Como a mitologia grega moldou a cultura e inspira novas histórias

A literatura ocidental tem suas bases firmemente assentadas sobre narrativas imortais que atravessaram milênios. Entre elas, A Odisseia e A Ilíada, atribuídas ao poeta Homero, continuam a ressoar na cultura contemporânea, inspirando novas leituras e reinterpretações. Mas o que tornou essas obras clássicas? Como elas sobreviveram ao tempo e seguem influenciando a produção artística de hoje?

Os clássicos da mitologia grega surgiram em uma tradição oral, muito antes de serem registrados por escrito. No período arcaico da Grécia Antiga, poetas e rapsodos viajavam entre cidades, declamando versos que misturavam lendas, feitos heroicos e valores morais. Essas narrativas, portanto, ajudavam a construir a identidade cultural grega, transmitindo princípios de coragem, honra e destino.

Com o advento da escrita, as histórias ganharam forma definitiva e se tornaram referência na literatura mundial. A Odisseia, por exemplo, não é apenas a história de um homem tentando voltar para casa. Na verdade, se trata de uma jornada de perseverança, astúcia e confrontos com o desconhecido.

O impacto dessas obras ultrapassa a literatura. A mitologia grega influenciou o teatro de Sófocles e Eurípides, a filosofia de Platão e Aristóteles, a arte renascentista, e dessa forma, até mesmo a construção do imaginário moderno.

A mitologia grega no mundo pós-moderno

Hoje, esse legado se reflete em uma série de obras que reinventam os mitos sob novas perspectivas. Em Percy Jackson e os Olimpianos, Rick Riordan reimagina os deuses gregos em um mundo contemporâneo, conectando a nova geração a essas narrativas milenares.

As reinterpretações contemporâneas das epopeias gregas revelam não apenas a força desses textos, mas também a capacidade da literatura de dialogar com diferentes épocas. Seja em romances que dão voz a personagens antes silenciadas, como Circe, de Madeline Miller, ou em produções cinematográficas que resgatam e modernizam velhas lendas, a mitologia grega permanece viva. No fim, os clássicos não são apenas sobre o passado, mas sobre como continuamos a contar nossas próprias histórias.

Aqui estão algumas obras recentes que revisitam essas histórias clássicas:

  1. “Circe” (2018), de Madeline Miller – A autora já havia escrito A Canção de Aquiles (2011), mas em Circe, ela dá voz à feiticeira homônima, conhecida na Odisseia de Homero por transformar homens em porcos. O romance explora a jornada de Circe, desde sua infância entre os deuses até sua vida isolada na ilha de Eea, questionando o poder, a solidão e o papel das mulheres na mitologia.
  2. “A Ilha de Pasífae” (2023), de Claire North – Esse livro revisita a história da mãe do Minotauro, Pasífae, que frequentemente é reduzida à sua relação com a besta. North busca dar profundidade à personagem, explorando sua psicologia e o contexto político de Creta.
  3. “A Casa de Pérsefone” (2022), de Rebecca Ross – Inspirado na mitologia grega, esse romance fantástico revisita a história de Perséfone e Hades, mas de uma forma contemporânea, explorando o mito sob uma nova perspectiva feminista.
  4. “Elektra” (2022), de Jennifer Saint – A autora, que já havia escrito Ariadne, volta seu olhar para a mitologia grega ao narrar a tragédia da casa de Agamemnon pelos olhos de Eletra, Clitemnestra e Cassandra. O livro reinterpreta os papéis dessas mulheres na guerra e na vingança, enfatizando suas motivações e dilemas.
  5. “O Silêncio das Mulheres” (2018), de Pat Barker – Reconta a Ilíada do ponto de vista de Briseida, a mulher troiana escravizada por Aquiles. A obra destaca as consequências da guerra sobre as mulheres e os silêncios que as narrativas heroicas tradicionais impuseram a elas.
Odisseu encontra os espíritos do profeta Tirésias e sua mãe Anticlea na Saga do Submundo / Foto: Reprodução

A nova Odisseia

Além disso, no cinema, a obra de Homero também retorna com força em produção de Christopher Nolan. O diretor, conhecido por suas narrativas complexas e visuais imersivos, está produzindo uma adaptação cinematográfica de A Odisseia, com estreia prevista para 2026. Com um elenco estelar e a promessa de uma abordagem grandiosa, o filme promete reacender o interesse por essa história clássica.

