Terceiro dia de greve em São Luís: população perde consultas hospitalares e alunos faltam às aulas


Apesar de os ônibus do transporte semiurbano terem voltado a circular, a frota não é suficiente para atender a demanda da capital, pois os coletivos já saem lotados de seus bairros de origem, em outros municípios da Grande São Luís. Terceiro dia de greve em São Luís: população perde consultas hospitalares e alunos faltam às aulas
Reprodução/TV Mirante
A greve dos rodoviários chegou ao terceiro dia em São Luís, causando transtornos à população que precisa sair de casa. Apesar de os ônibus do transporte semiurbano, que abrange São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, terem voltado a circular, a frota não é suficiente para atender a demanda da capital, pois os coletivos já saem lotados de seus bairros de origem, em outros municípios da Grande São Luís.
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Terceiro dia de greve em São Luís
Reprodução/TV Mirante
Com poucos ônibus circulando, as pessoas continuam usando o transporte alternativo e pagando passagens mais caras.
“É muito complicado, porque esse ônibus, a gente fica à mercê dos carrinhos, dos aplicativos e às vezes é bem mais caro, bem mais caro do que o normal. Não tem como a gente botar o preço”, lamentou Diogo.
A greve está prejudicando o funcionamento de diversos órgãos e instituições por toda a capital. Entre os prejudicados estão os cidadãos que tinham consultas e exames agendados nas redes de saúde públicas da capital. Eles são pacientes que, comumente, esperam longos períodos para conseguir atendimento, mas não estão conseguindo ir às unidades hospitalares por falta de transporte.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MA), os pacientes que, de repente, tiverem perdido as suas consultas, devem procurar presencialmente cada unidade de saúde, para tentar a remarcação.
Já a Secretaria Municipal de Saúde de São Luís (Semus) informou que, por causa da paralisação do transporte público, está entrando em contato com cada paciente que não compareceu ao dia da sua consulta, exames ou qualquer outro tipo de procedimento e que essas consultas devem ser remarcadas por meio desse contato por telefone.
Os pacientes que não conseguirem comparecer devido a paralisação, também, podem procurar a unidade onde o atendimento foi agendado para fazer o reagendamento do serviço.
Quanto ao Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), as equipes de atendimento foram orientadas a priorizar todos os reagendamentos pra que as pessoas não esperem ainda mais pra poder se consultar.
Os pacientes que perderam as consultas devem procurar o HU presencialmente ou ligar para tentar o reagendamento, por meio do telefone: (98) 2109-1233.
Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), os atendimentos também foram afetados pela greve. Segundo o diretor da instituição, há uma corrente de carona entre os funcionários e uma força-tarefa usando a frota da associação para poder manter os serviços.
Terceiro dia de greve em São Luís: população perde consultas hospitalares e alunos faltam às aulas
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Com isso, nenhum funcionário tem faltado ao trabalho, mas grande parte do público esperado para as terapias e outros atendimentos não tem aparecido, porque não tem o transporte público adequado.
“Em torno de 30 a 40% deixam de vir fazer seus procedimentos, porque não tem o transporte público adequado neste momento em detrimento da greve”, destacou Wanderlan Rolin, diretor executivo da Apae.
Nas salas das escolas, muitas cadeiras estão vazias e professores sem ninguém para dar aula. Por causa da greve, algumas escolas estaduais de São Luís estão tentando manter as aulas de forma online para minimizar os prejuízos, como é o caso do Liceu Maranhense.
“A escola tem feito o contato com os nossos alunos nas nossas páginas sociais, indicamos o conteúdo do dia. O nosso aluno vai, então para o link indicado, assiste a aula daquele dia. Dessa forma, a gente não perde o dia letivo, a gente não atrasa o calendário e o nosso aluno não fica sem ter o conhecimento durante o período da greve”, explicou Deurivan Sampaio, diretor do Liceu Maranhense.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) afirmou que as aulas presenciais seguem com os alunos e professores que não dependem do transporte público e que as gestões escolares vão organizar o calendário para a reposição da carga horária aos estudantes afetados e avaliar a possibilidade de aulas online
Já a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que as aulas nas escolas municipais seguem normalmente, apesar da greve dos rodoviários. A Semed destacou que as escolas foram orientadas a permanecerem abertas e avaliar individualmente a situação de cada estudante e professor.
