Uma denúncia feita pelo presidente do Goianésia, Marco Antônio Maia, que também é delegado da Polícia Civil de Goiás (PCGO), deu início a investigação de alcance nacional que expôs um esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol da série D do campeonato brasileiro. A Operação Jogada Marcada, coordenada pela PCGO, levou à prisão seis pessoas e ao cumprimento de 19 mandados de busca e apreensão em seis estados: Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Espírito Santo e Goiás.

O ponto de partida foi a tentativa de aliciamento do então presidente do Goianésia Esporte Clube, que disputava apenas o Campeonato Goiano. O dirigente teria sido procurado por um intermediário que ofereceu R$ 300 mil em troca da facilitação do esquema de manipulações. A proposta era que ele usasse sua influência para intermediar a cooptação de outro time que estivesse disputando a série D do brasileiro. O aliciador prometia até R$ 1 milhão ao clube que aceitasse participar da fraude.
O dirigente denunciou o caso á corporação que iniciou uma investigação para identificar outros atores envolvidos no esquema. A partir daí, foi possível identificar o autor da tentativa de corrupção, um homem do Espírito Santo com histórico de atuação no futebol. As investigações revelaram que ele fazia parte de um esquema organizado em três núcleos. “A partir da denúncia, conseguimos identificar os três núcleos e a atuação coordenada entre eles. É uma rede que mira times menores, justamente por serem mais acessíveis e com estruturas mais frágeis. Mas não descartamos a ampliação da investigação para clubes de maior expressão”, afirmou o delegado Eduardo Gomes
Segundo o delegado Eduardo Gomes, responsável pela operação, entre os presos estão um ex-presidente de clube, dois ex-jogadores e um ex-árbitro da Federação Paraibana de Futebol, além de um dos financiadores do esquema.
Uma das equipes citadas é o Crato Esporte Clube, do Ceará, que foi rebaixado e suspenso do Campeonato Cearense em 2022 após suspeitas de manipulação de resultados. Segundo a polícia, foi possível conciliar os valores recebidos pelo presidente do clube com as datas das partidas suspeitas, o que reforçou os indícios de corrupção.
Além do Crato, há suspeitas envolvendo jogos da Liga Equatoriana, nos quais os investigados chegaram a apostar R$ 100 mil esperando que um time perdesse por três gols de diferença – o que não ocorreu, gerando prejuízo ao grupo. A polícia acredita que os investigados apostavam com base em informações privilegiadas obtidas a partir da corrupção de árbitros, jogadores e dirigentes, como a marcação premeditada de pênaltis.
Um jogador brasileiro que atuava na segunda divisão de um países europeu, que não teve o nome revelado, teria recebido transferência de dinheiro diretamente em sua conta de banco de um dos investigados. A apreensão dos celulares e computadores durante a operação, além de planilhas e anotações, devem ajudar a polícia a esclarecer o caso.
Apesar de o esquema não ter conseguido se infiltrar em clubes goianos, há confirmação de que um dos financiadores é do estado de Goiás, e transferia recursos para os aliciadores, o que colocou o estado no centro da articulação financeira da quadrilha, disse o delegado.
A Polícia Civil também investiga o envolvimento de um personagem conhecido no meio esportivo como o “rei do rebaixamento”, que teria transferido valores a integrantes do grupo criminoso. Ele é apontado como especialista em atuar em clubes das divisões inferiores, onde os recursos são escassos, o que facilitaria as negociações escusas.
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