Um poema do russo Boris Pasternak em tradução do brasileiro Astier Basílio

Astier Basílio

Hoje (segunda-feira, 10), 135 anos do nascimento de Boris Pasternak. Em sua homenagem, revisei a tradução que fiz de um de seus poemas mais conhecidos.

Desta vez, optei por dispor em octossílabos, o que aproxima ao ritmo do original, escrito em tetrâmetro iâmbico.

Feliz aniversário, Boris Leonidovich.

Poema de Boris Pasternak

(Tradução de Astier Basílio)

Não é legal ser um famoso,

Isto não ergue pedestais.

Não crie arquivos sem repouso,

Tremendo sobre originais.

O alvo da arte é a auto-entrega

Não é o sucesso, a grita louca.

É uma vergonha e nada agrega

Ser ficção no boca-boca.

Tem que viver sem ter disfarce

Viver assim, pois é seguro

Ao amor local acostumar-se

E ouvir as vozes do futuro.

E ponha espaçamento ainda

Na sina e não entre o papel:

Locais, capítulos da vida,

A rabiscar no rodapé.

Mergulhar onde o incerto leva

E esconder lá suas passadas

Como um lugar se esconde à névoa

E nele não se vê mais nada.

E os outros por teu vivo rastro

Irão seguir de forma intensa,

Pra ti, vitórias ou fracassos,

Não tem nenhuma diferença.

Não deixe que um único gomo

Do rosto arranque-se de ti

Mas seja vivo, vivo e como!

Vivo somente, até o fim.

1956

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