MP-SP cita ‘traços de imaturidade’ em manifestação contra pedido para Cristian Cravinhos cumprir pena fora da cadeia


Promotoria se posicionou contra progressão de Cravinhos para o regime aberto após laudo de exame psicológico apontar que detento tem “dificuldade em lidar com emoções”. MP-SP cita ‘traços de imaturidade’ em manifestação contra pedido para Cristian Cravinhos cumprir pena fora da cadeia
Carlos Dias/G1
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirmou que Cristian Cravinhos, preso na P2 de Tremembé pelo assassinato do casal Richthofen em 2002, apresenta “traços de imaturidade” e se manifestou contra o pedido do detento para cumprir o restante da pena fora da cadeia.
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A manifestação foi feita nesta quinta-feira (30) pelo promotor de Justiça Gustavo Jose Pedroza Silva após a inclusão do laudo do Teste de Rorschach no processo. Para ele, “a conclusão é bem analítica e mostra a inadequação social do sentenciado”.
Além de Cravinhos, outros presos envolvidos em casos de grande repercussão também passaram por esse exame antes da progressão. Entre eles estão Alexandre Nardoni, Suzane Richthofen, Mizael Bispo e Gil Rugai, por exemplo.
No caso de Cristian, o laudo do exame apontou que ele tem “dificuldade em lidar com as emoções de forma espontânea, optando predominantemente por estratégias de racionalização e distanciamento emocional”.
O laudo também aponta percepção mais limitada do outro, o que sugere possível dificuldade nas relações interpessoais. Também cita que, caso seja concedido o regime aberto, será necessário acompanhamento psicológico constante e monitoramento intensivo, para minimizar riscos de reincidência.
Para o promotor, as características apontadas no laudo “permitem a conclusão de que o reeducando ainda necessita de melhorias no âmbito interno para que possa tornar ao seio da sociedade”. Citou ainda a gravidade dos crimes, a elevada pena imposta (48 anos) e a distante previsão de término dela (2041) para se posicionar contra o pedido.
“O indeferimento é de rigor se o laudo se posicionou contrariamente ou permitiu margem à duvidas, até porque a exposição de motivos da Lei de Execuções Penais sustenta que a “progressão deve ser uma conquista do condenado pelo seu mérito”, diz o promotor no documento.
Ainda não há uma decisão da Justiça.
O g1 acionou a defesa de Cristian Cravinhos, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno. A matéria será atualizada caso a defesa se manifeste.
Justiça determina que Cristian Cravinhos faça novo exame criminológico
Teste de Rorschach
Veja outros pontos indicados no laudo do exame feito por Cristian Cravinhos:
expressão afetiva marcadamente rígida e controlada;
dificuldade em compreender e integrar suas emoções de maneira objetiva, resultando em reações que são frequentemente influenciadas por fantasias e ideias pouco realistas;
embora tenha conhecimento das normas sociais, Cristian não se identifica com elas, o que pode indicar dificuldade em internalizar valores sociais de maneira consistente;
apesar de demonstrar um nível adequado de assimilação e aceitação das normas e padrões sociais, Cristian não parece identificar-se plenamente com eles;
demonstra atenção excessiva aos fatos externos, que se acompanha de uma exigência de autocontrole exacerbada, o que o leva a julgar a realidade com maior rigor e apego ao que lhe é mais familiar;
demonstra capacidade de relacionar-se facilmente com o meio externo e com os outros, ao mesmo tempo em que é capaz de deter-se em suas próprias ideias e reflexões;
recorre predominantemente à racionalização e ao distanciamento emocional como estratégias para preservar o controle sobre suas emoções, evitando a manifestação espontânea de seus impulsos internos.
O crime
Cristian foi condenado por participar do assassinato do casal von Richthofen junto de seu irmão Daniel Cravinhos, que à época era namorado de Suzane von Richthofen, também condenados pelo crime.
Atualmente, Cristian cumpre pena em regime semiaberto na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, conhecida como P2 de Tremembé. O local recebe presos de outros casos de repercussão, como, por exemplo, o ex-jogador de futebol Robinho.
Cravinhos chegou a progredir para o regime aberto em 2017, quando se cumpre a pena fora da prisão, mas perdeu o benefício depois de ser detido em uma confusão em que tentou subornar policiais.
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