Com Globo de Ouro de Fernanda Torres, Oscar 2025 deve ter clima de Copa para brasileiros

A cerimônia do Globo de Ouro deste ano entrou para sempre na história do cinema nacional. Pela primeira vez, e superando todas as expectativas, uma atriz brasileira conseguiu levar um troféu para casa. Fernanda Torres, filha da extraordinária Fernanda Montenegro, venceu a disputa na categoria Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação no filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, desbancando lendas da atuação tais quais Tilda Swinton, Kate Winslet e Nicole Kidman.

Tilda, inclusive, foi uma das que se puseram de pé para aplaudir Fernanda ao ouvir o anúncio do nome da brasileira vindo dos lábios da também incomparável Viola Davis. No Brasil, a milhares de quilômetros de Los Angeles, onde aconteceu a premiação, a euforia foi generalizada. Ainda na madrugada, milhares de publicações, comentários, memes e vídeos de comemoração inundaram as redes sociais e os sites de notícias.

Com montagens que mostravam de cenas de Entre Tapas e Beijos, com Fernanda Torres no papel da nossa eterna Fátima, ao momento, em 1999, quando sua mãe perdeu o Globo de Ouro para a atriz Cate Blanchett, os vídeos compartilhados de forma ininterrupta traziam o grito de orgulho do brasileiro por ter, pela primeira vez na história, uma premiação dessa magnitude – e sendo entregue a uma artista tão amada e ligada à memória afetiva de todos.

Acontece que Fernanda Torres não foi a primeira artista brasileira a ser indicada ao Golden Globes. Também tivemos outros gênios da atuação, como Wagner Moura, Sônia Braga e a própria Fernanda Montenegro. Mas foi a filha de Montenegro a primeira a conseguir o feito de, realmente, vencer a competição, o que provocou o êxtase do brasileiro. E além disso, é difícil dizer se poderia haver tamanho engajamento e comemoração pela vitória de outro artista nacional tal como estamos assistindo hoje.

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Não somente pelo reconhecimento coletivo ao seu talento na atuação (e também na literatura) e por ser filha de quem é, Fernanda Torres transita de forma sólida no imaginário da população brasileira. Personagens como Vani, de Os Normais, e Fátima, de Entre Tapas e Beijos, sempre estiveram presentes nos lares brasileiros, arrancando gargalhadas e admiração por décadas. Trabalhos primorosos da atriz no cinema, tais como Casa de Areia e Terra Estrangeira (esse segundo também dirigido por Walter Salles) podem até não ser muito conhecidos do grande público, mas quem, independente de classe social, gênero e nível de instrução, nunca caiu na risada com Fátima ou Vani?

A filha de Fernanda Montenegro não só é próxima do grande público, como integra o rol de “queridinhos” dele, o que gera um engajamento inacreditável em cada passo, cada vitória da artista. Para se ter uma ideia, até o início da tarde desta segunda-feira, 6, somente o vídeo do discurso de Fernanda Torres publicado no perfil do Golden Globes no Instagram tinha quase 2 milhões de curtidas (a média de curtidas nos vídeos dos outros atores era de 10 mil).

Com a conquista do Globo de Ouro, um sonho, até então visto como inatingível, passa a ser possível, plausível. Pela primeira vez na história, o Brasil tem uma chance real de ganhar um Oscar. Há quem diga que é a segunda, mas sejamos honestos: mesmo com a atuação tendo sido explícita e visivelmente superior à de Gwyneth Paltrow, que levou o prêmio de Melhor Atriz em 1999, Fernanda Montenegro, que concorria na mesma categoria, não tinha chances. Foram necessárias décadas de mudança na mentalidade da Academia para que as chances de um filme de língua portuguesa pudesse, de forma realística, ser cotado como um ganhador do Oscar – e esse é o clima que vivemos hoje.

Se houve tamanha euforia com o Globo de Ouro, não será nenhuma surpresa se, na noite de 2 de março, quando teremos a cerimônia do Oscar, nos depararmos com os bares estendendo seus horários madrugada afora, grupos se reunindo em praças, casas e cafés e fogos de artifícios sendo explodidos no céu em torcida por Fernanda Torres. Este será um Oscar em clima de Copa do Mundo, não há dúvidas. O brasileiro, não só o amante do cinema, está orgulhoso. Nunca foi tão bom ser, verdadeiramente, patriota.

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