Hamas suspende libertação de reféns após violações de Israel ao cessar-fogo

O Hamas anunciou nesta segunda-feira (10) que suspenderá a liberação de reféns israelenses “até segunda ordem”, alegando que Israel não cumpriu os termos do cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro. 

A decisão levou o governo de Benjamin Netanyahu a convocar reunião de emergência do gabinete de segurança, enquanto a extrema direita israelense intensifica as pressões pelo fim da trégua e a retomada da ofensiva em Gaza.

O porta-voz do Hamas, Abu Obeida, afirmou que Israel impôs restrições à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e atacou palestinos que tentavam retornar ao norte do enclave. 

“A liberação dos prisioneiros, que estava programada para o próximo sábado (15), será adiada até que a ocupação cumpra com suas obrigações”, declarou Obeida.

“A libertação dos prisioneiros, que estava programada para o próximo sábado, 15 de fevereiro de 2025, será adiada até novo aviso, pendente do cumprimento da ocupação e do cumprimento retroativo das obrigações das últimas semanas”, declarou Obeida.

“Reafirmamos nosso comprometimento com os termos do acordo, desde que a ocupação os cumpra”, completou o porta-voz do braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam.

Ubaida também mencionou os “atrasos em permitir que os palestinos deslocados retornem ao norte de Gaza, alvejando-os com ataques aéreos e tiros em várias áreas da Faixa, e falhando em facilitar a entrada de ajuda humanitária conforme acordado”.

Mais tarde, o Hamas disse que “a porta continua aberta” para que a troca aconteça no sábado — se Israel “cumprir”, de acordo com a agência de notícias AFP.

Israel reagiu militarmente, elevando o alerta das suas forças e deslocando tropas para posições estratégicas na Faixa de Gaza. O ministro da Defesa, Israel Katz, classificou a medida do Hamas como “violação direta” do acordo e declarou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) estarão prontas para qualquer cenário. 

“Não voltaremos à realidade de 7 de outubro”, disse Katz, referindo-se ao ataque do Hamas que deu início ao conflito.

Trump intervém e extrema direita israelense reforça pressão por retomada da guerra

Horas após o anúncio do Hamas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma declaração ameaçadora que coloca novamente o povo palestino em Gaza em risco. Trump afirmou que, se todos os reféns não forem libertados até o meio-dia de sábado, “todo o inferno se desencadeará” sobre o enclave.

Nas últimas semanas, Trump tem defendido que os Estados Unidos assumam o controle da Faixa de Gaza e que os palestinos sejam realocados para Jordânia e Egito, como parte de um plano de “reconstrução”. A proposta de uma “Riviera do Oriente Médio” recebeu fortes críticas da comunidade internacional que acendeu o alerta para uma possível limpeza étnica perpetrada por Trump.

Líderes de países como Egito, Jordânia e Arábia Saudita rejeitaram categoricamente a proposta, denunciando-a como uma tentativa de deslocamento forçado da população palestina, o que violaria o direito internacional.

A extrema direita israelense celebrou as declarações de Trump e voltou a exigir que Netanyahu retome a ofensiva militar. 

A extrema direita israelense celebrou as declarações de Trump e voltou a exigir que Netanyahu retome a ofensiva militar. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, declarou: “Temos que emitir um ultimato ao Hamas. Cortar eletricidade e água, interromper a ajuda humanitária. Abrir os portões do inferno”. 

Já Itamar Ben Gvir, que deixou o governo em protesto contra a trégua, afirmou: “Trump está certo. Precisamos retomar a destruição do Hamas agora”. 

A crise se intensifica dentro do próprio governo israelense. Netanyahu enfrenta forte pressão da extrema direita para romper o cessar-fogo, mas também de familiares de reféns que exigem que as negociações continuem. Protestos ocorreram em Tel Aviv e Jerusalém na noite de segunda, com milhares de pessoas pedindo que o governo israelense mantenha o acordo e garanta a liberação dos reféns restantes.

Até agora, 16 dos 33 reféns israelenses previstos para serem libertados na primeira fase do acordo já foram soltos, além de cinco trabalhadores tailandeses que estavam em cativeiro. Em troca, Israel libertou centenas de prisioneiros palestinos.

Risco de colapso do cessar-fogo e impacto humanitário

A ONU e mediadores como Catar e Egito tentam evitar o colapso do cessar-fogo, mas a situação permanece instável. O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que ambas as partes respeitem o acordo, alertando para uma catástrofe humanitária caso a guerra seja retomada.

A crise também expõe a hesitação de Netanyahu em seguir para a segunda fase do acordo, que poderia prolongar a trégua. A extrema direita israelense rejeita essa possibilidade e pressiona por uma solução militar definitiva contra o Hamas, colocando Netanyahu em um dilema político.

A próxima semana será decisiva para definir os rumos do cessar-fogo e das negociações para a libertação dos reféns. Enquanto isso, Gaza continua enfrentando uma crise humanitária grave, com milhares de pessoas deslocadas e escassez de recursos essenciais.

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