Danone quer 30% dos insumos vindos de fazendas com pecuária regenerativa

No final de 2023, a multinacional francesa Danone reuniu fornecedores em Poços de Caldas (MG), onde fica uma de suas indústrias, para lançar o programa Jornada Flora e reafirmar a meta de ter 30% de seus insumos vindos de propriedades com pecuária regenerativa até o final do ano.

Passado pouco mais de um ano desde do lançamento, cujo aporte inicial foi de R$ 3 milhões, a empresa que comercializa produtos em mais de 120 mercados, comemora os primeiros avanços e está bem próxima de bater a meta.

“Essa é uma meta que já estamos trabalhando há alguns anos e aqui no Brasil já estamos perto disso”, afirma o diretor de compras da Danone, Henrique Borges.

Atualmente, cerca de 20% dos 500 mil litros de leite captados diariamente pela Danone já são de baixo carbono, algo em torno de 100 mil litros.

O volume se manteve estável em relação ao último ano, já que o cenário de juros altos faz o consumidor brasileiro comprar com mais cautela, especialmente iogurtes e sobremesas lácteas, fora da lista de itens básicos.

Ainda assim, a dona das marcas Paulista, Danette, Activia, YoPro e Danoninho, compra ao ano, cerca de R$ 40 milhões em leite de seus fornecedores.

Na prática, a Jornada Flora engloba uma série de programas que contemplam desde a gestão das propriedades, manejo de solo, boas práticas agrícolas e trabalhistas, além de questões comerciais.

“Com isso criamos um ciclo virtuoso, onde acontece o fortalecimento do negócio em todas as frentes, resultando em um leite de melhor qualidade e com menor impacto”, avalia.

Os primeiros pilotos começaram ainda em 2020 e os resultados já podem ser vistos no campo a olho nu. Nesse tempo, a produtividade média de leite por hectare nas propriedades participantes cresceu 142%.

Borges conta que as propriedades mais eficientes do programa chegam a ter produtividade até quatro vezes superior à média da região.

Os 233 produtores que participam dos programas respondem por uma área de 9.659 hectares em Minas Gerais, em um raio de até 300 quilômetros de Poços de Caldas, onde estão as fábricas da Danone. Desses, 156 participam do Jornada Flora e pouco mais de 60 no Fazenda Tudo de Bem.

Este último fornece acompanhamento mensal de técnicos e especialistas para manejo, investimentos em tecnologias, boas práticas e bem estar animal, que visam a melhora na eficiência das propriedades.

Como, atualmente, 67% dos fornecedores de leite são pequenos proprietários, com produção média diária abaixo de mil litros, Borges explica que o impacto dos programas no longo prazo permite que esses produtores possam investir no aumento da produção para que se fortaleçam e ganhem independência.

“Temos casos de produtores que produziam menos de mil litros ao dia e hoje já estão na faixa seguinte, entre mil e cinco mil”.

Ele conta que alguns produtores, conforme se tornam maiores e mais eficientes, acabam deixando o programa e diversificando o fornecimento, o que para Borges é um ganha-ganha.

“Dessa forma contribuímos para a melhora da qualidade do mercado leiteiro e podemos investir no desenvolvimento de outros pequenos produtores que chegam, para que também cresçam”, afirma.

Com a implantação de ações de assistência técnica e orientação sobre manejo, a média de produção de leite entre as propriedades participantes cresceu 4% somente em 2024. “Também tivemos uma queda de 43% de uso de antibióticos nas fazendas, graças às orientações das equipes técnicas”, pondera Borges.

Como consequência, a produção de carbono por litro de leite produzido também diminuiu, passando de 2,36 quilos em 2020 para 1,21 quilo no final de 2024. “Isso mostra o quanto a eficiência das propriedades cresceu em pouco tempo”, avalia.

Até o final do ano, a Danone prevê investir R$ 6 milhões na Jornada Flora para o desenvolvimento dos programas. Na parte da lavoura, os produtores contam ainda com assistência técnica para a adoção de práticas de agricultura regenerativa por meio do programa Semear.

Como consequência, os produtores percebem rapidamente o aumento da produtividade de suas áreas. “Na semana passada estive em uma fazenda onde a produtividade média passou de 55 toneladas de milho por hectare para 75 toneladas”, comemora.

Além da produtividade, os pequenos e médios produtores também sofrem para equalizar os custos e fechar as contas. Por isso, a Danone criou debaixo do guarda-chuva da Jornada o programa Central de Compras.

Nesse formato, a negociação e aquisição dos insumos é centralizada na companhia, que ao comprar em grandes quantidades, consegue negociar melhores preços e condições de pagamento. A entrega dos produtos é feita de forma personalizada, diretamente ao produtor.

Com isso, o custo médio do produtor com a aquisição de insumos por meio do Central de Compras foi reduzido em 2,85% no ano passado.

Para dar uma dimensão do quanto isso significa em valores reais, Borges faz uma mercado a Danone enfrentou uma situação delicada após a fala do diretor financeiro da companhia, Jurgen Esser, em outubro passado, alegando que a empresa deixaria de comprar soja do Brasil, no campo, os trabalhos seguiram a todo vapor.

“Nós compramos soja livre de desmatamento e rastreada e com as ações da Central de Compras, possibilitamos que os nossos fornecedores também tenham acesso à soja da mais alta qualidade e que seguem os padrões ambientais e de segurança exigidos”, pondera Borges.

“Antes esse produtor ia adquirir o insumo na loja agropecuária da cidade e pagava mais caro, com o programa conseguimos negociar diretamente com os grandes players e eliminar esses custos intermediários da cadeia”, avalia.

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