A disputa pelo comando das prefeituras do país revelou o crescimento do espectro político de direita, bem como a divisão da influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na direita moderada. Esse cenário de rivalidades entre as direitas se refletirá nas composições e nos nomes que disputarão a presidência da República em 2026. Ao todo, 51 municípios terão segundo turno, entre elas 15 capitais brasileiras.
Das 15 capitais do país que terão segundo turno, 13 terão disputas entre candidatos de direita e centro-direita. Os outros dois embates serão travados entre candidatos de centro-direita contra um nome da esquerda.
Goiás antecede disputa em 2026
No centro do debate entre as direitas está Goiânia. Disputam Sandro Mabel (UB) e Fred Rodrigues (PL), Ronaldo Caiado (UB) e Jair Bolsonaro (PL). A batalha eleitoral travada entre dois nomes da direita, e principalmente, dois nomes que devem disputar as eleições presidenciais antevê o pleito nacional das próximas eleições.
As contendas tiveram início durante a pandemia de Covid-19, quando o governador, médico ortopedista, apostou nas recomendações da ciência para prevenir e reduzir a taxa de infecção da doença no Estado. Por outro lado, Bolsonaro tentava implantar um modelo de imunidade de rebanho sem nenhuma evidência do funcionamento, além da recomendação do uso de cloroquina e outras formas de tratamento sem eficácia.
Embate
Nas visitas que têm feito a Goiás, Bolsonaro tem mirado sua artilharia para o governador. O ex-presidente chegou a utilizar trechos distorcidos da fala do governador na tentativa de vincular Caiado ao PT e minar sua imagem em Goiânia. Em cima do palanque de Fred, Bolsonaro disse que “o União Brasil, aqui do chefe, do rosnador, tem ministério do PT. Quem está com o PT, não tem moral para falar nada”.
A resposta de Caiado veio no formato de crítica a falta de experiência do candidato do PL e comparou Fred à Rogério Cruz (SD), que teve apenas 20 mil votos na tentativa de reeleição. “Goiânia não suporta mais quatro anos com um novo Rogério Cruz no comando da cidade”, disse. Sobre a tentativa de aproximação com o PT, caiado chamou de “canalhice sem tamanho”. “Típico desses falsos políticos de celular. Os mesmos que se escondem nas redes para atacar as pessoas sem nunca ter feito nada pela cidade”.
A preocupação de Bolsonaro com Goiânia tem nome e sobrenome, a disputa em 2026. Após eleger 179 prefeitos da base aliada, o governador e seu grupo tem a chance de emplacar prefeitos nos dois maiores colégios eleitorais de Goiás: Goiânia e Aparecida de Goiânia, e consolidar sua base para o próximo pleito. O receio do ex-presidente fez com que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), viajasse mais de 900 km para fazer campanha à Fred na Capital, que tem o Novo na vice. Zema também é outro que figura como um nome da direita para disputa em 26.
Onde direita e centro-direita disputam
Em Curitiba, no Paraná, a disputa no segundo turno será entre Cristina Graeml e Eduardo Pimentel (PSD). Pimentel é atual vice-prefeito e tem o apoio do governador Ratinho Júnior (PSD). O governador publicou um vídeo nas redes sociais em que pede que Curitiba caia nas mãos de quem “propaga ódio, discriminação e preconceito”.
Jornalista, Graeml ficou conhecida por endossar o uso da cloroquina para o tratamento da doença e questionar a eficácia de imunizantes. Pimentel, por sua vez, precisou se desvencilhar das acusações de pertencer a um partido que ocupa um ministério no governo petista. E tentou driblar denúncias resgatadas pela adversária, como a de que teria cometido assédio eleitoral durante a campanha.
Campo Grande
Na capital do Mato Grosso do Sul, Adriane Lopes (PP), atual prefeita, disputa a reeleição contra Rose Modesto (União), ex-deputada federal. Adriane, com uma gestão voltada à continuidade de políticas públicas locais, enfrenta a proposta de renovação trazida por Rose, que aposta em sua experiência como vice-governadora para conquistar o eleitorado. A disputa aqui reflete uma batalha entre a direita pragmática e a centro-direita que busca se afastar das pautas mais extremas.
João Pessoa
Em João Pessoa, o atual prefeito Cícero Lucena (PP) enfrenta Marcelo Queiroga (PL), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, em uma disputa que coloca em confronto a gestão tradicional de Lucena contra a tentativa de Queiroga de capitalizar seu tempo no Ministério da Saúde. O peso do bolsonarismo será posto à prova, especialmente em uma cidade onde a saúde pública é um tema central, e o eleitorado pode refletir sobre o impacto das políticas do governo federal na área.
Porto Velho
Em Porto Velho, a deputada federal Mariana Carvalho (União Brasil) disputa contra o deputado Leonardo Moraes (Pode), ambos com trajetórias políticas consolidadas. Mariana busca imprimir um discurso de renovação dentro de um espectro conservador moderado, enquanto Moraes tenta se posicionar como o representante de uma direita mais alinhada ao bolsonarismo.
Manaus
A disputa em Manaus envolve David Almeida (Avante), atual prefeito, contra o capitão Alberto Neto (PL), outro nome fortemente ligado ao ex-presidente Bolsonaro. Almeida busca a reeleição com uma gestão centrada no desenvolvimento local, enquanto Alberto Neto tenta emplacar sua segunda tentativa à prefeitura com forte apoio da direita bolsonarista. Manaus, que foi um dos epicentros da pandemia de Covid-19, coloca a questão da saúde no centro do debate eleitoral, com ambos os candidatos sendo pressionados a responder às críticas sobre suas posturas diante da crise.
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