Sindicato dos Bancários manifesta receio quanto à compra do Banco Master pelo BRB

Por Luciana Amaral, repórter do Jornal Opção Entorno

A notícia da possível compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) por R$ 2 bilhões, aprovada em decisão unânime pelo Conselho de Administração do BRB, foi anunciada com entusiasmo, mas está causando desconfianças entre alguns analistas, devido aos riscos da transação.

O Sindicato dos Bancários de Brasília já se manifestou a respeito, mostrando “profunda preocupação” quanto à segurança dessa medida. “A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apontou a concentração da carteira do Banco Master em precatórios, uma carteira sem liquidez, o que agrava as incertezas em torno da aquisição proposta pelo BRB”, afirmou a instituição, em nota.

Em relação a essa polêmica, o CEO do BRB, Paulo Henrique Costa, disse à imprensa, porém, na tentativa de acalmar os ânimos, que os precatórios ficarão de fora do negócio.

“Operações de qualidade duvidosa”

Outro aspecto que chama a atenção no Banco Master é o pagamento de 140% do CDI nos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), uma taxa que está muito acima de outras instituições financeiras, além da aquisição de ações de empresas em dificuldades. “São operações de qualidade duvidosa, agressivas, com rentabilidade alta, que parece não se sustentarem ao longo do tempo”, advertiu o diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília, Ivan Amarante, em entrevista ao Jornal Opção Entorno.

Ele acrescentou que os papéis do Banco Master chegaram a ser recusados pela Caixa Econômica. “Como a gente, de repente, traz isso para o BRB, que é um banco menor?”, questionou. “Tenho todo o respeito pelo meu banco, mas temos de saber nosso tamanho e capacidade. E o BRB, em seus últimos resultados, não tem apresentado a melhor saúde financeira”.

Por fim, Ivan acredita que essa operação, se for aprovada pelo Banco Central (Bacen) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), vai ser muito mais vantajosa para o Master do que para o BRB. “Essa medida deveria passar pela Câmara Legislativa. A Lei das Estatais está aí para provar isso”, afirmou. E concluiu: “Nos próximos dias, vamos provocar os órgãos de controle, além do Ministério Público de Contas e o Ministério Público Federal, para que se atentem e se manifestem quanto a essa operação”.

Nota pública

Confira a nota do Sindicato dos Bancários de Brasília na íntegra:

“O Sindicato dos Bancários de Brasília manifesta sua profunda preocupação com a possibilidade de atos que podem caracterizar uma possível gestão temerária da atual diretoria do Banco de Brasília (BRB), diante da compra do Banco Master, no que tange diretamente o interesse público e a segurança econômica da instituição. 

A negociação para a compra de ações do Banco Master, amplamente noticiada pela imprensa, tem sido alvo de análises críticas por parte de especialistas econômicos e de outras instituições do Sistema Financeiro Nacional. Essa movimentação levanta sérios questionamentos sobre a responsabilidade na gestão do BRB e os possíveis impactos dessa decisão sobre o patrimônio público e a economia do Distrito Federal. 

Ressalta-se que, em um passado próximo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apontou a concentração da carteira do Banco Master em precatórios, uma carteira sem liquidez, o que agrava as incertezas em torno da aquisição proposta pelo BRB. 

O Conselho de Administração do banco tem competência para decidir sobre a aquisição de uma nova instituição? Ou seria de competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal? 

O Sindicato reafirma seu compromisso inabalável de atuar de forma vigilante e firme na defesa dos interesses da sociedade do Distrito Federal e dos trabalhadores do BRB. Seguiremos acompanhando de perto todas as decisões que possam comprometer a estabilidade do banco, a transparência na administração dos recursos públicos e a manutenção dos empregos dos trabalhadores da instituição. 

Reiteramos nossa cobrança para que o governador do Distrito Federal assuma sua responsabilidade na preservação do BRB como uma instituição pública, sólida e comprometida com o atendimento à população do DF, respeitando os objetivos para os quais o banco foi criado. 

Seguiremos exigindo responsabilidade e transparência na gestão do BRB, garantindo que a instituição cumpra seu papel de fomentar o desenvolvimento econômico e social do Distrito Federal, sem colocar em risco o futuro dos trabalhadores e da população brasiliense.”

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