ARTIGO: Dignidade na Sala do Conselho

Nos últimos anos, o debate sobre o salário digno ganhou destaque nas pautas sociais e econômicas do Brasil, principalmente por se tratar de um país que, como outros emergentes, apresenta desigualdades econômicas e sociais importantes, crescentes números de problemas de saúde mental – muitas vezes causados por problemas financeiros –, e frequentes casos de descumprimento da legislação trabalhista.

O assunto é relevante e tem amplitude global. Está diretamente alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 8 da ONU – Trabalho decente e crescimento econômico, e tem respaldo e influência positiva de outras iniciativas coletivas, como o Movimento Salário Digno do Pacto Global, e de ações individuais de agências e consultorias especializadas, como a Mercer.

Vamos nivelar um pouco o conhecimento sobre o tema. Embora o termo digno possa ter 216 milhões de definições no Brasil, há um consenso entre especialistas de que o salário digno é aquele que permite ao trabalhador atender necessidades básicas, como alimentação, moradia, saúde e educação, além de proporcionar uma qualidade de vida adequada e com algum planejamento mínimo para o futuro. Sabemos que o salário-mínimo não cumpre esses objetivos.

Debate mais amplo

Diferentemente do salário-mínimo estipulado por lei ou convenção coletiva, que por sua vez deveria cumprir o papel de dignidade, e do salário de mercado, que equilibra oferta e demanda de mão de obra, o que chamamos de salário digno é tão somente uma prerrogativa e decisão das empresas como parte (ou não) de sua filosofia de existência e de remuneração.

Por essa razão, o debate não pode ser relegado a uma questão meramente operacional ou de recursos humanos. Muito pelo contrário. Para que essa agenda se desenvolva, o tema exige a atenção e o comprometimento da alta liderança das organizações, nomeadamente conselho de administração, diretoria e/ou comitês de pessoas e recursos humanos, ainda mais em um ambiente de negócios com pressão por redução de custos, falta de conhecimento sobre a importância do assunto e a resistência à mudança.

Essa atuação exige do topo direcionamentos estratégicos e culturais que espelham o posicionamento das empresas com relação aos temas sociais. Há de ser genuíno o interesse na pauta, uma vez que as ações podem carecer de significantes investimentos financeiros e de tempo dos times de RH e comunicação. É fundamental o engajamento da alta direção.

Além de ser necessário, ético e correto a se fazer do ponto de vista social, o desenvolvimento da pauta pelas empresas traz implicações muito positivas para o ambiente de trabalho, para as empresas e para os profissionais já que pode melhorar a capacidade de atração e retenção, aumentar a produtividade, reduzir turnover e melhorar a imagem corporativa, dentre outros.

Fundamentais para construir um ambiente de trabalho mais justo, saudável e produtivo, o letramento de todos e o investimento pelas empresas em salários mais justos e dignos impulsiona individualmente mais qualidade de vida para as pessoas, e coletivamente uma sociedade mais próspera e feliz.

O chamado: vamos juntos trazer a dignidade para a sala dos conselhos?

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