O dia em que o argentino Lautaro me revelou o craque Franco Mastantuono

Estive na Argentina, entre abril e maio, para a Feria del Libro de Buenos Aires, que funciona na Rural — o parque de exposição pecuária da cidade, localizado em Palermo. A feira é de alta qualidade, com livros editados no país, no Chile, na Espanha, no México. O único problema são os preços — muito elevados. Uma obra alentada — que Brasil custaria cerca de 150 reais — é vendida por 250 reais. Nos stands, da Livraria Cúspide e da Waldhuter, observei as pessoas comprando sobretudo no cartão de crédito. Compras parceladas (há lojas na capital da terra de Mariana Enriquez aceitando pix).

As pessoas, mesmo as que apoiam o presidente Javier Milei, reclamam do custo de vida. Todas, à esquerda e à direita, dizem não entender o fato de que, se a inflação está caindo, o custo de vida permanece tão alto.

Em cafés — que são muito bons — e restaurantes, quando percebiam que eu era brasileiro, falavam logo de futebol. Neymar não é unanimidade no Brasil, por causa de suas contusões frequentes e amores a granel. Na Argentina, pelo contrário, é admirado. Comparam-no ao deus local — Lionel Messi. Às vezes, argentinos ressalvam que o craque da seleção brasileira “tem a cabeça no lugar”.

Num café, onde se come medialuna e croissant de qualidade, por um preço acessível, conversei com o garçom Lautaro (sim, o mesmo nome do argentino que joga na Inter de Milão). Simpático, de fala fácil e falando devagar, o torcedor do River Plate elogia Neymar. “Um craque”, diz. “Do quilate de Messi”.  Ressalta que os dois são “amigos”.

Digo a Lautaro que tenho simpatia pelo Boca Juniors, um time mais do povão do que o elitizado River. Lautaro contesta: “Há muitos pobres que torcem para o River”.

Quando digo que fui ao estádio do Boca, o La Bombonera, Lautaro sugere que eu visite o Monumental de Núñez. “Agora, como sabe [eu não sabia], o estádio, por razões comerciais, ganhou novo nome — Estádio Mâs Monumental — e ficou bem mais amplo. É o maior da América do Sul”, orgulha-se.

Pergunto a Lautaro: por que a Argentina não produziu um novo Maradona ou novo Messi? Lautaro responde com uma pergunta: “Então, você não está sabendo? O River tem um craque, Franco Mastantuono, de apenas 17 anos”.

Tento entender o nome, Mastantuono, e Lautaro ri de minha pronúncia. “Fale mais devagar. É Mastantuono. O pibe joga demais. Logo será vendido a algum time da Europa, talvez da Espanha.”

Lautaro informa que meio-campista fez um belo gol recentemente. De falta, salvo traição da memória. Quando estou saindo do restaurante, Lautaro diz: “Não se esqueça do Mastantuono. Ele dará o que falar nos próximos meses e anos”.

Lautaro sabe das coisas. Na semana passada, o Real Madri, um dos melhores clubes da Espanha, ao lado Barcelona, seu arquirrival, anunciou a contratação de Mastantuono por 288 milhões de reais (45 milhões de euros). A “joia argentina”, como o menino é chamado, mudará para a Espanha em agosto, quando completará 18 anos.

Li, no “Lance!”, que Mastantuono estava sendo disputado por vários clubes europeus, como o Paris Saint-Germain, que chegou tarde. Ou melhor, o menino-craque optou por jogar no Real Madri.

Por jogar muito bem, com a habilidade e a visão de jogo de Messi, Mastantuono — não o chamo de Franco por motivos óbvios, quer dizer, por causa do Francisco, o generalíssimo da Espanha — já está sendo convocado para jogar na seleção da Argentina.

Lautaro, gracias por te me falado de Mastantuono. Dale!

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