A escandalosa invisibilidade feminina na sociedade deveria ser estudo obrigatório nos colégios

Recentemente, viralizou nas redes sociais um vídeo da atriz e escritora Anna Akana. Ela aborda de forma divertida, simulando uma conversa entre dois cientistas (um homem e uma mulher) tópicos importantes do machismo estrutural da sociedade. Os dados, expostos de forma facilmente compreensível, e divertida, alcançaram rapidamente mais de um milhão de visualizações.

O livro Mulheres Invisíveis: como o viés de dados afeta a vida das mulheres, publicado em 2019, explora como o design do mundo favorece os homens e ignora as mulheres. Caroline Criado Perez argumenta que a coleta e a análise de dados priorizam experiências masculinas, o que gera desigualdades que prejudicam as mulheres em diversos aspectos. Esses problemas vão desde diagnósticos médicos equivocados até falhas na segurança em espaços urbanos.

Caroline Criado Perez, autora de Mulheres Invisíveis | Foto: Reprodução

No âmbito doméstico, a análise mostra como a desigualdade na divisão das tarefas não remuneradas, como o cuidado com filhos e as tarefas do lar, sobrecarrega as mulheres de maneira desproporcional. Esse cenário agrava os desafios que elas enfrentam em outras áreas da vida. E saber esses fatos, pode tornar nossa sociedade passo a passo mais consciente. Uma boa forma de disseminar essa informação seria aplicação do tema em provas de vestibular, por exemplo.

Por isso, Invisible Women se torna uma leitura indispensável para quem deseja compreender e enfrentar as raízes estruturais da desigualdade de gênero. A obra não apenas conquistou aclamação global, mas também recebeu prêmios, como o Royal Society Science Book Prize de 2019.

Caroline Criado Perez convida o leitor a agir e a repensar políticas públicas, estratégias de design e metodologias de coleta e análise de dados. Ao longo do livro, ela oferece um caminho para construir uma sociedade mais inclusiva e equitativa.

Absurdos registrados

No trânsito

Modelos de teste masculino, infantil e feminino | Foto: Reprodução

Mulheres têm 73% mais chance de serem gravemente feridas em caso de batida. E estão 17% mais propensas a acidentes fatais. Isso porque até 2011 sequer existiam bonecos femininos para testes. E mesmo hoje a “versão feminina” não imita de fato a anatomia feminina, com as diferenças musculares e ósseas, mas é uma versão menor do boneco masculino.

Na saúde

Apesar de serem 51% da população, até 1993, mulheres raramente eram inclusas em testes clínicos. E até hoje sofrem, portanto, com as consequências de serem invisibilizadas também em pesquisas médicas e testes de medicamentos. Ou seja, as pesquisas mais antigas perderam a oportunidade de descobrir medicamentos que funcionariam para as mulheres porque testaram apenas em células masculinas.

No ambiente de trabalho

O design das ferramentas utilizadas no dia-a-dia, como celulares, também prejudica as mulheres. Afinal, esses objetos são projetados com base no tamanho médio da mão masculina. Além disso, a temperatura do ar-condicionado no escritório foi convencionada em 1960, com base na temperatura média de um homem em repouso. E por isso as mulheres costumam sentir frio. O que pode gerar desconforto e problemas de saúde.

Na história

O que por muito tempo arqueólogos defenderam ser a primeira tentativa de um calendário criado pelo homem, na verdade, hoje acreditam ser uma criação feminina, para as mulheres. O mecanismo feito de ossos conta exatamente 28 dias, o equivalente a um ciclo menstrual completo.

Ainda assim, nada disso deveria surpreender, considerando que Helen O’Connell só catalogou o clitóris em 1998.

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