Difusão Amarela: oito goianos desaparecidos são procurados pela Interpol em 196 países

A lista pública da Difusão Amarela de desaparecidos da Interpol – a Polícia Internacional – conta com 82 brasileiros que podem estar em um dos 196 países, que fazem parte da rede mundial de cooperação das forças de segurança pública. Deste total, oito são goianos ou desapareceram em Goiás, segundo levantamento do Jornal Opção

LEIA TAMBÉM

Alerta Vermelho: 20 goianos são incluídos na lista de foragidos da Interpol e número chega a 80

Redes sociais são usadas para exploração sexual e tráfico de pessoas em Goiás

A última vítima goiana incluída na lista que, ao todo, possui 10.320 nomes públicos, foi Letícia Oliveira Alves, de 37 anos. Natural de Goiânia, a mulher sumiu há pouco mais de um ano, em Boston, nos Estados Unidos.

No cartaz de desaparecida, consta que a última vez que Letícia foi vista foi em 15/12 de 2023, quando tinha 36 anos. A Interpol acredita que ela ainda esteja no país norte americano, onde morava de forma ilegal. 

Já Rosana Ferrari Pandim, atualmente com 62 anos, figura na Difusão Amarela como a vítima com o maior tempo desaparecida, em Goiás. De origem paulista, a idosa sumiu em 23/11 de 1973 quando tinha 11 anos, em Goiânia. O possível país onde ela possa estar não consta na lista e a Polícia Civil de Goiás (PC-GO) não tem registro de Rosana no banco de dados da corporação.

Ainda constam na lista:

  • Mayra da Silva Paula: Natural de Ceres, a mulher desapareceu no dia 03/07 de 2009, aos 15 anos. O local do desaparecimento não consta na lista da interpol, assim como o país em que ela possa estar. Atualmente (se viva), a mulher estaria com 35 anos. A reportagem apurou que o caso, na época do sumiço, era investigado pela Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH) da PC-GO como homicídio.
  • Marcelo Gomes de Souza Ramos: Fluente em Inglês, o anapolino desapareceu em 21/11 de 2012, quando tinha 30 anos. Atualmente com 42 anos, a Interpol acredita que ele possa ter passado pelo México, Estados Unidos ou Guatemala. Não há registros de Marcelo na PC-GO.
  • Denis Carlos Mendonça: Natural de Uruaçu, Denis desapareceu em 29/03 de 2023, na França, aos 34 anos. Atualmente com 36 anos, o paradeiro dele é indefinido, segundo a Interpol. Assim como Rosana e Marcelo, a PC-GO não tem registro dele.
  • Luciano Tadeu Rodrigues Junior: O homem, de 30 anos, desapareceu em 14/07 de 2022, aos 28 anos, em Goiânia. A reportagem apurou que ele atuava como mula do tráfico, tendo desaparecido durante uma viagem exercendo a função na fronteira da Venezuela com o México. A Interpol acredita que ele ainda possa estar em um dos dois países.
  • Maycon Eder Alves de Jesus: Goianiense, a vítima desapareceu em 03/08 de 2017, aos 23 anos. Atualmente com 30 anos, o jovem tentou entrar de forma ilegal nos Estados Unidos com a ajuda de “coiotes”, mas acabou desaparecendo na fronteira com o México. A Interpol acredita que ele possa ter passado pelos Estados Unidos, Bahamas e/ou República Dominicana.
  • Juliana Pereira de Morais: Natural de Goiânia, a criança de nacionalidade brasileira e paraguaia desapareceu quando tinha apenas 1 ano de idade em 13/04 de 2017, na cidade de San Ignacio de Loyola, no Paraguai. Hoje, com 8 anos, a polícia acredita que ela possa ter passado pela Argentina e pelo próprio Paraguai. 

Pai busca por Juliana 

Desde que desapareceu, o pai de Juliana tenta reencontrar a filha. O pedreiro Vanderlei Borges, acredita que a criança tenha sido vendida pela ex-esposa, que supostamente foi aliciada por um grupo de mulheres. 

“Minha filha entrou dentro de um carro e depois nunca mais a vi. Acredito que eu vou recuperá-la de volta, vou trazer ela de volta para casa. Nunca perdi a esperança”, explicou ao Jornal Opção.

Vanderlei conta que perdeu contato com a ex-companheira e com os parentes dela depois do desaparecimento de Juliana. O caso é investigado pela Polícia Federal (PF). 

“Eu acredito que não esteja na mão da mãe. Acho que ela desfez da criança, que vendeu para alguém da Argentina. Estou de mãos atadas, enquanto espero ajuda do poder público nos últimos oito anos”, reforçou. 

Em 2024, houve um caso de tráfico de pessoas registrado por dia no Brasil. O Ministério dos Direitos Humanos catalogou, de 1° de janeiro a 7 de abril, 98 violações relacionadas ao tráfico humano no país. No decorrer de 2023, o ministério contabilizou 336 violações. Foi o último levantamento sobre o assunto divulgado por órgãos ligados ao governo federal. 

Difusão Amarela

Segundo o delegado de Polícia Federal e chefe da Interpol no Brasil, Fábio Mertens, a Difusão Amarela é uma ferramenta de cooperação internacional. A lista emite um alerta mundial para a localização de pessoas desaparecidas ou que não estejam respondendo por si mesmas, como no caso de pessoas traficadas e/ou exploradas. 

Diferente da Difusão Vermelha – de procurados internacionais – a lista de desaparecidos não precisa de autorização judicial para ser publicada, segundo Mertens. 

“Para que se publique uma Difusão Amarela, basicamente tem que ter a situação de uma pessoa desaparecida. Não importa raça, cor, religião, sexo ou idade. Ao procurar qualquer núcleo de cooperação internacional nas sedes das superintendências da Polícia Federal em todo país, o pedido é enviado à sede nacional da Interpol, em Brasília, onde é remetido à sede nacional do órgão, na França”, explicou ao Jornal Opção.

As buscas pelos desaparecidos são realizadas pelas próprias forças de segurança do possível local onde a vítima está, de acordo com o delegado. Ou seja, no caso de Juliana, as buscas são realizadas pela polícia paraguaia e argentina.

“Há uma troca de informações entre o Brasil e o país onde a vítima está. A partir disso, o país terá a competência de realizar as investigações de localização com base em suas próprias leis. Nem sempre a autoridade policial do país onde a pessoa está tem autorização para tomar medidas imediatas de resgate. Às vezes a pessoa não está em situação de vulnerabilidade, está desaparecida porque quer”, concluiu.  

O post Difusão Amarela: oito goianos desaparecidos são procurados pela Interpol em 196 países apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.