Chanceler do ex-presidente Michel Temer, o ex-senador Aloysio Nunes avalia que há um esgotamento do regime de Nicolás Maduro na Venezuela e vê uma evolução da oposição desde as eleições de 2018, quando os adversários do líder venezuelano boicotaram o pleito.
Nunes estava à frente do Ministério das Relações Exteriores quando Maduro foi reeleito com 68% dos votos válidos em eleições contestadas. O líder venezuelano chega às eleições deste domingo (28) em um contexto distinto, afirma o ex-senador, que hoje representa a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Bruxelas. As informações são da coluna Painel, da Folha de São Paulo.
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“A minha sensação, pelas informações que tenho, é que há um esgotamento do regime do Maduro”, diz. “Ele vem perdendo boa parte da sua base popular. Há a ideia de que o regime vai se esgotando à medida que não tem mais nada de novo a propor para tirar Venezuela do cerco em que ela se encontra em razão das sanções que incorrem sobre o governo do Maduro, especialmente das sanções norte-americanas.”
Para o ex-senador, uma eventual troca de governo na Venezuela não traria mudanças na relação com o Brasil. “Eu acho que se porventura ganhar a oposição, as relações com o Brasil vão ser muito boas. Não vejo nenhuma razão para qualquer tipo de estremecimento”, afirma. “Pelo contrário. O Brasil foi um participante ativo na negociação de Barbados [sobre diálogo político na Venezuela], prestigiou o acordo que foi feito entre a oposição e o governo e tem cobrado eleições limpas.”
Nunes também vê uma evolução no comportamento da oposição desde 2018, quando boicotou as eleições. “A oposição, primeiro, se unificou. Segundo, resolveu jogar segundo as regras do jogo estabelecido no acordo que fizeram com o governo há cerca de um ano atrás. Terceiro, tem uma plataforma unitária prevendo inclusive uma transição negociada com o atual governo”, disse.
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