O drama de Tancredo Neves e a Nova República em seu principal líder

Eu lembro vagamente deste tempo. O Brasil finalizando a travessia da ditadura para a democracia. Tancredo Neves, o presidente eleito, estava internado após fazer uma cirurgia de emergência na véspera da posse. Disseram que seria breve, disseram que, em poucos dias, o Presidente Tancredo estaria despachando no Palácio do Planalto. Disseram tanta coisa. Eu lembro vagamente de algumas imagens que as televisões mostravam. E lembro da minha mãe torcendo pela recuperação de Tancredo.

O presidente estava internado no Hospital de Base, em Brasília. Muitas pessoas se aglomeravam na porta para saber notícias dele. O jornalista Antonio Britto, porta voz de Tancredo, lia os boletins médicos. Era um desafio falar da saúde do homem público mais importante da República de forma clara para que todos pudessem entender e se tranquilizar. Mas como ficar tranquilo se Tancredo Neves nem tomou posse? Como ficar tranquilo se o presidente interino, até pouco tempo atrás, era aliado da ditadura?

O estado de saúde de Tancredo era complicado e isso ficou evidente em 26 de março de 1985, quando ele foi transferido de Brasília para São Paulo. A luta pela vida seria intensificada no Hospital das Clínicas. As ruas em torno do HC ficaram tomadas de gente rezando pelo presidente eleito, por Dona Risoleta, pelos médicos. Mais uma vez Tancredo seria operado. Mais boletins médicos, mais coletivas com António Britto. Entre melhoras e pioras no quadro clínico, o Brasil oscilava entre esperança e agonia.

Até 21 de abril seria assim. E as imagens daquele tempo de redemocratização eram gravadas na mente daquele menino que não entendia a aflição da mãe ao ver o Jornal Nacional.

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