Por que China recebe iPhones roubados no Brasil?

O roubo de celulares no Brasil não é apenas um problema local. Muitos iPhones furtados no país acabam sendo rastreados a milhares de quilômetros de distância, em destinos inesperados como China e Hong Kong.

Esse fenômeno tem chamado a atenção, especialmente após relatos de usuários que, ao utilizarem a ferramenta de localização da Apple, descobriram que seus aparelhos cruzaram o mundo depois de serem levados por criminosos. Mas como isso acontece?

Segundo publicado pelo UOL, depois que um celular é roubado, ele pode seguir diferentes caminhos. Em muitos casos, criminosos tentam acessar contas bancárias, solicitar empréstimos ou pedir dinheiro a contatos via aplicativos de mensagem, aproveitando-se do acesso ao aparelho desbloqueado.

Outra possibilidade é que o telefone seja desmontado e tenha suas peças revendidas no Brasil. Em alguns casos, há uma tentativa de desvincular a conta da vítima para que o dispositivo seja comercializado como se fosse novo.

Quando isso não é possível, os aparelhos acabam sendo enviados para mercados internacionais onde não há acordos de bloqueio para celulares roubados, como algumas regiões da África, Rússia e partes da Ásia. Um dos métodos mais sofisticados usados pelas quadrilhas envolve campanhas de phishing.

Para desbloquear iPhones protegidos pelo iCloud, criminosos enviam mensagens falsas às vítimas solicitando que elas insiram login e senha em páginas fraudulentas. Caso os dados sejam inseridos, o aparelho é desbloqueado e pode ser facilmente revendido.

Ao UOL, segundo Fabio Assolini, diretor da Kaspersky para a América Latina, esse tipo de esquema envolve diferentes grupos especializados, desde os responsáveis pelo roubo até aqueles que lidam com desbloqueio, desmontagem e exportação dos dispositivos.

A China, especialmente Shenzhen e Hong Kong, aparece frequentemente como destino final de celulares roubados. Esse mercado paralelo é impulsionado por diversos fatores, como a forte demanda por aparelhos recondicionados e a atuação de “fazendas de cliques”, onde dispositivos são usados para inflar engajamento em redes sociais e lojas virtuais.

Além disso, a dificuldade de bloqueio internacional facilita a revenda nesses países. Embora exista uma base global de celulares roubados administrada pela GSMA, nem todos os governos aderem efetivamente a esse sistema, permitindo que os aparelhos circulem livremente em alguns mercados.

Investigações internacionais revelam que essa não é uma realidade exclusiva do Brasil. Relatórios apontam que celulares furtados na Europa e nos Estados Unidos também acabam sendo transportados para a Ásia.

Em muitos casos, eles são levados em navios dentro de “gaiolas de Faraday”, que bloqueiam sinais e impedem o rastreamento dos dispositivos durante o trajeto. Destinos como Argélia, China e Hong Kong são os mais comuns, mas há relatos de celulares roubados sendo ativados também na Nigéria e até mesmo no Brasil.

Para conter esse tipo de crime, especialistas defendem uma ação coordenada entre diferentes esferas. O governo federal precisa reforçar o controle das fronteiras e garantir a efetividade de tratados internacionais para bloqueio de celulares roubados.

Os estados devem intensificar operações de recuperação e devolução de aparelhos apreendidos, enquanto as prefeituras podem atuar na fiscalização de estabelecimentos que comercializam celulares sem procedência.

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