O diretor vem de uma sequência de produções bem-sucedidas. Oppenheimer (2023) arrecadou mais de US$ 960 milhões globalmente, tornando-se seu terceiro maior sucesso de bilheteria, atrás de The Dark Knight e The Dark Knight Rises. A Universal Pictures confirmou que o filme estreará em 17 de julho de 2026.

Christopher Nolan / Foto: Reprodução

A Odisseia já foi adaptada para o cinema e televisão em outras ocasiões, como:

  • Em 1911, o filme mudo de Giuseppe de Liguoro foi a primeira adaptação cinematográfica do poema.
  • Em 1954, Kirk Douglas estrelou o longa Ulisses, uma adaptação direta do épico.
  • Em 2000, O Brother, Where Art Thou? reimaginou a história com uma abordagem cômica e satírica.
  • The Return (2024), com Ralph Fiennes, baseou-se nas seções finais do poema para sua narrativa.

Elenco

Quem acompanha os trabalhos do astro, Matt Damon, sabe que ele já colaborou com Nolan em outros filmes do diretor, como Interestelar (2014) e o recente Oppenheimer (2023). Agora, Damon vai protagonizar o novo filme do cineasta como o herói Odisseu. Tom Holland, mais conhecido por ter interpretado o Homem-Aranha nos filmes do MCU, também está no elenco de A Odisseia. Por enquanto, especula-se que o ator viverá Telêmaco, o filho de Odisseu e Penélope, na adaptação. O papel ainda não foi devidamente oficializado, mas o ator está creditado como o personagem no portal IMDb.

Já que falamos de Holland, a atriz Zendaya é mais uma artista confirmada no filme. Conhecida pela série Euphoria, Zendaya ainda não teve seu papel confirmado, mas há boatos de que ela vai interpretar a deusa Atena.

Zendaya e Tom Holland / Foto: Reprodução

Anne Hathaway, que esteve em Interestelar (2014) e viveu a Mulher-Gato em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), também está no elenco de A Odisseia. Especula-se que ela vai interpretar Penélope, a esposa de Odisseu. Mais artistas confirmados em A Odisseia são Charlize Theron (Mad Max: Estrada da Fúria), que segundo uma suposta lista vazada do elenco (via Yahoo) pode interpretar a feiticeira Circe; Lupita Nyong’o (Pantera Negra, Um Lugar Silencioso: Dia Um), que pode interpretar Clitemnestra, a esposa de Agamemnon, líder dos exércitos gregos em Troia; e Benny Safdie (Joias Brutas), que pode viver Agamemnon no longa.

Epic: The Musical

A adaptação musical da Odisseia de Homero, criada por Jorge Rivera-Herrans, teve sua criação documentada pelo TikTok de Jorge. E dessa forma, os clipes das músicas e vídeos do processo se tornaram virais nas redes sociais, com o processo ganhando mais de 60 milhões de visualizações no TikTok em 2021.

Jorge Rivera-Herrans começou a trabalhar no musical por volta de junho de 2019 para sua tese de conclusão de curso na faculdade. Ele queria, desde então, criar um musical inspirado em videogames e animes para “emular seu senso viciante de progressão”. Ele foi fortemente inspirado por essas formas de mídia e as referencia ao longo do musical.

Jorge documentou o processo de desenvolvimento do EPIC por meio das mídias sociais, desde suas ideias iniciais para cada música até o lançamento de cada saga. Seus vídeos no TikTok documentam seu processo conforme ele passa pelas músicas, edita e reescreve em dois anos. Muitas das músicas do musical passaram por extensas reescritas, com algumas músicas sendo cortadas e outras alteradas para se adequar melhor à história e aos personagens. O rascunho final do musical foi concluído em 29 de agosto de 2022.

Colaborção online

Audições de elenco foram realizadas no TikTok e, para esse propósito, instrumentais de trechos de músicas foram lançados para acompanhamento. A primeira audição notável foi para Calypso em abril de 2021, após a qual houve audições para Ares , Penelope , Zeus , Tiresias e mais.

Ao longo dos anos, portanto, a EPIC cultivou um grande grupo de membros do elenco e da comunidade de apoio em várias plataformas de mídia social, incluindo TikTok, Discord, YouTube, Instagram e muito mais. 

De acordo com um artigo de notícias do The Guardian, Jorge e a equipe do EPIC estão em negociações com uma “empresa de altíssimo nível” para fazer um filme de animação e com outra para criar uma versão encenada do EPIC. Três videogames também estão planejados, com dois já em desenvolvimento.

Confira a obra completa legendada:

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