Com guerra comercial, mercados sinalizam possível recessão global

O dólar opera com nível alto no exterior na manhã desta quarta-feira, 7, mantendo-se como ativo de segurança em meio às incertezas globais. Por volta das 8h40, o índice DXY – que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de moedas de países desenvolvidos – avançou 0,04%, aos 103,06 pontos. No mesmo horário, o euro recuava 0,35%, sendo negociado a US$ 1,09447, enquanto a libra esterlina caía 0,77%, a US$ 1,28087. O dólar também registrou alta de 0,62% frente ao iene japonês, cotado a 146,32 iene.

Segundo relatório do banco ING, a proteção do euro está ligada ao facto de a zona do euro ser uma economia aberta e fortemente dependente do comércio. A libra, por sua vez, atingiu seu menor patamar em relação ao euro em quase oito meses, influenciada por questões comerciais e tarifárias. Na última segunda-feira, 31, os mercados financeiros na Ásia e na Europa experimentaram quedas acentuadas, fortemente influenciadas pelas novas políticas econômicas dos Estados Unidos e da China. Essas medidas, que incluem tarifas comerciais e retaliações mútuas, causaram um grande impacto, comparado a outras crises globais.

Analistas destacaram a gravidade da situação, caracterizando as perdas como “históricas” e lembrando de episódios passados, como a crise de 2008 e o colapso das bolsas durante a pandemia de Covid-19, que também provocaram uma instabilidade econômica significativa. Em março de 2020, a pandemia gerou uma das quedas mais dramáticas da história recente das bolsas de valores.

Relembre crises

As bolsas europeias sofreram perdas de até 17% em um único dia, com Nova York e Londres também enfrentando grandes quedas. A resposta rápida dos governos, com pacotes de estímulos fiscais e monetários, ajudou a estabilizar os mercados, mas a recuperação foi lenta e repleta de incertezas.

A crise financeira global de 2008 foi outro marco crucial. O colapso do mercado imobiliário nos Estados Unidos, impulsionado pelos empréstimos subprime, resultou em uma onda de inadimplência, falências de bancos e uma queda acentuada das bolsas globais, que perderam até 50% de seu valor em apenas alguns meses.

A falência do banco de investimentos Lehman Brothers desencadeou uma série de reações em cadeia, impactando economias ao redor do mundo e gerando uma recessão global que afetou milhões de trabalhadores e empresários. Em 2000, a explosão da bolha das pontocom teve um impacto devastador no mercado de tecnologia. O índice Nasdaq, que havia alcançado um pico de 5.048,62 pontos, perdeu 39,3% de seu valor durante o ano seguinte.

Muitas startups de internet, que haviam sido supervalorizadas, faliram, deixando um rastro de investidores e empresários que perderam grandes somas de dinheiro. A crise das pontocom foi um exemplo claro de como os mercados podem ser impulsionados por especulação e euforia, seguidos por um colapso repentino quando a realidade se impõe.

O que foi a bolha das pontocom?

A bolha das pontocom foi um rápido aumento nas avaliações de ações de tecnologia dos EUA, alimentado por investimentos em empresas baseadas na Internet durante o mercado em alta no final dos anos 1990. O valor dos mercados de ações cresceu exponencialmente durante esse período, com o índice Nasdaq dominado pela tecnologia subindo de menos de 1.000 para mais de 5.000 entre os anos de 1995 e 2000. As coisas começaram a mudar em 2000, e a bolha estourou entre 2001 e 2002, com as ações entrando em um mercado em baixa.

Segunda-feira Negra e Grande Depressão

Outro evento que causou grandes perdas nos mercados financeiros foi a Segunda-feira Negra de 1987. Nesse dia, o índice Dow Jones despencou 22,6%, o maior declínio percentual diário na história do índice. A queda foi desencadeada por uma combinação de fatores econômicos, como os déficits orçamentários crescentes nos Estados Unidos e o aumento das taxas de juros, que geraram pânico nos investidores. Esse episódio mostrou a vulnerabilidade dos mercados a choques externos, com reflexos negativos que se espalharam rapidamente para outros países.

No entanto, o colapso financeiro mais grave e emblemático ocorreu em 1929, com o famoso “Black Thursday“, em que o mercado de ações de Wall Street desabou abruptamente. O Dow Jones perdeu mais de 22% de seu valor em um único dia, e as quedas continuaram nos dias seguintes, culminando em uma crise econômica global que durou anos.

Esse evento foi o estopim para a Grande Depressão, um período de recessão econômica profunda que afetou a economia mundial por uma década, gerando desemprego em massa, falências de empresas e enormes dificuldades para os cidadãos.

Esses episódios históricos ilustram a extrema volatilidade dos mercados financeiros, que podem ser desencadeados por uma variedade de fatores, desde crises econômicas locais até desastres globais inesperados. Embora a queda atual nos mercados tenha gerado grande preocupação, ela segue um padrão observado em crises passadas, quando a reação dos investidores e a adaptação das economias globais são fundamentais para a recuperação.

O futuro dos mercados depende da forma como os governos e as empresas lidam com a atual instabilidade, e os próximos meses serão decisivos para determinar o rumo da economia global.

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