A compensação da vida está em que para cada sonho que se não realiza há um pesadelo que se não concretiza

*Abilio Wolney Aires Neto

A compensação da vida está em que a cada sonho que se não realiza, há um pesadelo que se não concretiza, pensamento que ecoa uma verdade profunda sobre a dualidade da vida, onde tanto os sonhos quanto os pesadelos fazem parte da nossa jornada. Essa ideia de que nem tudo que desejamos acontece, e que às vezes o que parece ser uma perda é, na verdade, um livramento.

Khalil Gibran, em sua obra, nos fala sobre o amor com a mesma intensidade e ambiguidade com que a vida se manifesta. Ele escreve: “O amor pode despedaçar os vossos sonhos como o vento norte devasta o jardim”. Aqui, o amor — e, por extensão, a própria vida — é comparado a uma força incontrolável que, ao mesmo tempo em que nutre e traz beleza, também tem o poder de destruir, de devastar aquilo que nos é caro. No entanto, essa destruição não é o fim, mas uma etapa necessária para a renovação, tal como o vento que, ao quebrar os galhos e despedaçar as flores, abre espaço para que novas sementes germinem e o jardim se renove. O que nos parece ser um sonho desfeito pode, na verdade, estar evitando que algo mais profundo e doloroso aconteça.

Essa mesma visão pode ser vista na passagem bíblica do Horto das Oliveiras, onde Cristo, em um momento de profunda angústia, pede a Deus que afaste o cálice de sofrimento que está prestes a enfrentar e diz: “Não se faça a minha vontade, mas a tua”. A dor e o sacrifício que Ele sabia que estava por vir poderiam ser vistos como o “pesadelo” inevitável, mas Ele entende que sua aceitação desse destino traria um bem maior. Ao aceitar o cálice, se entregava ao processo de redenção, permitindo que, através de sua morte, a humanidade pudesse experimentar a renovação espiritual.

Assim como Gibran vê o vento como uma força que pode tanto nutrir quanto despedaçar, Jesus nos mostra que o sofrimento, quando aceito com confiança no propósito maior, pode levar a uma renovação e transformação profunda. O que parecia ser um sonho despedaçado na vida revelou-se, abre-nos o caminho para a redenção.

As tempestades que enfrentamos, os sonhos que parecem despedaçados, não são meramente perdas, mas partes de um ciclo de renovação. O que não se concretiza pode, na verdade, estar nos poupando de algo pior, e a dor que aceitamos pode nos conduzir a um crescimento mais profundo. Tal como o jardim devastado pela ventania ou o cálice aceito no Horto, há sempre um propósito maior que, embora invisível no momento, nos guia para o florescimento que está por vir.

*Abilio Wolney Aires Neto

Abílio Wolney Aires Neto | Foto: Acervo Pessoal
  • Juiz de Direito titular da 9ª Vara Civel de Goiania.
  • Delegado Adjunto da ABRAME-GO
  • Expositor espírita, ex- Presidente do Núcleo Espirita Casa de Jesus em Anápolis-GO, onde é co-mantenedor com Delnil Batista, o presidente.
  • Co-fundador/mantenedor do Lar de Maria em Dianópolis-TO.
  • Titular da Cadeira 9 da Academia Goiana de Letras, Cadeira 23 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás -IHGG, Membro da União Brasileira de Escritores-GO e de outras Instituições literárias.
  • Graduando em Jornalismo.
  • Acadêmico de Filosofia e de História.
  • Autor de 15 livros de história regional, poemas, crônicas, 3 de Direito. Em ebook inédito: Cristianismo Espírita.

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