Prévia da inflação assusta e reforça trajetória restritiva da Selic, mas barra para aperto maior é alta

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Prévia da inflação assusta e reforça trajetória restritiva da Selic, mas barra para aperto maior é alta. (Imagem: joaogbjunior/Pixabay)

A prévia da inflação de janeiro assustou o mercado, com uma alta maior do que o projetado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,11%, frete à projeção de queda de 0,01%.

O cenário reforça a expectativa de uma trajetória mais restritiva para a Selic. O Banco Central (BC) deve seguir pressionado a entregar o guidance, de aumento de 1 ponto percentual (p.p.) nas reuniões de janeiro e março.

Uma elevação do ritmo de alta nos juros acima do indicado pelos diretores, no entanto, tem baixa probabilidade de acontecer, devido às falas de Gabriel Galípolo e Diogo Guillen, afirma a economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro.

“Ambos, afirmaram que a ‘barra é alta’ para mudança do forward guidance. A abertura foi ruim, mas muito é em parte sazonal e a expectativa do BC é que o aperto monetário tenha efeito sobre a demanda e reduza as pressões sazonais sobre a inflação ao longo do ano”, diz.

Segundo a economista, a abertura do IPCA-15 foi “bastante ruim”, com destaques para: serviços subjacentes (+0,96%) e bens comercializáveis (+0,93%). Além disso, houve pressão na inflação de artigos de residência, saúde e despesas pessoais — mostrando demanda aquecida e serviços pressionados.

Em linha, o analista econômico do BTG Pactual, Bruno Balassiano, explica que o resultado acima das expectativas foi explicado em parte por segmentos voláteis ou fatores não recorrentes, como passagem aérea e energia elétrica.

Essas surpresas foram parcialmente compensadas por leituras mais baixas em alimentação no domicílio e bens industriais.

Balassiano cita ainda quatro destaques:

  • Forte aceleração da inflação de aluguéis e condomínio. Esses subitens tem peso elevado e vinham há muitos trimestres apresentando uma dinâmica particularmente benigna. O resultado de hoje, no entanto, aponta para um repasse intenso da alta do IGP-M e do IPCA nos contratos de aluguel;
  • Serviços intensivos em trabalho seguem acelerando;
  • Difusão dos serviços muito elevada; e
  • Downplay na surpresa baixista em bens industriais. “O segmento ainda é afetado pela dinâmica de Black Friday, acelerando devido ao fim dos descontos. Mas isso aumenta a incerteza para o segmento. Além disso, a maior surpresa baixista foi em um segmento – vestuário – que tende a desacelerar em janeiro devido à sua sazonalidade”.

Para o analista, o resultado de hoje aponta para uma piora relevante na dinâmica de serviços e deve resultar em revisão altista na projeção para o IPCA fechado de janeiro.

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