Descoberta de pesquisadores brasileiros pode revolucionar indústria de biocombustíveis

Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) descobriram uma enzima que pode revolucionar a produção de biocombustíveis. Em estudo publicado na Revista Nature na terça-feira, 12, a enzima identificada é capaz de melhorar significativamente a conversão de celulose em açúcar.

A enzima, chamada Cellulose Oxidative Cleaving Enzyme (CelOCE), pode desempenhar um papel essencial na produção de etanol de segunda geração. Esse biocombustível é produzido a partir de matérias-primas que não competem diretamente com a produção de alimentos, como resíduos agrícolas, bagaço de cana-de-açúcar, palha, madeira e celulose.

Como a celulose é resistente à degradação, sua decomposição é um processo difícil e lento, o que dificulta sua utilização na produção de combustíveis e produtos químicos, conforme explicou a Agência Fapesp. No entanto, a CelOCE facilita a quebra das fibras de celulose por meio de um mecanismo oxidativo inédito, aumentando a eficiência do processo de conversão de celulose em até 80%, em comparação com os atuais 60% a 70%.

Essa descoberta representa um grande avanço e pode ser uma oportunidade importante para melhorar o aproveitamento de resíduos e expandir a produção de etanol, especialmente a partir da cana-de-açúcar.

Segundo o líder da pesquisa, Mário Murakami, em entrevista à Agência Fapesp, a enzima age de forma complementar, ajudando outras enzimas a atuarem de maneira mais eficiente. Ele também destaca que a celulose é o polímero vegetal mais abundante no planeta, o que torna a descoberta ainda mais relevante. “Qualquer aumento de rendimento significa muito, porque estamos falando em centenas de milhões de toneladas de resíduos sendo convertidas”, afirmou.

Além disso, a CelOCE se distingue por sua autossuficiência, gerando todos os recursos necessários para sua ação sem depender de processos industriais de modificação. Isso torna a enzima mais sustentável e menos dependente de intervenções externas.

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