Por que Tarcísio de Freitas não consegue resolver o problema da segurança pública em São Paulo

São Paulo vive uma crise prolongada na segurança pública. Às vezes ela se acentua e em outros momentos ela fica em uma espécie de latência. Desde que Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumiu o governo de São Paulo faltou à segurança pública do estado a postura política comprometida para o combate à violência e ao crime organizado.

Entre janeiro e outubro de 2024, o estado de São Paulo registrou 676 mortes em operações e abordagens da Polícia Militar. Os dados, extraídos da base de Dados Nacionais de Segurança Pública do Ministério da Justiça, indicam um aumento de 104% em comparação a 2022, quando 331 civis perderam a vida sob a gestão anterior. A violência nas operações da Polícia Militar de São Paulo tem intensificado a pressão política sobre Tarcísio de Freitas e o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

A indignação cresceu após uma série de episódios chocantes, como a morte de um menino de 4 anos, atingido por um tiro de espingarda calibre 12 da PM durante uma operação no litoral paulista; a execução de um homem com onze tiros pelas costas ao tentar roubar um produto de limpeza em um mercado da capital; e o flagrante de um policial militar arremessando um jovem de uma ponte em São Paulo.

No verão de 2024 a uma operação na Baixada Santista registrou 54 mortes causadas pela Polícia Militar. A operação aconteceu entre os dias 1º de janeiro e 20 de fevereiro. O número foi quatro vezes maior do que o registrado em 2023, quando houve 13 registros e é o maior já registrado desde 2017. O aumento das mortes nesta época ocorreu em meio às operações policiais realizadas pelo governo, que chegou a transferir o gabinete da Segurança Pública para a região.

Levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo mostra que entre janeiro e dezembro de 2024, a capital paulista registrou uma média de 502 celulares roubados ou furtados por dia. Foram 183.362 aparelhos subtraídos. O número representa queda de 7% em relação a 2023 quando foram roubados mais de 196 mil aparelhos. Nas ruas da maior cidade da América Latina não existe tranquilidade nenhuma andar com o celular na não e menos ainda mexer nele, seja dentro do transporte público ou em locais de classe social mais alta.

Na gestão da segurança pública, a impressão que se tem é que Tarcísio, um candidato sem grupo político para governar, se deixou levar pelas pressões de seus aliados da extrema-direita. Com isso um ex-policial, expulso da corporação por conta de sua violência acabou como titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Guilherme Derrite ingressou no batalhão especial em 2010, quando foi promovido a 1º tenente e ingressou na Rota, onde permaneceu até 2013. O grupo era comandado pelo hoje deputado federal Coronel Telhada (PP-SP). Ao deixar o batalhão, Derrite prestou concurso para o Corpo de Bombeiros.

Segundo reportagem da Revista Piauí, Derrite foi investigado por 16 homicídios durante operações policiais nas quais esteve presente ao longo de cerca de 12 anos de serviço. Nem todos os inquéritos apontam o autor do disparo fatal, portanto, não é possível saber o número exato de vezes em que teve participação direta nas mortes. Ele também chegou a ser detido por um dia pela corregedoria da PM, em 2015, depois de um áudio de sua autoria contendo críticas a oficiais vir à tona. Segundo ele, era “vergonhoso” um policial trabalhar cinco anos na rua e não ter pelo menos três ocorrências do tipo no currículo.

O problema da segurança em São Paulo está diretamente ligado ao crime organizado. A maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), hoje, está no setor produtivo, nas grandes empresas que compõem o fórum de habitação, dentro da política e também dentro da Polícia Militar.

Durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo o foco dos debates entres os candidatos foi a segurança pública. A cracolândia, por exemplo, sempre era citada com várias soluções, mas nunca, nenhum governo fez nada para barrar o tráfico de drogas na região, que fica localizada no centro de São Paulo. O que as forças de segurança fizeram foi apenas mover o fluxo, como é chamada a maior concentração de usuários, de um lugar para o outro.

Já de conhecimento da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo como a cracolândia se mantém e como traficantes e organizações criminosas operam no centro da cidade e em outros 71 pontos de concentração de usuários de drogas. A pergunta que fica é. Se o Ministério Público sabe e a Polícia Civil também, logicamente o governo de São Paulo também deve ter esta informação, mesmo assim nenhuma medida de assistência social e de segurança é tomada.

Passando para um relato mais pessoal, eu morei no centro de São Paulo por dois anos. A sensação de insegurança sempre foi algo constante, não só no centro. Em nenhum lugar da cidade eu me sentia seguro, mas minha rotina seguia e eu tinha que ir e voltar do trabalho, sair com os amigos e resolver problemas do dia a dia. Outra sensação bem presente é a sensação da falta da presença do Estado que, na periferia, amedronta com a violência policial e também não há programas assistenciais consistentes que provoquem uma mudança estrutural na vida da sociedade.

Quando o Bolsa Família foi criado, o objetivo era diminuir a extrema pobreza e acabar com a fome no Brasil. Além disso, outras mudanças se mostraram promissoras. As famílias têm direito ao valor mensal se as mães manterem seus filhos com a carteira de vacinação em dia e matriculados em uma unidade de ensino. Com isso viu-se que os casos de tuberculose despencaram já no segundo ano de programa.

A inspiração do Bolsa Família saiu de Goiás e hoje, o Goiás Social, programa que engloba uma série de benefícios, está consolidado com o programa de maior eficiência na erradicação da pobreza e na geração de oportunidade.

Tarcísio, o pretenso candidato a presidente, não resolve os problemas de São Paulo, o estado mais rico do Brasil, por pressão política e interesses duvidosos. Ele pode até querer, mas para sustentar seu “grupo político” não tem força política para provocar a mudança que o povo de São Paulo quer e precisa.

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