Greve dos rodoviários afeta pessoas que tinham exames e consultas na rede pública
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Rodoviários de São Luís sem acordo
Na audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região no Maranhão (TRT-MA), em São Luís, no fim da tarde dessa terça-feira (18), não houve acordo entre os rodoviários do transporte urbano, que é regulado pela prefeitura de São Luís.
Durante a audiência, a Prefeitura de São Luís não apresentou nenhuma contraproposta à categoria. As negociações serão retomadas em uma nova audiência de conciliação marcada para esta quarta-feira (19), às 11 horas, na sede do TRT.
Na mesma audiência, houve acordo com os rodoviários do transporte semiurbano, que é administrado pelo governo do Estado. Na reunião, o governo do Maranhão, por meio da Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) e a Secretaria de Estado de Monitoramento de Ações Governamentais, propôs reajuste no pagamento de subsídios aos sindicatos patronal (SET) e dos trabalhadores (STTREMA), resultando em acordo para o fim da greve no sistema semiurbano da Grande São Luís, sem reajuste de passagens.
Segundo o governo, a proposta aprovada prevê aumento de 7% no salário dos trabalhadores e um reajuste de 10% no valor do tíquete de alimentação. As empresas, por sua vez, deverão colocar em circulação 10 ônibus novos e 40 seminovos no sistema semiurbano.
Com o acordo, o transporte semiurbano voltou a circular nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (19). De acordo com a última atualização divulgada pela MOB, o sistema semiurbano de transporte público da Grande São Luís conta com 444 ônibus, entre ativos e reservas, operados por 19 empresas em 82 linhas.
Transporte por aplicativo e nova licitação em São Luís
A Câmara Municipal de São Luís aprovou nessa terça-feira (18), em caráter de urgência, o projeto de lei encaminhado pelo prefeito Eduardo Braide (PSD) que autoriza a prefeitura a contratar novas empresas de ônibus e bancar corridas por aplicativo para os cidadãos.
Com isso, o contrato firmado em 2016 com as empresas de transporte público que já atuam no município e estava previsto para durar 20 anos será revogado. Já o subsídio para corridas de aplicativos tem validade até o fim da greve dos rodoviários, que começou na segunda-feira (17).
Segundo o prefeito Eduardo Braise, o dinheiro usado para o pagamento das corridas será descontado do pagamento do subsídio anual de R$ 89 milhões que é repassado pelo Município às empresas de transporte. O valor é destinado para a melhoria de serviços no transporte público.
O prejeto de lei foi sancionado ainda nessa terça pelo prefeito, entretanto, a Prefeitura de São Luís ainda não explicou como será feita a licitação nem como vai funcionar as corridas por aplicativo para a população da capital.
Contrato estava sendo descumprido
Segundo a Prefeitura de São Luís, o contrato em vigência com os consórcios que atuam no transporte público de São Luís havia cláusulas que estavam sendo descumpridas pelos empresários. Veja, abaixo, alguns pontos que não estavam sendo cumpridos:
Aumento para 847 ônibus na frota do transporte público de São Luís (atualmente só operam 600 ônibus);
100% dos ônibus com acessibilidade para pessoas com deficiência;
80% dos ônibus da frota com sistema de ar-condicionado até 2023;
Em caso de substituição dos ônibus, os novos deveriam vir com ar-condicionado.
Greve dos rodoviários
Terceiro dia de greve em São Luís: população perde consultas hospitalares e alunos faltam às aulas
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Os rodoviários do transporte público de São Luís e de toda região metropolitana iniciaram uma greve geral desde as primeiras horas dessa segunda-feira (17).
A paralisação foi confirmada pelo Sindicato dos Rodoviários do Maranhão (Sttrema), após a reunião realizada para tratar das exigências da categoria terminar sem acordo na última sexta-feira (14). Veja, abaixo, o que pede a categoria:
Ticket de alimentação para motorista que trabalha junto com o cobrador: R$ 1.300;
Ticket para motorista que atua, também, como cobrador: R$ 1.500,00;
Reajuste salarial de 15% para motorista que trabalha junto com o cobrador: R$ 2.961,25;
Reajuste de 25% para motorista que atua, também, como cobrador: R$ 3.218,75;
Inclusão de dois dependentes no plano de saúde e odontológico;
Seguro ao motorista em caso de falecimento, entre outros.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (SET) obteve na Justiça uma liminar determinando que 80% da frota do transporte coletivo de São Luís circule durante a greve, mas a decisão não está sendo cumprida.
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