portos, que pode chegar a duas semanas em Santos, por exemplo.

Nos momentos de maior demanda nos grandes portos do Sudeste, a falta de espaço no cais eleva os custos para exportadores. Em contraste, Suape tem se destacado por manter um tempo médio de espera de até 36 horas. O diferencial é reforçado pela profundidade dos canais, que permite a entrada de embarcações de grande calado a qualquer hora, sem depender das condições da maré.

O projeto também contempla a transição energética. O Cais 6 está entre as 12 propostas selecionadas pelo Ministério de Minas e Energia no âmbito da iniciativa CIF (Climate Investment Funds), voltada à descarbonização da indústria. O Hub Suape para Transição Energética, que integra o plano, prevê a produção e uso de hidrogênio de baixa emissão de carbono, em parceria com empresas como a European Energy.

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Já o Cais 7 está alinhado ao plano de expansão da empresa SUA Graneis, operadora já instalada no porto, que pretende utilizar o terminal para escoar grãos do Matopiba. A empresa vem articulando parcerias e realizou, no ano passado, um encontro com representantes da Aprosoja e do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, reforçando o interesse em viabilizar o novo fluxo de exportação pelo complexo portuário pernambucano.

O volume de investimentos nas obras de dragagem foi estimado em R$ 580 milhões. O canal externo recebeu R$ 140 milhões do caixa estadual, enquanto o canal interno deve custar R$ 199,7 milhões, dos quais R$ 100 milhões vêm do Ministério de Portos e Aeroportos, via PAC3, e o restante com recursos próprios do Governo de Pernambuco. O Estado já entregou os primeiros projetos executivos para inclusão das obras no Novo PAC 2026.

Além das melhorias estruturais, o Porto de Suape investe em inovação. Um dos destaques é o aplicativo Suape Conecta, lançado no evento Suape Conecta 2025.1. Voltado à digitalização e integração das mais de 80 empresas instaladas no território, a plataforma oferece funcionalidades voltadas à gestão das operações portuárias, com acesso exclusivo a executivos do setor.

Para o presidente do Porto de Suape, Márcio Guiot, os avanços consolidam o complexo como uma alternativa competitiva no cenário nacional. Segundo ele, a combinação de obras estruturantes, capacidade operacional e soluções tecnológicas torna o terminal um dos mais preparados do Nordeste para atender à demanda de cargas diversificadas, tanto do agronegócio quanto da transição energética.

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