Livro infantojuvenil de Gyovana Carneiro, da UFG, conta a história do criador do piano

Soninha Santos

Especial para o Jornal Opção

Recebi um dia desses um livro que me chamou a atenção, não pelo fato de tê-lo recebido em mãos, como um gesto delicado e gentil da autora, mas mais pelas características que ele apresentava. Primeiramente, é um livro biográfico, com texto fluido, ilustrações vigorosas e diagramado em letra bastão, o que tanto atende crianças em fase de alfabetização. 

É comum se pensar que qualquer “coisa” escrita serve às crianças, ainda vigorando ideias ultrapassadas de que escrever para o público infantil é fácil. De maneira alguma, é bom lembrar e já Monteiro Lobato, no início do século XX, não considerava a criança um adulto em miniatura. Ele via a criança como criança mesmo, viva, ativa e dona das suas vontades.

Outro fato interessante é que o livro conta a história do inventor do piano. Então, o assunto remete à música — e criança e música são partes de um mesmo “ecossistema”. Crianças gostam de música, de ritmo, de movimento. Criança é um ser cantante e dançante.

O livro em questão foi escrito por Gyovana Carneiro, professora de música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente da Sociedade Goiana de Música.

Gostei de saber que alguém, tão altamente graduada e preparada, tenha dedicado parte do seu tempo para escrever um livro sobre música para crianças tão pequenas. Ora, vivemos em um mundo no qual a música, principalmente a erudita, ecoa pouco ou quase nunca nas escolas e mídias e os nossos ouvidos não são sequer ensinados a ouvi-la.

Gyovana Carneiro: professora da UFG, crítica de música e escritora | Foto: Silvio Simões

O livro de Gyovana Carneiro, “O Piano Encantado de Cristofori” (Editora Bailer Books), faz isso. Primeiramente nos faz voltar no tempo, à cidade de Pádua, na Itália, em 1655. Um tempo que o pequeno leitor sequer consegue imaginar de tão remoto que é para os padrões infantis.

A personagem retratada poeticamente na história é Bartolomeo Cristofori, que, menino ainda, desenvolve uma curiosidade singular a respeito de sons e, graças a essa curiosidade, cria um instrumento mágico, o piano, capaz de tocar sons graves e agudos, algo que não se sabia existir, principalmente no tempo do “cravo”.

O livro me fez lembrar de um filme que acho lindo e gosto muito, cujo personagem também conseguia ver, sentir e ouvir música em tudo o que existe, tal e qual a personagem da história. O filme lembrado é “O Som do Coração”, de 2007.

O texto faz a gente pensar e refletir sobre a capacidade criativa do ser humano e se isso pode ser apresentado às crianças, quem sabe essa tenacidade criadora, essa vontade de inventar algo diferente possa ser multiplicada? Vale a dica. E se a gente demonstra que gosta, as crianças vão gostar também.

Soninha Santos, professora de literatura infantojuvenil e crítica literária, é colaboradora do Jornal Opção.

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