Os padrinhos políticos e cabos eleitorais continuam parte importante das estratégias de campanha

Colaboração, Bonny Fonseca

À medida que as eleições para prefeito em Goiânia se aproximam, os pré-candidatos continuam a solidificar as próprias campanhas. Neste sentido, as articulações envolvendo os conhecidos “padrinhos políticos” seguem a todo vapor. Fora a presença de cabos eleitorais regionais e até nacionais para poder ajudar a impulsionar a campanha eleitoral.

O fenômeno, que remete a práticas tradicionais e enraizadas na política brasileira, segue firme nos bastidores. Ao mesmo tempo, ainda desempenha um papel crucial na definição de resultados e na dinâmica eleitoral. A influência pode ser observada na forma como as pré-candidaturas se moldam e influenciam as próprias decisões estratégicas.

Sandro Mabel: pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo União Brasil | Foto: Mariana Capeleti

O pré-candidato Sandro Mabel (UB) é “apadrinhado” por ninguém menos que o governador Ronaldo Caiado (UB). Ao mesmo tempo, nomes importantes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em Goiás, incluindo o vice-governador Daniel Vilela e Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, apoiam a pré-candidatura. Além do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB).

Até o momento essa é a candidatura com mais peso político e local. O governo aposta na capacidade de transferência de votos de Caiado, consequência da boa avaliação do governador na capital. O governador ainda ressalta que tem o objetivo de eleger o prefeito de Goiânia, algo que não acontece desde a eleição de Nion Albernaz, em 1988.

Lembrando que Mabel foi o nome escolhido por Caiado para disputar as eleições em Goiânia neste ano. Durante o evento de filiação do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), o governador detalhou a motivação de sua escolha.

“Todos cobram do governador quem é o candidato, mas calma, gente, pelo amor de Deus. Essa não é uma escolha por gosto, parentesco ou proximidade, nós fizemos três pesquisas qualitativas para saber o que a população de Goiânia quer”, explicou Caiado, na época.

Além de Caiado, Mabel e Vilela, o nome de Mabel também recebe apoio de lideranças nacionais do MDB e do União Brasil. Por exemplo, o ex-presidente Michel Temer (MDB); o senador e ex-juiz, Sérgio Moro (UB); o atual presidente nacional do UB, Antônio Rueda; e ainda o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.

Pré-candidata a prefeita de Goiânia Adriana Accorsi | Foto: Alego

Com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o nome da deputada federal Adriana Accorsi é uma das principais apostas do Partido dos Trabalhadores (PT) para as eleições em capitais. Segundo fontes dentro da legenda, Goiânia é uma das grandes cidades brasileiras com mais chances de vitória. Além de Anápolis, com Antônio Gomide (PT).

Por isso, a aposta de Accorsi é nos grandes cabos eleitorais do cenário nacional, incluindo ministros e até o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Inclusive, há um plano para trazer Alckmin para Goiânia para ajudar nas pré-campanha. A ideia é utilizá-lo para buscar proximidade com o setor produtivo e os empresários goianienses.

Até o momento, além de Alckmin, Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também estão cotados para visitar a capital.

Prefeito Rogério Cruz | Foto: Jucimar de Sousa

O atual prefeito Rogério Cruz estava no Republicanos, mas para tentar viabilizar a sua tentativa de reeleição, ele foi para o Solidariedade. A legenda é comandada em Goiás por Denes Pereira, ex- secretário de Infraestrutura de Goiânia. Ele é considerado o “braço direito” do atual gestor, por ser um dos principais aliados políticos.

Cruz ainda conseguiu um endosso do vice-presidente nacional do partido, deputado federal Paulinho da Força que garantiu que o prefeito disputaria a reeleição mesmo após a última operação da Polícia Civil que investiga crimes de fraude em licitações e contratos de compra de luminárias públicas de led e outros materiais.

Fred Rodrigues: pré-candidato a prefeito pelo PL | Foto: Alego

Fred Rodrigues (PL) é outro que deseja utilizar a estratégia dos cabos eleitorais nacionais para a sua campanha. Só que o pré-candidato aposta na união dos apoiadores da direita, principalmente entre os candidatos de cada estado. “A direita nacional é muito unida, já mostramos que temos uma boa relação com os deputados e governadores do PL (Partido Liberal) e da direita no Brasil todo, isso acaba que vai ser natural ter apoio aqui”, explica.

Por exemplo, além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o deputado federal Nicolas Ferreira (PL) esteve em Goiânia recentemente para demonstrar apoio à Rodrigues. A estratégia também é semelhante em Aparecida de Goiânia com o deputado federal e pré-candidato, Professor Alcides (PL).

Já a coordenação da pré-campanha do ex-deputado estadual será organizada pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL). Anteriormente candidato a prefeito, ele desistiu do pleito e assumirá o papel de “padrinho” de Rodrigues, que era o então vice da sua chapa.

Senador Vanderlan Cardoso (PSD), pré-candidato a prefeito de Goiânia | Foto: Agência Senado

O pré-candidato do PSD, Vanderlan Cardoso largou sozinho na pré-campanha e continua somente com o apoio do seu partido, mesmo após algumas baixas importantes de correligionários, como o ex-deputado Francisco Jr., que faz parte da coordenação da campanha do candidato governista.

Nas eleições de 2020 ele foi apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, mas acabou derrotado por Maguito Vilela. Atualmente o senador tem a si próprio e o seu capital político a favor nas disputa pelo Paço Municipal. Vanderlan nunca esteve fora de uma eleição desde 2010, quando disputou o governo de Goiás.

Nas pesquisas de intenção de votos, o senador sempre empata com a candidata do PT e se mantém consolidado, até o momento. A campanha de Vanderlan tem focado sua atenção na análise das pesquisas qualitativas que mostram um cenários mais focal da necessidade e junto com isso carregam o capital político do senador.

No meio político isso tem sido visto como isolamento e que seria problemático durante a campanha, uma vez que não houve aglutinação de apoio de outras siglas e não há outras figuras que endossam o nome do pré-candidato.

Matheus Ribeiro (PSDB), pré-candidato à Prefeitura de Goiânia | Foto: Leoiran/ Jornal

Matheus Ribeiro vai para sua segunda eleição, sendo que é a primeira vez que ele disputa um cargo majoritário. O tucano tem como padrinho político o ex-governador e presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, mas a presença do padrinho não deve agregar a pré-campanha e nem a campanha. Pesquisas mostram que Perillo ainda tem uma alta rejeição em Goiânia.

Ribeiro também conta, a princípio, com o apoio de um expoente do seu partido, a vereadora Aava Santiago. A parlamentar, que é pré-candidata à reeleição, é um bom nome a ser explorado. Ela ganhou destaque nacional na época da transição do governo federal, no final de 2022. Conseguiu estreitar o relacionamento com alguns ministros do governo Lula, como Cida Gonçalves, ministra da Mulher, Aniele Franco, ministra a Igualdade Racial e Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.

Ela também foi uma das vozes mais ativas na oposição ao prefeito Rogério Cruz na Câmara Municipal. A grande questão é se Aava estará engajada na campanha de Matheus, dada a proximidade com o governo Lula e com o PT local

A candidatura de Professor Pantaleão (UP) conta com articulações menores e tem contigo o discurso radical da extrema esquerda encampado pelo seu partido e a própria militância.

Leia também:

Convenções partidárias para eleições municipais começam neste sábado, 20

As estratégias dos pré-candidatos em Goiânia para atrair o público jovem – Parte 2

O post Os padrinhos políticos e cabos eleitorais continuam parte importante das estratégias de campanha apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.