Já não tenho mais meu pai Gastão Cerquinha para abraçá-lo e beijá-lo amanhã, Dia dos Pais. Fez a última viagem há dois anos, em novembro de 2022, sepultado em Afogados da Ingazeira, sua terra e por extensão dos seus nove filhos. Como é bom ter pai. Como mãe, pai é a materialização da divindade.
Eu tive um pai que foi tudo na minha vida: cuidador, protetor, conselheiro e amigo. Passei a vida inteira fazendo declarações de amor a ele, em textos expressando o mais sincero e profundo amor, até, muitas vezes, em versos tortos como na canção de Belchior.
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Foi a figura mais bondosa que conheci. Doce, meigo, fino no trato, suave nas palavras, infinito no verbo amar. Cada palavra conselheira foi fundamental na minha formação. Dele, herdei a vocação para a escrita, a paixão pela política. Gostaria de ter herdado mais coisas: sua paciência, seu traço reconciliador, sua diplomacia, sua generosidade, seu sorriso belo e contagiante.
Quando o mundo escureceu, foi luz. Quando no caminhar me deparei com pedras, me deu asas para voar, com a segurança de saber para onde retornar entre um voo e outro. Como ele faz falta! Faz falta, sobretudo, para enfrentar os momentos de dificuldades, superar a tristeza, as fraquezas.
Não tenho mais o mestre da minha vida! Quem teve um pai como ele, sabe o vácuo impreenchível que se abre na vida. Foi um guia, espelho refletido no cuidar bem cuidado. Se eu pudesse resumir tudo numa história, a melhor história já contada, de um bondoso e amoroso pai, diria que teve um coração de ouro.
Eu ando muito triste nos últimos dias. Também ando cansado e com a alma dolorida. Lá de cima, vejo meu pai dizendo que estou intimado a interromper as dores, a esquecer as mágoas, a adiar as dívidas, a perdoar os outros.
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