Estudo independente indica vitória da oposição nas eleições venezuelanas

Uma contagem de votos independente apoia a alegação da oposição venezuelana de que Edmundo González Urrutia ganhou as eleições de domingo, 28. Segundo dados da plataforma AltaVista, promovida por uma ONG da Venezuela, o candidato opositor teria obtido 66,23% dos votos, enquanto Nicolás Maduro teria conquistado 31,27%.

Especialistas da organização validaram os dados, que também foram checados por estatísticos e cientistas políticos brasileiros com experiência em dados eleitorais, especialmente em contextos não democráticos.

Os dados da AltaVista são parecidos com os divulgados pela líder opositora María Corina Machado. Ela afirma que González Urrutia venceu com 70% dos votos, com base em 84% das atas eleitorais acessadas pela oposição. Se os números estiverem corretos, isso confirmaria a vitória do opositor. No entanto, especialistas e observadores internacionais destacam que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) precisa divulgar as atas para verificar os resultados.

Após mais de cinco horas do fechamento das urnas na Venezuela, o CNE anunciou Nicolás Maduro como vencedor com 51% dos votos, enquanto González Urrutia teria obtido 44%. O CNE não divulgou as atas que poderiam confirmar esses números. Desde então, a oposição tem coletado atas dos centros de votação onde teve acesso.

De acordo com a AltaVista, González Urrutia teria vencido Maduro com uma diferença de 34 pontos percentuais, similar às pesquisas feitas antes das eleições. A margem de erro da ferramenta é de 0,5%.

A estimativa da AltaVista também é confirmada por pesquisas de boca de urna realizadas pela Edison Research, uma consultoria estadunidense. A pesquisa atribui à oposição uma vitória de 65% contra 31% para Maduro.

Antes das eleições, os pesquisadores escolheram aleatoriamente 1.500 urnas de mais de 30 mil disponíveis para coletar dados. Eles evitaram áreas com viés muito forte para chavistas ou opositores, usando dados históricos para identificar padrões e possíveis distorções.

Cada urna foi classificada de 0 a 7, onde 0 era mais opositor e 7, mais chavista. Isso ajudou os pesquisadores a garantir que os dados fossem equilibrados e a ajustar as estimativas conforme necessário.

O plano inicial era usar as informações fornecidas pelo CNE após a contagem dos votos. No entanto, cientes da falta de transparência, os pesquisadores investigaram um chatbot nas redes sociais, onde voluntários poderiam enviar fotos das atas eleitorais.

Esses voluntários, com credenciais similares aos fiscais de partidos, enfrentaram dificuldades em obter todas as atas. A meta era coletar 1.500 atas, mas foram obtidas apenas 971. Cada comprovante possui um QR Code para verificação.

“Temos mais de mil registros, mas apenas 971 foram confirmados. Isso garante a precisão da amostra,” explica Dalson Figueiredo, professor de ciência política na UFPE.

A análise contínua dos dados ajuda a identificar possíveis problemas e ajustar a estimativa. “Com 73% das atas coletadas, os números são bastante confiáveis,” afirma Raphael Nishimura, diretor de operações de amostragem na Universidade de Michigan.

Se o CNE divulgar as atas, a equipe pretende usar cinco testes estatísticos para detectar possíveis fraudes. O método foi usado em eleições anteriores e publicado na revista científica Forensic Science International: Synergy.

Os pesquisadores destacam a transparência do método, que foi registrado na Open Science Foundation e disponibilizado online. Todos os QR Codes e informações associadas estão acessíveis para garantir a abertura do trabalho.

María Corina Machado atualizou os dados, afirmando que as atas mostram uma vitória de González Urrutia com 70% dos votos. “Os números da oposição são muito semelhantes aos nossos,” diz Figueiredo.

Com 73% das atas coletadas, os números são quase definitivos, pois a diferença é grande demais para ser alterada por novos dados.

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