Saiba as doenças causadas pelo caramujo africano

Infestação de caramujos em Vila Velha: existem diferentes tipos desses animais em diversos ambientes

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Arquivo/AT

Podendo ser encontrados em diversos locais, tanto em terra firme quanto em lagoas, os aparentemente “inofensivos” caramujos na verdade são transmissores de doenças.Existem diferentes tipos desses animais e um bem conhecido é o “caramujo africano”, o qual pode ser hospedeiro de dois vermes que causam meningite eosinofílica e angiostrongilíase abdominal.“Aquela ‘gosminha’ que ele deixa pode ter as fezes por onde saem os vermes invisíveis aos nossos olhos. Além disso, pessoas comem esses animais, sendo esta outra forma de contaminação”, explicou Daniel Gosser Motta, biólogo e mestre em Biologia Animal.O especialista ressaltou que esses animais, na verdade, são caracóis e que eles podem ser encontrados em matas fechadas, restingas, mangues e terrenos baldios.Mas o que fazer se entrar em contato acidental com o molusco?Segundo a médica de Família e Comunidade Taynah Repsold, mestre e doutoranda em Doenças Infecciosas, é essencial lavar a região imediatamente e de forma minuciosa com água e sabão, garantindo a remoção de qualquer resíduo. “Caso apresente sintomas como dores de cabeça, náuseas ou outros sinais, procure atendimento médico”.Além do caracol africano, Daniel disse que caramujos da espécie Pomacea maculata também podem ser hospedeiros dos mesmos vermes. Eles, por outro lado, são encontrados na água doce.Em junho, inclusive, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) emitiu alerta após a confirmação da presença do verme causador de meningite eosinofílica por essa espécie de caramujo coletado na cidade de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Em abril, uma morte havia ocorrido pela doença na região, e, por conta disso, a Secretaria de Saúde solicitou exames nos animais dos arredores.Quem também pode ser encontrado em ambientes aquáticos são caramujos Biomphalaria glabrata, que transmitem o Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose, informou Taynah. “A melhor forma de proteção é evitar o contato com água de lagoas e rios em áreas endêmicas”, disse a médica.Para Luís Henrique Barbosa Borges, infectologista, das doenças transmitidas por caramujos, a que mais preocupa é a esquistossomose. “É negligenciada e temos casos com certa frequência”, comentou.
Fique por dentro Caracóis africanosOndepodem ser encontrados em matas fechadas, restingas, mangues e terrenos baldios. Vivem enterrados e emergem para superfície após as chuvas.PerigosÉ possível hospedeiro de dois vermes que causam meningite eosinofílica e angiostrongilíase abdominal.Os vermes são contraídos com o contato direto com o animal ou indiretamente por onde ele passou.

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Leone Iglesias/AT

Como agirA médica Taynah Repsold explicou que, ao entrar em contato acidental com o molusco, é essencial lavar a região logo com água e sabão, garantindo a remoção de qualquer resíduo.Caso apresente sintomas como dores de cabeça, náuseas ou outros sinais, procure atendimento médico.Por nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que há mais de 20 anos não são registrados casos de meningite eosinofílica por contaminação com caramujos ou lesmas no Espírito Santo.Informou ainda que, ao identificar caramujos, seja em áreas públicas ou dentro de residências, é fundamental acionar a Vigilância Municipal.Caramujos da espécie Pomacea maculataOndeEncontrados na água doce, como lagoas ou fixados às raízes e folhas de macrófitas (plantas aquáticas).PerigosPodem ser hospedeiros dos mesmos vermes encontrados no caracol africano. Transmissão é por contato direto, indireto ou se alimentando deles.Como agirSegundo o biólogo Daniel Gosser Motta, o melhor método de proteção é não os manipular ou consumir, para evitar a chance de poder se contaminar, mesmo sendo muito pequena.Caramujos da espécie Biomphalaria glabrataOndeSão encontrados em água doce, principalmente em lagoas.PerigosTransmitem o helminto trematódeo Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose.Como agirA médica Taynah Repsold explicou que a melhor forma de proteção é evitar o contato com água de lagoas e rios em áreas endêmicas.Além disso, o saneamento básico é fundamental para controlar a proliferação de caramujos e reduzir a contaminação da água.Caramujos Lymnaea columela e Lymaea viatrixOs caramujos de água doce da espécie Lymnaea columela e Lymnaea viatrix também podem transmitir doenças.Eles são hospedeiros intermediários do parasita Fasciola hepática, que causa fasciolíase. Esta pode causar dor abdominal, náuseas, vômitos, urticária, febre intermitente, mal-estar. O verme pode infectar diversas partes do corpo.As doençasMeningite eosinofílicaÉ uma inflamação que afeta as meninges, membranas que envolvem o sistema nervoso central.As larvas migram do trato digestivo para o sistema nervoso central por meio da circulação sanguínea, se alojam nas meninges e morrem.os sintomas podem durar de poucos dias a meses, e os mais prevalentes são: febre alta, dor de cabeça forte e intermitente, sensação de formigamento e queimação.Também pode haver rigidez na nuca e até complicações neurológicas graves.Raramente acarreta óbito, pois a infecção é quase sempre de evolução benigna.Angiostrongilíase abdominalPouco frequente no Brasil, apresenta sintomas semelhantes a uma apendicite. Larvas penetram a região intestinal.É uma doença grave e pode resultar em óbito por perfuração intestinal, peritonite (inflamação da membrana que reveste a cavidade abdominal e os órgãos do abdômen) e hemorragia abdominal.EsquistossomoseVermes se alojam nos intestinos e vias urinárias. Pode matar.Entre os casos graves, os sintomas são hemorragia digestiva e aumento do baço.Fonte: Especialistas consultados e pesquisa A Tribuna.

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